Vou reproduzir um texto que encontrei na internet e que traz uma boa explicação para algumas dúvidas que já citei neste espaço sobre a situação do Brasil e a postura cognitiva de pessoas com boa base intelectual e que para mim pareciam fora do contexto lógico. Dizia assim o texto:
Os estudiosos explicam como é a imunização cognitiva.
Cognitiva vem de cognição, que é o processo de aquisição do conhecimento, incluindo o pensar, a reflexão, a imaginação, a atenção, raciocínio, memória, juízo de valor, o discurso, a percepção visual e auditiva, a aprendizagem, a consciência, as emoções. Envolve os processos mentais que influenciam o comportamento de cada pessoa.
A imunização cognitiva é um escudo que permite que as pessoas se agarrem a valores e credos, mesmo que fatos objetivos demonstrem que eles não correspondem a verdade. A pessoa cognitivamente imunizada está no terreno da fé, que dispensa o raciocínio lógico. Para ela, argumentos lógicos não tem relevância.
Coisas assim acontecem ao longo de toda a história da humanidade: grupos de pessoas que, mesmo diante das mais claras de perigo, de más intenções, de risco, permanecem seguindo líderes visionários, malucos ou simplesmente desonestos. Como é possível que tanta gente se recuse a ver a verdade?
E então assistimos gente com formação acadêmica, inteligente, articulada, que sabemos que não está tirando nenhum proveito material, defendendo em público o indefensável. Como é que essas pessoas chegam a esse ponto?
Existem ao menos cinco fases no processo de imunização cognitiva.
Primeira fase: isolamento de quem tem opiniões contrárias, protegendo suas ideias. a pessoa vai eliminando de seu convívio ou mesmo de sua atenção, quem pensa diferente.
Segunda fase: redução da exposição às ideias contrárias. Passa a ler e ouvir apenas as opiniões em linha com seus credos. Nos estados totalitários, é quando a liberdade de expressão passa a ser ameaçada, quando a imprensa perde a liberdade, quando vozes dissidentes são caladas. É quando os processos educacionais adotam opiniões selecionadas, com autores e textos cuidadosamente escolhidos para seguir apenas uma visão de mundo.
Terceira fase: conexão dos credos a emoções poderosas. Se você não seguir aquelas ideias, algo de ruim vai acontecer. Lembra do “se você pecar, vai para o inferno”? se você não votar naquele candidato, sua vida, suas economias, seus benefícios estarão em perigo...
Quarta fase: associação a grupos que trabalham para combater as ideias dos grupos contrários. Gregarismo cognitivo, isso acontece não só em política, mas até mesmo na ciência, quando métodos de investigação científica focam nas fraquezas das teorias adversárias, ignorando os pontos fortes.
Quinta fase: a repetição. Repetição, repetição, repetição. Cria-se um tema, um slogan que materializa um determinado credo ou visão, que passa a ser repetido como um mantra, numa técnica de aprendizado. O grito “não vai ter golpe”, por exemplo, não é uma criação espontânea, obra do acaso. É pensado, calculado. Sua repetição imuniza cognitivamente as pessoas contra os argumentos a favor do impeachment.
Os especialistas em psicologia das massas sabem que nossas mentes evoluíram muito mais para proteger nossos credos que para avaliar o que é verdade e o que é mentira. E os especialistas em comunicação constroem retóricas fantásticas, com a intenção de desviar o tema principal e, especialmente, imunizar cognitivamente os soldados da causa.
Quando o imunizado chega a essa fase, não adianta mostrar o vídeo, o recibo, o cheque, o testemunho do caseiro, a ordem da transportadora, o grampo telefônico... O imunizado cognitivo está vacinado contra fatos objetivos.
Se você está se sentindo entorpecido das ideias, incapaz de descer do muro, provavelmente alguém está lhe ministrando umas doses de imunizante cognitivo.
Perfeito!