Sonhei que encontrei com uma colega que trabalhava comigo no Campus Universitário, muito querida, mas que nos distanciamos porque fui trabalhar em outro setor da UFRN, no Hospital Universitário. Estava indo comprar alimentos na cantina do Setor de Biociências, caminhando por uma trilha construída pelos passos constantes dos interessados, por meio do mato rasteiro e dos montes de areia. Ela ia na mesma direção, talvez com o mesmo objetivo, quando eu a vi e chamei a sua atenção. Ela me olhou com dúvida no olhar e percebi que ela não me reconhecera. Notei que ela procurava na sua memória o meu nome, a minha história dentro da história dela, pois ela também sabia que eu era uma pessoa conhecida. Nesse meio tempo passava pelo mesmo caminho estudantes que a conheciam e que podiam também me conhecer. Ela provocou alguns deles procurando saber se me conheciam. Os jovens também procuravam nas suas memórias, mas não encontravam o que procuravam. Disse então para minha amiga que não importava que os rapazes me conheciam ou não, pois o meu foco era na compreensão do que acontecia com a memória dela. Dei algumas dicas sobre quem eu era e também disse que esse momento era importante para a gente como se fosse um trabalho prático. Nós somos considerados experts na área psicológica, já trabalhamos juntos na área básica, da fisiologia humana, ensinávamos sobre as funções superiores do cérebro e também fazíamos pesquisas nessa área. Então, o que estávamos presenciando, ela na condição de procurar uma memória que sabia que existia, e eu na condição de dar as dicas necessárias para que o caminho para que a memória pudesse ser evocada fosse alcançado. Eu sabia que ela tinha a minha memória registrada, disso eu não tinha dúvidas. Sabia que se eu dissesse algo, próximo ou distante no tempo, ela encontraria o caminho com certeza. O meu trabalho era dar as dicas que pudesse levar ao caminho da evocação, mas que não pudesse ser tão forte a ponto de ser inevitável. Eu teria que dizer questões superficiais, de nossa vivencia em comum e sentir como a cognição dela trabalharia para encontrar o caminho. Esse foi o dilema que estava em minhas mãos e a proposta de trabalho que lancei para a minha amiga, de estudarmos o fato estando cada um de nós em campos diferentes: ela seria o cobaia que eu, como cientista, estimularia para ver como seria alcançado o objetivo de evocação da memória lançando informações pertinentes.
Este sonho ficou diretamente relacionado com um duplex, tipo de palavras cruzadas, que eu comecei a fazer ontem à noite e conclui hoje pela manhã. O enunciado do duplex era o seguinte: “As coisas mais importantes da vida não são guardadas em cofres ou registradas em cartório, são guardadas no coração e registrada na memória.”
O que querem dizer essas coincidências? Uma mensagem cifrada do Pai? Será que o sonho foi motivado pelo meu inconsciente que já percebera o sentido do duplex antes de eu termina-lo e gerou o sonho com base na memória? Mas, por que trouxe essa revelação de que as coisas importantes da vida não são guardadas em cofres, mas sim no coração e na memória? Devo fazer agora uma relação de tudo isso com a minha vida atual?
Que estou fazendo na vida? Merece o que eu faço ser registrado na minha memória e coração, assim como na memória e coração de quem convive comigo?
Lembro que cheguei hoje em casa tarde, mais de duas horas da madrugada. Estava na festa de aniversário de uma pessoa amiga, cuja família sempre está em conflitos. E a festa foi uma perfeição, com a participação de todos os principais personagens. Sei que a minha participação de alguma forma foi a causadora desses conflitos, não por eu ter agido por maldade com ninguém, mas pelos preconceitos culturais e religiosos terem ficado contra o meu posicionamento frente a elas. Durante o convívio que passei a ter com elas, mostrei a importância de ser verdadeiro, de respeitar a condição de pai e mãe, mas que devemos priorizar a nossa própria vida perante o mundo e os companheiros que aceitamos para dividir a vida, trabalhando os nossos talentos para dar a Deus muito mais do que Ele nos ofertou quando nos criou, como na parábola dos talentos que Jesus ensinou.
Então, enfim, cheguei a uma conclusão: foi uma mensagem de Deus diretamente para mim, dizendo que eu estava aprovado nesse relacionamento, pois o que eu estava fazendo não precisa ser guardado no cofre ou registrado em cartórios, mas está sendo guardado no coração de cada uma daquelas pessoas que também convivem comigo.
Agora, sinto-me agradecido a Deus por Ele ter me colocado nos seus trilhos e ter me dado forças para permanecer neles.