Acordei hoje sem nenhum motivo com dor no ouvido. Eu que não lembro há quanto tempo senti uma dor desse tipo. Fiquei a matutar qual seria o motivo. Não era uma dor constante, acontecia sempre que eu fazia algum movimento com a cabeça. Claro, deve ter um motivo fisiopatológico para essa ocorrência, mas como considero tudo que acontece comigo como uma ação direta de Deus em minha vida querendo me ensinar alguma coisa, fiquei atento. Com essa perspectiva logo vim a saber o que Deus queria me dizer ao fazer a leitura diária do livreto “Encontro diário com Deus – 2016” e que trazia um pequeno texto escrito por Inácio Dantas da seguinte forma:
“Ajude quem lhe estende a mão. Ninguém de bom senso pede ajuda desnecessária. Somos uma massa cósmica em constante evolução e transformação. Infortúnios pode acontecer com qualquer um, para isso basta estar vivo. Ascenção e queda são fases da vida que podem afligir fortes e fracos, reis e plebeus. Riqueza e saúde são vicissitudes instáveis, são forças que podem extinguir-se de repente, como a faísca de um raio no espaço... ninguém no mundo está imune! Todos estamos suscetíveis a viver um momento de carências, de privações de toda ordem. Ajude. Com isenção de interesse. Tão somente pelo grande ato de ver alguém reerguer-se do pântano das necessidades. Assim, hoje, quem erguer uma pessoa caída, amanhã por ela poderá está sendo erguido.”
Pronto! Com essa leitura caiu a ficha. Mais uma vez Deus me chama a atenção sobre a prática da caridade, com um verdadeiro puxão de orelhas. Por isso a dor que acordei sentindo, por isso o autor do texto, Inácio Dantas, atuando como instrumento do Pai, o escrevera a algum tempo para hoje, comigo, servir como a palavra de Deus.
Em diversas ocasiões neste diário, tenho colocado minhas dificuldade na prática da caridade, cujo protótipo dessa dificuldade é ajudar as pessoas que ficam nos semáforos a limpar para-brisas dos carros. Sistematicamente evito dar qualquer tipo de ajuda a essas pessoas e coloco como motivo uma série de argumentos. Mas sempre estou refletindo de alguma forma diferente, e mesmo com tantos argumentos em contrário, decido ajudar a quem me pede. Mesmo assim isso não se realiza. É como aquela parábola que Jesus ensinou dos dois filhos que recebe determinada ordem do pai. O primeiro diz que vai fazer e não faz; o segundo diz que não faz, e termina por fazer. Jesus explica que o mais correto com o pai é aquele que disse que não faria, mas reflete e faz o que é solicitado. O outro que aparentemente se mostra obediente, mas que com o decorrer do tempo não demonstra essa obediência, é o criticado pelo Mestre. Pois eu sou este tipo até agora. Entendo a mensagem do Pai quanto a prática da caridade, digo a Ele que vou fazer como foi ensinado, mas não realizo o que prometo.
Por isso entendo o “puxão de orelhas” com destaque para a frase: “ninguém de bom senso pede ajuda desnecessária”. Eu posso até colocar na mente os argumentos negativos, mas devo considerar a sabedoria dessa lição e aplicar a bússola comportamental que Jesus ensinou: se eu estivesse no lugar dessa pessoa, o que gostaria que fizessem comigo?
Se eu fosse essa pessoa que pede estaria com certeza dentro de uma dessas duas condições: não estar com o meu senso saudável, ou ter realmente necessidade. E em ambos os casos é justificável a ajuda. Então, por que pensar e concluir que com o próximo é diferente? Que ele tem um bom senso, ou não tem necessidade e que tão somente quer se aproveitar da minha bondade transformada em bobeira?
Não, estou errado! Mais uma vez reconheço a sabedoria do Pai a me orientar, e até com certa ênfase desta vez, e mais uma vez prometo no fundo da consciência que irei cumprir sua vontade. Mesmo porque já começo a sentir os efeitos da minha desobediência, e gosto muito do meu ouvido apenas percebendo os sons da Natureza.