Este caso teve início em 25-09-15, quando a irmã me procurou e pediu para eu atender. A paciente ABC veio à consulta e dizia que tudo começou em 06-07-15, há cerca de três meses. Relatava que ficava sempre em casa e que somente saiu agora para essa consulta. Sentia insegurança e que sofreu assalto, mas acredita que não tenha relação com sua atual condição clínica. Fica pior em situação de aglomerados humanos, tem medo de entrar em supermercados. Diz que ficava uma semana sem usar medicação e que acredita que tenha desenvolvido uma fobia social. Fez exames para descartar possíveis doenças físicas, e foi detectado alterações na área renal.
Foi prescrita uma conduta medicamentosa e no dia 29-10-15 voltou ao consultório dizendo sentir-se bem, que estava trabalhando e tomando medicação.
Nesta data a paciente me procurou novamente com medo da crise que sofrera antes voltar a se repetir. Autorizei uma consulta de emergência depois do atendimento dos pacientes agendados.
A paciente explica que não sabe o que está acontecendo, que sua vida está voltando a se transformar. Não para de chorar durante toda a entrevista. Diz que desta vez vai procurar ser honesta e seguir a conduta terapêutica medicamentosa, pois nas outras ocasiões ele rejeitou usar os fármacos.
Diz que sente uma culpa muito grande, algo assim. Fala do seu relacionamento tumultuado do qual gerou uma filha. Que resolveu se separar e essa pessoa mostrou todo o grau de malignidade que possui, quando sentiu que ela não voltaria mais para ele. Chegou a lhe agredir fisicamente e ela teve que denunciá-lo à polícia. Mas, como reavaliou a situação, que o pai da sua filha iria ser preso, ela foi à delegacia e retirou a queixa. Agora ela reconhece que fez errado, que deveria ter deixado a justiça seguir seu curso.
Também se envolveu com outra pessoa e chegou a pensar que estava grávida. Essa pessoa ao receber a notícia de uma possível gravidez, mostrou-se indiferente, o que fez ela se sentir ruim mais uma vez.
Foram esses os motivos que ela colocou para tentar justificar a sensação de culpa, de menos valia, de preocupação com possíveis doenças que tenha adquirido, que ninguém queira dizer para si o que é, e que ela tem contaminar quem estar ao seu redor, principalmente a filha que já tem os seus problemas pessoais.
Prescrevi um remédio para ela usar em baixas doses, para aliviar sua ansiedade e não comprometer a capacidade de trabalho. Como ela tem dificuldade de procurar um psicólogo para fazer a psicoterapia, de colocar seu problema para outra pessoa, por ter desenvolvido confiança em mim, combinei que ela poderia me acompanhar nas diversas atividades que realizo na comunidade, pois sempre estou abordando temas psicológicos que podem ser útil para ela fazer a reflexão. Também deixei o e-mail para conversar com mais frequência, já que não tenho disponível para realizar a psicoterapia.