Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
12/06/2016 23h59
DIA DOS NAMORADOS

            Este dia o comércio é movimentado pelos casais como uma data especial. Os costumes relacionados com este dia provavelmente vem de um antigo festival chamado Lupercalia, que se realizava todo dia 14 de fevereiro. A festa celebrava a fertilidade homenageando Juno (deusa da mulher e casamento) e Pan (deus da natureza) e também marcava o início oficial da primavera. Um dos rituais desse festival era a passeata da fertilidade, em os sacerdotes caminhavam pela cidade batendo em todas as mulheres com correias de couro de cabra para assegurar a fecundidade. A associação com o amor e romantismo chega depois do final da Idade Média, durante a qual o conceito de amor romântico foi formulado. Em alguns países é chamado Dia de São Valentim, data comemorativa entre casais, lembrando da história dele como padre de Roma.

            O bispo Valentim lutou contra as ordens do imperador romano Cláudio II, que havia proibido o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes. Mas Valentim continuou celebrando casamentos apesar da proibição do imperador. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens lhe enviava flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no amor. Enquanto aguardava na prisão o cumprimento da sua sentença, ele se apaixonou pela filha cega de um carcereiro e, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Antes da execução, Valentim escreveu uma mensagem de adeus para ela, na qual assinava como “Seu Namorado” ou “De seu Valentim”.

            Outra versão diz que no século XVII, ingleses e franceses passaram a celebrar São Valentim como o Dia dos Namorados. A data foi adotada um século depois nos Estados Unidos, tornando-se o Saint Valentine’s Day. E na Idade Média dizia-se que o dia 14 de fevereiro era o primeiro dia de acasalamento dos pássaros. Por isso os namorados da Idade Média usavam essa ocasião para deixar mensagens de amor na soleira da porta do(a) amado(a). Na sua forma moderna, a tradição surgiu em 1840 nos Estados Unidos, depois que Esther Howland vendeu 5.000,00 dólares em cartões do Dia dos Namorados, uma quantia elevada na época. Desde então, a tradição de enviar cartões continuou crescendo, e no século XX se espalhou para o mundo.

            Atualmente, o dia é associado à troca mútua de recados de amor em forma de objetos simbólicos. Símbolos modernos incluem a silhueta de um coração e a figura de um Cupido com asas. Iniciada no século XIX, a prática de recados manuscritos deu lugar à troca de cartões de felicitação produzidos em massa.

            Aqui no Brasil, a data é comemorada no dia 12 de junho por ser véspera do dia 13 de junho, Dia de Santo Antônio, santo português com tradição de casamenteiro. A data provavelmente surgiu no comércio paulista, quando o publicitário João Doria trouxe a ideia do exterior e a apresentou aos comerciantes, iniciando em junho de 1949 uma campanha com o slogan “Não é só com beijos que se prova o amor”. A ideia se expandiu pelo Brasil, amparada pela correlação com o Dia de São Valentim, que no hemisfério norte ocorre no dia 14 de fevereiro e é utilizada para incentivar a troca de presentes entre o casal enamorado.

            Este é o significado deste dia de hoje, onde o amor fica em destaque, mas associado ao romantismo. Eu vivo uma dicotomia, sou essencialmente romântico e ao mesmo tempo um dos maiores críticos do romantismo, por entender que ele leva ao casamento tradicional formando a família nuclear, cheia de ciúmes, egoísmo, exclusão e que tudo isso dificulta a expressão do amor incondicional, que é inclusivo, tolerante, compreensivo, bondoso, fraterno... com todos!

            Lembro de São Francisco de Assis que decidiu seguir os passos do Mestre de Nazaré e excluiu de sua vida qualquer tipo de amor romântico. Evitava até olhar para o rosto das mulheres, pois assim não cairia na tentação do desejo de ter um afeto amoroso com ela. Chegava a supliciar o corpo para espantar dele qualquer tipo de desejo carnal. Toda sua energia estava disposta a seguir as lições evangélicas e desviou (sublimou) todo seu potencial energético e biológico de ligação afetiva para a senhora Pobreza com a qual se achava comprometido.

            Tenho uma compreensão parecida com aquela que teve São Francisco de Assis e uma tendência a me ligar afetivamente a uma das virtudes que povoam a nossa mente. No caso dele foi a Pobreza, no meu caso, estou enamorado do próprio Amor Incondicional que considero a mais perfeita das virtudes (coisa de apaixonado! Rsrsrs).

Acredito que as lições do Mestre de Nazaré devem ser colocadas em prática para construir o Reino de Deus a partir do próprio coração. Mas entendo também que devemos seguir a evolução dos tempos, assim como Jesus fez com relação a Moisés, modificando a lei do Talião (olho por olho, dente por dente) para a lei do Amor (se alguém te bate na face oferece o outro lado).  

Portanto, neste dia especial dedicado aos namorados, procuro na mente a quem devo homenagear e vem logo na consciência: o Amor Incondicional!

Por isso falei no início que vivo numa dicotomia, um tipo de paradoxo. Sou essencialmente romântico, mas minha consciência não permite que eu dirija esse amor com exclusividade para nenhuma pessoa e sim para o Amor Incondicional, que por sua vez acolhe com afeto todas as mulheres, todas as pessoas, todo o próximo. Assim, nenhuma mulher que deseja a exclusividade do romantismo vai se sentir bem perto de mim, pois, como São Francisco de Assis se considerava casado com a Senhora Pobreza, eu já me considero casado com o Senhor Amor Incondicional, e nem me preocupo com a crítica homofóbica que disso possa surgir.     

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/06/2016 às 23h59