Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/04/2016 23h59
AUTODESCOBRIMENTO (4) – PROBLEMAS DA EVOLUÇÃO

            Ao observar a Natureza no ponto de vista materialista, dos olhos físicos do meu organismo, vejo que existe uma passagem do tempo e que isso causa alterações em tudo ao redor. Lembro através de retratos que já fui uma criança um dia, capaz de ser retratado sem roupas, sem nenhum constrangimento, e hoje o meu corpo não tem nada a ver com aquele corpo de 60 anos atrás. Esse processo que o tempo promove e que atinge a tudo e a todos é chamado de evolução.

            Podemos ver com clareza esse processo evolutivo quando colocamos uma semente no solo e deixamos a terra fazer compressão sobre ela. Logo veremos a semente desabrochar, os fatores internos são despertados, existe a transformação celular com rapidez, as folhas surgem juntas com todos os outros determinados elementos que intumescem e a vida assim desata, e se repete o processo vezes sem fim, causando cada pequena alteração num momento, uma grande alteração ao longo do tempo.

            Da mesma forma que acontece com a planta, também acontece conosco, um organismo humano bem sofisticado. A semente representada pela união do óvulo com o espermatozoide é depositada no interior do útero, que vai intumescer, crescer, até a vida ser desatada dentro do útero e expulso para a luz exterior. Também essa repetição ininterrupta nesse processo biológico, vai levar pequenas alterações à grandes transformações, desde que sejam viáveis biologicamente.

            Essa repetição que cada ser humano apresenta nas diversas reencarnações que ele irá processar, sempre vai deixar na mente mascas positivas ou negativas de comportamentos realizados. A partir daí podemos considerar as atitudes fracas e fortes. Atitude fraca é aquela que o indivíduo se deixa envolver em comportamentos que buscam o prazer ou fugir das dificuldades inerentes ao crescimento, como por exemplo o uso abusivo de drogas. Atitude forte é aquela que se comporta com firmeza no enfrentamento das dificuldades, sem procurar nenhum tipo de muleta, principalmente as drogas.

            Com essa compreensão, vamos observar que cada pessoa é o resultado dos seus próprios atos, recebe para si o patrimônio de si mesmo. Deve ser observado as diversas opções que surgem na marcha da vida, avaliar e escolher aquela mais condizente com a evolução saudável em direção ao Pai. Não há espaço numa atitude como essa a possibilidade de transferência de responsabilidade. O indivíduo tem a consciência que toda decisão parte do seu livre arbítrio e teve ter a hombridade de ser responsável pelas consequências.

            Além da influência genética biológica, temos a influência genética espiritual que é da maior importância. O espírito, através do perispírito, vai insculpir situações orgânicas ou psíquicas, constritoras ou não, ao corpo que está se formando, de acordo com suas experiências prévias. Os estímulos ou métodos corretivos, a educação, são importantes para o aprimoramento do espírito, e consequentemente do corpo

            Observamos assim que, da mesma forma que o corpo evolui a partir da semente do óvulo, a humanidade enquanto espécie também está evoluindo. Passa por diversos tipos de estímulos, após despertar os valores em direção a aquisição da angelitude.

            Podemos montar o quadro da evolução espiritual que vai da animalidade à angelitude da seguinte forma: 01. Insensibilidade inicial; 02. Sensibilidade; 03. Instinto; 04. Razão; 05. Intuição; 06. Moral; 07. Interação com a mente cósmica de Deus.

            No predomínio da animalidade está a materialidade, influência maior da Lei de Causa e Efeito, ignorância, irresponsabilidade, instinto e empirismo. No predomínio da angelitude está a espiritualidade, a influência majoritária da Lei do Amor, conhecimento, responsabilidade, sabedoria e razão.  

            Vamos observar que nesse contexto evolutivo o sofrimento é fator de aprimoramento, de instrumento para a evolução humana. O autoconhecimento é importante para o adestramento de nossa condição animal, para superar o mal e sintonizar com o bem. Lembremos da frase de Emanuel: “Quando a dor te visita, reflete-lhe a mensagem. Não há sofrimento sem significação.”

