O trabalho na Associação de Moradores da Praia do Meio segue evoluindo, mas com uma dificuldade que está sempre presente: a falta de sustentadores de ação. Quer dizer, pessoas que assumam determinado projeto e perseverem nele até a sua realização.
Em cada reunião da Associação, geralmente chegam ideias boas e até alguém fica responsável por elas, mas na reunião seguinte esse assunto não volta à discussão e termina sendo esquecido. Poucas são as pessoas que se comprometem e procuram cumprir o combinado através das dificuldades do cotidiano.
Fico a pensar... Jesus veio nos ensinar o Evangelho do Amor, não para ficar somente à nível de pensamentos, de aplaudirmos a coerência que ele nos traz, mas que possamos promover dentro de nós a transformação necessária e em seguida transformarmos a sociedade para o Reino de Deus. Mas, todo o esforço que fazemos com mais clareza, é retransmitir essas lições a um número cada vez maior de pessoas ao redor do planeta. Algumas ouvem e procuram se transformar, outras ouvem e não tem interesse ou condições de refletir sobre... são como aquelas sementes da parábola, que caem nas pedras, nos espinhos, à margem da estrada ou em terrenos áridos; não conseguem germinar ou prosperar.
Então deve ser mais ou menos assim. As pessoas que chegam às nossas reuniões possuem um coração com essas características: terreno árido, beira de estrada, espinhos, pedras... e terreno fértil. Apenas quem tem no coração essas características de fertilidade é quem irão fazer germinar a semente e prosperar na prática as lições do Cristo. São com essas pessoas em número reduzidíssimo que iremos tocando nossos projetos! São os sustentadores de ações.
Não importa a idade, o sexo, a cor da pele ou a ideologia política ou religiosa, se está sintonizada com a justiça e a verdade irá procurar fazer a vontade do Pai, considerando a família universal e cada ser próximo como irmão, mesmo que pense, em outros campos, radicalmente diferente. Se realmente se considera filho de Deus, e irmão de toda a criação feita pelo Pai, principalmente os seres humanos, irá tolerar o pensamento diferente do outro, entender as razões do próximo sem abdicar das suas, e procurar com racionalidade, sem extremismos de qualquer natureza, onde está a verdade.
Dessa forma teremos os sustentadores de ações na causa do Pai, mesmo que tenham ideias diferentes em outros aspectos, estarão sempre harmonizados na luta para a construção do Reino de Deus. Evitarão colocar nos espaços coletivos deste trabalho evangélico, argumentos que firam os sentimentos dos companheiros. Nesse sentido cada um deve fazer a censura prévia daquilo que deseja dizer ou escrever: isso é um fato verdadeiro? Não estou disseminando preconceitos meus ou de outrem? Isso vai fazer bem ou mal a quem ler? Vai atender a vontade do Pai? É isso que vou escrever ou falar o que eu gostaria de ouvir ou ler? Vai ajudar a descobrir a verdade ou perpetuar a mentira?
Sei que encontrar um consenso no meio de tantas interrogações se torna um pouco difícil e muito mais, à medida que somos orgulhosos e prepotentes, imaginando que parte da verdade esteja exclusivamente conosco e o outro mergulhado na ignorância. O sentimento correto para evitar deslizes comportamentais para com o próximo, é a humildade. Reconhecer que todos nós estamos em busca da verdade e de corrigir equívocos e injustiças, e que o próximo pode estar mais próximo da verdade do que nós. Agindo dessa maneira, o tempo, conduzindo a lógica e a coerência, vai nos apontar os desvios que possamos estar dentro dele e assim corrigir nossa rota, e sustentar com mais firmeza o trabalho que o Mestre ensinou e que Deus espera a realização.