Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
04/06/2016 19h31
AUTODESCOBRIMENTO (12) – EXAME DO SOFRIMENTO

Podemos verificar que o sofrimento está associado à dor e que a forma de sensibilidade da pessoa que sofre está associada ao seu grau de evolução, ao seu nível de consciência. No livro “Evolução em dois mundos” ditado pelo espírito André Luiz ao médium Chico Xavier, ele defende três formas: a) dor-expiação relacionados com os erros (pecados) cometidos no passado, por isso o nosso planeta, classificado como “de provas e expiações”, é o escola adequada para esse tipo de aprendizado; b) dor-auxílio, aquela que vem corrigir um erro cometido na presente existência, por exemplo, alguém que exagera na alimentação pode desenvolver em função disso a obesidade, hipercolesteremia ou diabetes; e c) dor-evolução, aquela promovida por um espírito bem evoluído, como Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, e o próprio Jesus, que passaram por sofrimentos com o único intuito de ajudar o próximo, a comunidade.

            Os desgastes biológicos que nossos corpos sofrem pela ação do tempo e efeito da entropia natural leva à sensação de dor, tanto física (sensações) quanto moral (emoções). A pessoa pode não aceitar o fluxo natural da vida e sofrer com suas rugas, com a perda progressiva das funções fisiológicas, a capacidade de se autogerir. Com certeza, com uma atitude desse tipo o sofrimento tem uma característica negativa, comparada com outra pessoa que compreende melhor essa evolução da vida e da importância desse tipo de sofrimento para o aperfeiçoamento espiritual. Afinal, quando não compreendemos a dor ela nos dilacera, quando entendemos sua finalidade ela nos aperfeiçoa.

            Conquistar uma consciência capaz de entender a finalidade e utilidade do sofrimento, implica em termos que emergir da condição natural de inconsciência, de escaparmos das forças automáticas dos instintos biológicos, ampliando a percepção das coisas e a lucidez do que chega ao nosso alcance. Só assim sairemos da inconsciência e  alcançaremos o nível de consciência capaz de aspirações elevadas, altivez emocional e abnegação pelo bem.

            Quando saímos do nível da inconsciência, passamos a construir nossa individualidade que visa a integração universa, a ressonância cósmica com a harmonia da criação. Lembrar sempre que a evolução espiritual é individual, mas ela só é verdadeira quando o ser humano se realiza como ser coletivo. Quem se limita ao individual perde-se no egoísmo.

Para se alcançar a consciência lúcida devemos superar a amargura, desespero e infelicidade que o sofrimento tende a nos contaminar com esses sentimentos. Temos que desenvolver uma qualidade psíquica que seja capaz de fazer a diferença, de não responder aos estímulos do meio de forma estereotipada, sempre obedecendo aos prazeres corporais. Iremos ver que a mesma agua fervente que amolece a batata também torna o ovo duro. Não são as circunstâncias que mudam as pessoas, mas sim o que elas conquistaram dentro de si.

As raízes do sofrimento sempre estão localizadas nos erros que cometemos no passado, quer seja na atual vivência ou nas vivências anteriores, que guardam irremediavelmente todos os acontecimentos nas estruturas perispirituais. Quanto maior tenha sido a intensidade do acontecimento infeliz, maior será a gravidade do sofrimento.

As ações degeneradoras que possam ter sido causadas de um indivíduo sobre outro, sempre gera o sentimento de culpa na consciência, poios lá está a Lei de Deus, na pequeníssima fagulha que Ele deixou inclusa na nossa criação, mesmo simples e ignorantes. Os sentimentos depurados, as emoções cultivadas, os pensamentos habituais, tudo isso girando em torno da consciência, envia impulsos constantes para a estrutura cerebral que irá formar a personalidade. Enquanto não for compensado os erros que geraram acontecimentos infelizes, esse bombardeio não para. Toda questão não resolvida sempre retorna complicada e cheia de sofrimento.

Essas experiências negativas geram automaticamente as tensões que levam pressão para o indivíduo sair da zona de sofrimento. A sua vontade é quem vai direcionar para onde o comportamento irá disparar, como uma flecha que é lançada pelo arco retesado. Se a pessoa dirige esse comportamento para atividades como uso de drogas para atenuar o sofrimento, demonstra uma vontade fraca ou uma consciência obnubilada pelos impulsos instintivos. Espera-se que a pessoa resista a essas tentações de aliviar artificialmente o sofrimento, entendendo a sua função saneadora dos erros pretéritos.

Muitas vezes se observa o efeito dessa chuva de pensamentos, sentimentos e emoções associados ao complexo de culpa, sobre o corpo através do Modelo Organizador Biológico do perispírito, que gera as doenças psicossomáticas mais diversas, atuando na organização molecular e devido a maleabilidade corporal. Se devidamente compreendido essa atuação na organização corporal tende a ser corretiva, mas, caso contrário, a atuação é destrutiva. No filme “Cidade dos Anjos” tem uma frase que exemplifica essa lição: “Talvez a emoção se torne tão intensa que transborda do corpo. Sua mente e seus sentimentos tornam-se poderosos demais. E seu corpo chora.”

O sofrimento é o grande instrumento que o Criador usa para corrigir os erros que o nosso livre arbítrio ignorante provoca. Ditadores, corruptos, traficantes, todos geram o cadinho consciencial que levar as mais diversas enfermidades, genéticas ou adquiridas. Podem escapar da justiça humana, mas nenhum escapará da justiça divina.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/06/2016 às 19h31