A Natureza possui as suas leis que são aplicadas a todos, em todos os momentos, em todo lugar. A Natureza pode ser vista como a expressão mais objetiva que temos de Deus. Dentro dos automatismos das leis existe um planejamento técnico na dimensão astral voltado para a nossa evolução. É esse planejamento que dirige as reencarnações comuns, promove as afinidades ou os desajustes, conduz as realizações ético morais e corrige as imperfeições que nossas falhas de caráter provoca nas diversas vivências que cumprimos.
As primeiras experiências que iremos ter na nova vivência, no corpo de uma criança, visa facilitar a fraternidade, ampliar o círculo de afeições, o estabelecimentos de reencontros, as realizações dignificadoras e as retificações impostergáveis. Os primeiros conflitos que iremos ter serão dentro do lar, no choque doméstico com ideias e interesses diferentes, preferências e repúdios antagônicos, entendimentos contraditórios e reações familiares.
A infância corporal vai produzir impactos negativos quando na historiografia do sujeito não se observa o afeto no lar. Surgem as enfermidades orgânicas e psicológicas e quando o agravo pretérito é severo vai ser observado anomalias genéticas, como uma forma de expiação compulsória.
No Livro dos Espíritos, questão 262-A, vamos observar essa lição, que o retorno à vida corporal obedece a um planejamento reencarnatório: “Deus sabe esperar, não apressa a expiação. Todavia, pode impor certa existência a um espírito quando este pela sua inferioridade ou má vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.”
A consciência individual deve evoluir para a consciência cósmica, a consciência de Deus, através do equacionamento das dúvidas e a compreensão das responsabilidades. É como a Politéia defendida por Platão, onde a consciência cósmica, o infinito, estaria conectada com todas as consciências individuais finitas das pessoas, que se relacionam harmonicamente umas com as outras, em perfeita sintonia. Umm retrato diferente do que será o Reino de Deus.
O ser consciente deve ser um indivíduo livre, realizador do bem e ter uma meta apropriada para a sua própria plenitude como também para a plenitude da humanidade. É como dizia Henry Bergson, na sua “Evolução Criadora”: Para um ser consciente, existir consiste em mudar, mudar para amadurecer, amadurecer para se criar a si mesmo, indefinidamente.
O entendimento dessas circunstâncias, esse autodescobrimento, leva o ser para o crescimento interior, a constante vigilância, o despertar do potencial e ele deve aproveitar os diversos estímulos que chegam à sua consciência para promover realizações.
Mas, se o indivíduo não tem essa compreensão e vive na ignorância, vai obedecer sem crítica aos automatismos corporais, permanecer adormecido quanto o sentido da vida, ignorante dos deveres e compromissos, e se torna instrumento de sofrimento pelo desenvolvimento de doenças físicas e psíquicas.
A reencarnação serve para estimular a afetividade plena, o crescimento espiritual, o auto aprimoramento, a aquisição do amor, e o encontro com o Deus interno. Assim, a finalidade da reencarnação seria proporcionar ao Espírito a evolução através da matéria, aprendendo o amor e a sabedoria.
Nos primeiros anos de vida é importante que a criança não seja contaminada a longo prazo pelo atavismo animal que está presente no seu psiquismo, com o predomínio do egoísmo, a rebeldia, a dificuldade de sentir e espalhar o bem, a indiferença com o próximo e a antipatia no lar. Se tal acontece os conflitos psicológicos se instalam na forma de fobias, insegurança, instabilidade emocional, complexos de inferioridade ou de superioridade, soberba, e doenças orgânicas.
As necessidades das crianças como amor, proteção, nutrição e orientação não podem ser negligenciadas, pois o amor leva ao sentimento do afeto, da harmonia, da saúde e do discernimento.
A criança atendida nas suas necessidades alcança com mais facilidade os objetivos da reencarnação, tem uma evolução positiva. Posteriormente ela estará apta a recompensar o apoio recebido, tanto com a família quanto com a sociedade.
Por outro lado, a criança carente dessas necessidades, se torna uma sobrecarga na infância, uma gravidade na juventude e terá na vida adulta os quadros patológicos desenvolvidos que precisarão ser tratados com terapias psicológicas, farmacologias, espiritualidade e princípios morais.
Na criança desamada o inconsciente fica mais desperto e influente, existirá mais distúrbios do sono como pesadelos, inquietação noturna, choro e insônia. Também é observado agressividade, rebeldia, medos e mal desenvolvimento.
Na criança devidamente amada vamos verificar a harmonização dos equipamentos eletrônicos do perispírito, a boa interação espírito-matéria, a vibração de calma e segurança, e o reabastecimento de forças e vitalidade.
O indivíduo quando se identifica, que ele mesmo não foi amado na infância, pode apresentar um quadro regressivo de duas formas. Na primeira, essa desnutrição de amor leva ao sentimento de reação que irá gerar a Inapetência ou Anorexia Nervosa, com fortes danos que podem ser, quanto ao curso, acidental, passageiro ou de longo prazo.
Na segunda forma, também se observa um quadro regressivo, com base na mesma desnutrição de amor, mas o sentimento de reação é inverso. A pessoa desenvolve uma voracidade alimentar, come até a exaustão, provoca perturbações digestivas e nervosas, vômitos nervosos, enfraquecimento e desnutrição. Está caracterizada a bulimia com todo o potencial de causar danos orgânicos severos.
A ausência do amor em tenra idade tende a levar a patologia no campo nutricional, gerando a anorexia nervosa ou bulimia, ou mesmo transtornos menos severos como indigestão, dispepsia nervosa, diarreia ou prisão de ventre.
É importante que possamos utilizar essa metáfora da nutrição para digestão diária dos nossos problemas, dentro de uma agenda diária para promover a consciência desperta, não manter os conflitos retidos, identificar erros cometidos, analisar os problemas, digestão dos problemas sem culpa, encontrar os meios de reparação para ficar livre da perturbação. Nesse sentido os grupos de Mútua Ajuda, na forma dos AA e seus congêneres, são muito importantes. Procurar ser como se é, meta fundamental.
As vantagens dessa autoanálise ser realizada, sem caráter de exigência, sem condenações, é para se atingir o equilíbrio, a tolerância, e a harmonia interior. Isso promove a recuperação, a capacidade integral para o trabalho, uma energia bem canalizada, saúde e bem-estar.