Quando Jesus estava entre nós tinha uma missão clara para cumprir frente à vontade do Pai. Ensinar a livrar os espíritos das tentações da carne e seguir a lei de Amor e de justiça. Procurava fazer as preces com o pensamento e com a prática dos deveres que se impunham. Ele orava em todos os momentos do dia, quando oferecia ao Pai o sacrifício da Sua vida material, para semear com o seu sangue a Terra prometida à humanidade do futuro, o Reino de Deus.
Ele orava a toda hora para aliviar Sua alma, que sempre procurava deixar sintonizada com a vontade do Pai; para purificar Seu espírito das emanações terrestres, biológicas, instintivas; para formular assuntos de moral e às explicações da nova lei do Amor que deveria substituir a antiga lei do olho-por-olho, dente-por dente, lei de Talião.
A nova lei que Ele queria inculcar tinha seus fundamentos nas máximas que havia recolhido sobre o trabalho do próprio espírito quando percorria as esferas da espiritualidade diante das verdades divinas. A nova lei elevava o Amor universal e abolia todos os sacrifícios de sangue ou vingança pelas ofensas; favorecia o desenvolvimento de todas as faculdades individuais para que concorressem para o bem geral, e honrava os homens ensinando-lhes:
“Sede iguais diante de Deus. O poder dos homens não dura mais do que um momento, ao passo que a justiça divina é eterna”.
“Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros, para dar esplendor a esta justiça”.
“A pobreza dá sua vez às riquezas, no processo de aprendizagem. Felizes os que são pobres voluntariamente para cumprir a vontade de Deus (Francisco de Assis, por exemplo)”.
“A escravidão será banida da Terra, porque a mulher é igual ao homem, e o servo vale tanto quanto o senhor, diante da sabedoria divina”.
“Esta sabedoria é a que rege os destinos, recompensa e castiga, envia a palavra de paz no meio de todas as humilhações, no meio de todos os sofrimentos, de todas as torturas das alma, do espírito e do corpo”.
Jesus estava tão intimamente unido com essa verdade que estava sempre ao lado dos deserdados do mundo material, dos pobres, que chegava a dizer que eles eram seus membros. Falava e agia com tanta convicção que a vergonha surgia entre os deserdados e desencantados para evocar a esperança da purificação. Foi assim que mulheres consideradas de má vida, vagabundos de toda a laia, converteram-se no cortejo permanente da Sua pregação durante o Seu período missionário.
Jesus estava certo que a morte lhe esperava em Jerusalém e queria valorizá-la de tal maneira que Seus apóstolos guardassem dela a recordação vibrante de Sua atitude, de Suas palavras, de Suas demonstrações de Amor, dos atos de humildade e, principalmente, a Sua resignação diante de todos os insultos e de todas as ferocidades.
Era necessário que Ele mostrasse a grandeza de Sua doutrina do Amor e explicasse Sua força de espírito no meio dos acusadores e dos verdugos, para morrer com as honras do êxito.
Eis aí porque Ele misturava no projeto dessa missão tantos estremecimentos generosos do coração, com tantas amarguras do pensamento; tantas emoções felizes com tantas energias em estigmatizar a covardia e o abandono; tão agradáveis e persuasivas lições com tão duras e ameaçadoras profecias; tanta ternura no sorriso e tanta tristeza no olhar.