            As dificuldades naturais para superar a condição animal são o medo, a lamentação, o transformar do instrumento de aprendizagem em flagelo, tornar-se desventurado, rebelde desanimado, negar-se à luta e procurar a autodestruição. Devemos superar o sofrimento, entender que o espiritismo alinhado com o pensamento de Jesus, tem como proposta fazermos da dor e das dificuldades um desafio para aprendermos, para amadurecermos, para avançarmos mais dentro desse processo de evolução.

            Quando o indivíduo está frágil de valor moral, não consegue fazer o devido enfrentamento do sofrimento. Daí surgem os transtornos depressivos, os transtornos de bipolaridade e os transtornos de dependência. Joana de Angelis já dizia que “ninguém tem o destino do sofrimento. Ele é o resultado da ação negativa, jamais a causa!”

            Assim, a geratriz do sofrimento passa a ser o cultivo do próprio sofrimento pela pessoa afetada. Esse indivíduo passa de uma dificuldade para outra de forma rápida, e termina sendo vitimado por egoísmo, auto piedade, orgulho, arrogância, intolerância e prepotência. Mesmo reconhecendo tudo isso, devemos seguir uma das mensagens de Chico Xavier: “Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o sofrimento: não julgar, definitivamente não julgar a quem quer que seja.”

            O sofrimento se torna o aguilhão que nos impulsiona para a correção de erros e evoluir para o bem. Cada vez que isso acontece, que não há mais necessidade de corrigendas, o sofrimento vai se atenuando até desaparecer por completo, quando atingirmos o ideal grau de pureza. Acontece que muitas vezes parece que o sofrimento estaciona, não evolui, não se dissipa. Quando observamos a manutenção do sofrimento nesse estágio de paralisia que parece não trazer benefício ao indivíduo, é porque essa pessoa não quer enfrentar o problema, reconhecer que é dependente químico, por exemplo. Não quer solucionar o seu problema com o próprio esforço e fica à espera da ajuda externa, às vezes de uma medicação milagrosa. Em outras situações se considera imune à dependência química, acha que todos podem adoecer, com exceção dele que é imune, nega que a doença está evoluindo dentro dele. Os problemas que acontecem com o dependente químico, com as pessoas ao redor, ele sempre transfere para alguém, nunca ele reconhece ser o autor de um problema. Adia as soluções que podem lhe ajudar, ignora o problema e chega até a ignorar-se, não reconhecer os problemas ao seu redor causados por ele mesmo. Cultiva a ilusão de que é uma pessoa saudável, livre e feliz. Não percebe que a sua vida está inundada de problemas, que infelizmente não são diagnosticados nem aceitos por sua consciência. É como aquela reflexão que circula na internet: “A agua inteira do mar não pode afundar um navio, a menos que ela invada seu interior. Da mesma forma, a negatividade ou os vícios do mundo não pode te derrubar... a menos que você permita que eles permaneçam dentro de você.”

            As pessoas podem se tornar elas mesmas o problema, quando não solucionam os pequenos desafios, quando transformam o sofrimento como impedimento e não mecanismo de evolução, quando é consumido pelos desequilíbrios íntimos, e quando a psique é invadida por esses desequilíbrios. Lembrar sempre que o que faz o espírito sofrer e ter problemas é o mal direcionamento do seu livre arbítrio.

            A postura correta quanto ao sofrimento é considerar-se humano, que pode errar, mas não permanecer no erro. É não pensar que é um ser incólume, especial. É reconhecer que a evolução em qualquer ambiente sempre ocorre com erros e acertos. Mas com a responsabilidade de, quando errar, corrigir, e quando acertar reconhecer que deu um salto na evolução.

            Depois de todas as instruções colocadas até este momento, vem a pergunta prática: como transformar o problema em solução, como reconhecer que o sofrimento é instrumento para a minha evolução? Isso implica em desenvolver terapias e métodos, como a reflexão, o diálogo, ser honesto consigo e com o outro, amar e confiar, ter uma meta e avançar em direção a ela. Fazer esforços constantes para identificação dos próprios limites e a ampliação deles. Não ter ou ser problema na própria trajetória.

            Tenhamos a humildade e confiança de pedir a Deus: luz para clarear o caminho, forças para resistir ao mal, a assistência dos bons espíritos, bons conselhos, fé confiança e fervor.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/04/2016 às 23h59