Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
29/02/2016 23h59
JULGAMENTO E APROVAÇÃO

            É tão raro encontrar alguém que nos ame do jeito que somos quanto encontrar alguém que ame a si mesmo plenamente. Eu, particularmente, posso dizer aqui que ainda não encontrei ninguém com esse perfil em toda a minha vida. Nem minha mãe que me deu a luz, nem a minha avó que me educou, nem minhas diversas companheiras, fixas ou fugazes que tive pela vida afora. Talvez, quem tenha chegado mais perto tenha sido a minha mãe, eu sentia um tanto disso nela, mas lembro que chegava momentos que a vontade dela se defrontava com a minha vontade de forma firme, exigindo que eu também fosse firme, para mostrar que minha forma de pensar era diferente.

            Essa aprovação do que pensamos e do que fazemos, depende do julgamento que é feito pelos outros. Também estamos sempre a nos julgar e isso muitas vezes tem a força de reduzir a nossa vida, muito mais do que qualquer doença. Podemos viver uma vida acanhada porque o nosso julgamento aceita o julgamento dos outros sobre nós, passamos então a nos inibir e a viver a vida como os outros querem. O julgamento que fazemos sobre nós mesmos e sobre o que as pessoas julgam de nós, pode sufocar nossa força vital, nossa espontaneidade e nossa expressão natural.

            Quando aprovamos uma pessoa fazemos um julgamento sobre ela, assim como quando a criticamos. O julgamento positivo magoa menos do que a crítica, mas não deixa ser um julgamento, e podemos ser prejudicados por ele de maneiras muito mais sutis. Isso pode nos levar a buscar sempre a aprovação dessa pessoa que nos julgou positivamente, e isso leva a uma atenção redobrada, perdemos assim o nosso lugar de descanso íntimo, o nosso santuário, pois aquela pessoa que nos julgou positivamente pode não gostar e mudar a sua opinião sobre mim. Então não importa, quer seja uma crítica ou um julgamento positivo, devemos permanecer sempre focado nas diretrizes básicas de nossa consciência.

            Todos os julgamentos que levam a uma aprovação, nos deixa incertos quanto a quem somos, a verdade do que fazemos, qual o nosso valor real. Isso pode acontecer tanto com a aprovação que recebemos dos outros, da que damos a nós mesmos e a que oferecemos aos outros. Não se pode confiar na aprovação, ela pode ser retirada a qualquer momento, não importando qual tenha sido nosso desempenho no passado. Ficar esperando essa aprovação para nutrir a nossa evolução, equivale ao algodão doce para nutrir o nosso corpo. Um monte de açúcar dispostos como um emaranhado de fios que se dissolve sem consistência ao simples toque da saliva. E mesmo assim a maior parte da humanidade passa a vida em sua busca.

            Muita energia é gasta no processo de consertar e rever a mim mesmo. Isso é positivo, quando orientado para ser feita essa reforma íntima baseada nos princípios que minha consciência considera como corretos, sem deixar que o julgamento dos outros interfiram naquilo que acredito ser mais importante para mim. Este é um trabalho cognitivo importante, pois também devo seguir a lei do Amor, de amar ao próximo como a mim mesmo. Isso implica que devo respeitar o próximo assim como quero ser respeitado.  Vejo assim que o julgamento sempre vai existir, faz parte do meu senso crítico que justifica o meu livre arbítrio. Quando estou agora fazendo esse texto com toda essa argumentação, nada mais é do que um julgamento do que faço e penso e assim eu expando em direção aos outros. Então, como determino o núcleo dos meus pensamentos para não correr o risco de me prejudicar ou alguém?

            Foi nesse ponto que a absorção do conteúdo dos livros considerados divinos, tanto do ocidente quanto do oriente, fez a minha consciência aceitar como importante o Amor puro, incondicional, como a maior força do universo, que eu deveria respeitá-la e cumprir os seus princípios acima de qualquer outra instância, psicológica, fisiológica, religiosa ou cultural. Existe dentro da lei do Amor todos os cuidados para não prejudicar ao próximo, mas, pelo contrário, de ajuda-lo nas suas dificuldades, assim como fui ajudado.

            Portanto, o meu julgamento estando dentro da lei do Amor, jamais irá prejudicar a ninguém, nem a mim nem ao próximo.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/02/2016 às 23h59