Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
12/05/2016 23h59
IMPEACHMENT

            Hoje é um dia importante para o Brasil e a sua história. Após passar pela Câmara dos Deputados, o Senado Federal aprova o pedido de impeachment da presidente e a afasta no máximo por 180 dias para se proceder o julgamento do caso.

            Essa questão vem se desenvolvendo a medida que a crise política e a descoberta de corrupção se aprofunda, com as ruas sendo preenchidas de um lado e de outro das opiniões, principalmente por aqueles que desejam que o partido e a presidente saiam do poder.

            Essa é uma questão delicada, pois apesar da maioria da nação defender a saída da presidente, e a minha consciência defender esta ideia, existem muitas mentes brilhantes que defendem o contrário, inclusive pessoas da minha mais alta estima. Como saber se estou certo, mesmo na companhia da maioria? Somente a Verdade poderia ser o juiz da questão e decidir pelo lado mais coerente para o bem estar coletivo.

            Mas o ponto é este. Onde está a verdade?  

            Cada lado coloca seus argumentos com base em uma lógica que numa primeira análise estão ambas corretas. Mas isso não é possível com ideias antagônicas. Um lado deve estar correto e o outro equivocado ou tentando manipular a opinião pública.

            Como podemos verificar de que lado está a Verdade? Tenho que avaliar as partes ou o conjunto? Posso avaliar a saúde do Brasil enquanto nação, sem considerar o bem estar dos seus cidadãos, ou das classes sociais? Pode o Brasil ir bem enquanto uma determinada classe social não estar bem? Parece que o lógico é defender o bem estar do Brasil enquanto nação e o bem estar de todos, em suas respectivas classes sociais.

            Com esta perspectiva vamos aplicar a análise no Brasil atual. Ele enquanto nação vai indo bem? A resposta é não. Todos os seus cidadãos estão satisfeitos, em harmonia e bem estar social? Mesmo que a resposta positiva a essa questão implique numa certa utopia, pois parece que nunca alcançaremos esse estágio de harmonia entre todos os indivíduos e suas respectivas classes sociais, o que observamos no Brasil de hoje é um exacerbado conflito entre os indivíduos que tende a piorar, com cada um dentro de suas classes sociais. Mesmo identificando pessoas e classes sociais privilegiadas, como os pobres que tiveram o incremento de bolsa família e outros benefícios, e a academia, a educação, com incremento na infraestrutura universitária e no leque de opções a partir dos diversos Institutos Federais, é suficiente para compensar o desastre financeiro representado pelo prejuízo sem precedentes das estatais tão sólidas quanto a Petrobrás? Será que esse dinheiro desviado criminosamente e também distribuído sem parcimônia, vinha de um cofre secreto e miraculoso que nunca secava, ou das economias do povo, aplicadas nos diversos recursos públicos, e mesmo da sangria sem compaixão da massa trabalhadora através dos impostos mais caros do mundo?

            Não quero colocar nenhum juízo de valor nesses argumentos que estou levantando. Quero apenas coloca-los como fatos que parece que são. Não quero escamotear nenhuma verdade, este não é o meu propósito, pelo contrário, meu propósito é destacar a verdade do meio de silogismos deturpados. Quando defendo o impeachment por um governo que levou o Brasil a uma crise política e financeira profunda, não quero passar uma borracha naquilo que foi feito de positivo. Mas esses aspectos positivos não podem ser tão pesados que destruam a própria nação, pois senão isso não faria o menor sentido.

            Será que estou argumentando com lógica honesta, sem viés de minhas próprias convicções já direcionadas para uma conclusão, e sendo dessa forma injusto com o que foi feito de positivo pelo governo sob acusação?

            Tento fazer um movimento racional e ser o advogado de defesa desse governo que está no banco dos réus. Mas quando eu faço uma relação dos atos positivos, com a cultura, as cotas, os índios, programa reuni, Institutos Federais, Universidade, fies, bolsa família, minha casa minha vida... começo a colocar argumentos que são listados como positivos e ao mesmo tempo minha consciência acusa que eles estão carregados de dolo, como a Petrobras, Mais Médicos, distribuição de renda... Enfim, não consigo estabelecer uma linha sólida de defesa.

            Mas, se por outro lado, fosse chamado para atuar como promotor, ficaria numa posição muito mais confortável, e o meu primeiro item de acusação seria a falta de ética com os pobres, pois distribuíram os benefícios com a pretensa intenção de ajudar, mas com o objetivo de construir um exército de pessoas humildes, movidas pelo estômago e pelo bolso para escamotear a Verdade, a grande prejudicada.

            Mas continuarei a estudar os argumentos apresentados pelo governo que por ora se afasta, quanto as ações praticadas com o intuito de ajudar a nação, pois se estou errado, em algum momento, em algum ponto da análise, irei encontrar e entender a Verdade que eles veem e eu até agora não consigo enxergar.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/05/2016 às 23h59