Durante a reunião da AME-RN que participo todas as terças feiras, respondi de forma arrogante ao nosso coordenador que flava sobre o comportamento de Deus e eu defendi com muita prepotência que Deus permitia que acontecesse tudo que há no mundo, de bom e de ruim. Depois fiz uma reflexão e vi que meu comportamento não foi harmônico dentro do grupo e que merecia uma reparação. Por isso desenvolvi o texto abaixo para possivelmente apresentar aos amigos.
Inicialmente peço desculpas, pois o que vou ler agora poderia ser falado sem a ajuda das linhas. Acontece que eu já reconheci dentro de mim, como um dos aspectos do autoconhecimento, que tenho deficiência na exposição do meu pensamento quando se depara com um pensamento contrário. Logo a emoção toma conta do meu psiquismo e a conduta de harmonização, tolerância, humildade e compreensão, que tanto desejo manter em minhas atitudes, se perde indiscutivelmente. Já aconteceu isso em várias ocasiões, e sempre vem à minha consciência o arrependimento pela minha falta de controle emocional. Como mecanismo de defesa, procuro ficar a maioria das vezes calado, mesmo quando imagino que o meu pensamento possa ser o mais correto. Mesmo sendo atacado em algo que eu imagino que fiz correto, eu prefiro ficar calado, sem colocar meus argumentos, pois sei que a emoção será despertada e a harmonização será perdida entre mim, o interlocutor e as demais pessoas presentes que possam tomar partido por um ou outro lado. Sei que esse meu comportamento talvez esteja errado, pois no cristianismo primitivo sempre havia conflitos entre os primeiros seguidores do Cristo. Lembro da discussão ferrenha que aconteceu sobre a dispensa de realizar a circuncisão aos gentios, levada por Paulo e contestada por Tiago (se não me engano) e que fez Pedro agir como juiz para evitar uma possível divisão dentro de um grupo tão próximo dos ensinamentos de Jesus. Pois, então, se um tal grupo tão bem preparado pelo próprio Mestre correu o perigo de se dividir por meio de uma discussão desarmônica entre eles, quanto mais uma discussão provocada por mim dentro de um grupo tão carente de preparo espiritual da estirpe do que o Cristo ensinou como nós.
Fiz todo esse preâmbulo para me justificar do que ocorreu na primeira semana deste mês, promovido por mim. Não respeitei os meus cuidados e contestei de forma jocosa os comentários do nosso coordenador sobre o comportamento de Deus. Logo num assunto tão amplo e de, parece, impossível conclusão, eu venha a colocar opinião contrária de forma prepotente, arrogante, como se tivesse certeza do que estou dizendo. Por mais compreensão que eu tenha que determinado atributo de Deus seja assim ou assado, eu não posso usar tal argumento para desafiar ou constranger alguém, quem quer que seja, muito menos alguém que está imbuído de todo corpo, alma e coração em transmitir para nós um conhecimento que nós iríamos gastar muito mais tempo para obtê-los sozinhos; alguém que já foi meu professor na Universidade e que continua a me ensinar no campo espiritual; alguém que já tem o certificado do tempo de trabalhos realizados ao seu redor, dos mais variados matizes, quer seja acadêmico, político, cultural, comunitário... e espiritual! Afinal, o seu mentor, Craveiro Bento, tem mostrado para nós texto da mais bela espiritualidade. Então, vem eu, um aluno que está iniciando agora nas lides espirituais, trazido por suas mãos caridosas, contestar dessa forma os seus ensinamentos. Sei que eu poderia contestar de outra forma, poderia usar o método socrático, mas a minha impulsividade leva logo minhas palavras para o confronto e para a geração de desarmonia.
Este foi o motivo de escrever este texto, impulsionado por minha consciência que obrigou ao meu ego arrogante de eu tentar reparar o mal que eu fiz. Sei também que esse “mal” que eu fiz não é tão extraordinário, a nível da cultura local, para que eu faça tamanha retratação, mas eu não estou dentro da cultura local. Estou dentro da cultura cristã, iniciada por Cristo há milênios e continuada na atualidade pelo Consolador. E dentro desta cultura o mínimo agravo à figura de uma pessoa, quanto mais a figura de um mestre, é um grande abuso e distorção da lei que quero seguir.
Portanto, meus amigos, tenham paciência comigo, porque tento evitar com meus silêncios, meus destemperos; às pessoas da minha intimidade, tenham paciência pelas minhas ausências, pois quanto mais tento semear na seara do Senhor, mais me afasto presencialmente; e aos meus mestres, em particular, quero pedir desculpas pelo meu comportamento de escorpião, de ferir a mão de quem quer me ajudar; enfim, quero pedir a Deus paciência para todos que convivem comigo pois quero ser tão certo e me descubro tão errado, e quero agradecer pela oportunidade que Ele me deu de ter ao meu lado pessoas tão bondosas a ponto de ajudar e amar a pessoas tão difíceis quanto eu.
PS – Estou em dúvida se deverei apresentar esse texto na próxima reunião... Vou combinar com Deus para Ele me orientar, não quero complicar ainda mais a situação e também não quero deixar passar uma oportunidade de corrigir um erro que cometi. Se o Pai permitir que as mesmas pessoas que estavam presentes naquela reunião, voltem a estar presentes em qualquer reunião dentro deste mês, é porque eu devo apresentar o texto, caso contrário apenas publicarei neste diário, como sempre faço com minhas experiências mais significativas.