Participei hoje de uma entrevista na TV Metropolitana para falar sobre a Autohemoterapia (AHT), uma técnica que não é de minha área de atuação em medicina, mas por envolver princípios filosóficos que eu defendo, não recusei o convite. Porém, ao receber a transcrição da entrevista, não fiquei satisfeito, vi que eu podia ter explicado bem melhor a questão, inclusive colocando erros de quantificação em desfavor da minha tese.
Por esse motivo resolvi fazer a reprodução dessa entrevista com o apresentador Jornalista Roberto Guedes, com os argumentos que eu tenho potencial para fazer.
Apresentador (A) – Amigos, estamos de volta aqui com o nosso Primeira Página, e agora eu queria até fazer um apelo prá você, telespectador, prestar muita atenção sobre esta alternativa, esta possibilidade de buscar a cura através de um dispositivo, de um tratamento que não tem sido recomendado pela Medicina Oficial, pela Medicina Ocidental. É a Autohemoterapia. O nome sugere alguma coisa, mas como sou leigo eu vou pedir, dando bom dia e boas-vindas ao Doutor Francisco Rodrigues, médico que chefia o Departamento de Medicina Clínica do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e conhece bem da matéria, que explique, principalmente a você que está em casa e nos assiste, o que é Autohemoterapia e o que ela pode fazer por você ou por algum paciente que você tem na sal família. Dr. Francisco Rodrigues, muito bom dia, seja muito bem-vindo ao nosso programa, Primeira Página, na nossa TV Metropolitana.
Entrevistado (E) – Bom dia Roberto Guedes, bom dia telespectadores. Primeiro peço licença para corrigir que a técnica está proibida dentro da Medicina Oficial Brasileira e que essa proibição não é observada de forma geral na Medicina Ocidental. E, segundo, que fui chamado a falar aqui não como especialista que conhece bem da matéria...
A – Ainda não existe a especialidade, não é?
E – Existe a especialidade da Hematologia onde a Autohemoterapia pode ser estudada e aplicada com mais profundidade. Eu sou do campo da psiquiatria, então estou um tanto distante da técnica. Mas u vim conversar mais sobre os princípios, porque acho importante discutir essa questão.
A – Então, o que é auto-hemoterapia? Como ela pode ajudar as pessoas?
E – Então, quero colocar inicialmente o conflito em que foi colocada a autohemoterapia no Brasil, de não poder ser aplicada legalmente, por não ter comprovação científica de sua eficácia. Por isso eu quero ir logo colocando essa questão, o que é a medicina? Uma ciência ou uma arte? A gente continua a ensinar na academia que a medicina continua sendo uma arte. A arte de curar, de cuidar do paciente. A ciência está ao nosso dispor, temos que olhar para a ciência, os recursos que a Ciência traz com muito cuidado, com muito respeito e humildade. Aceitar aquilo que vai beneficiar o paciente. Essa é a questão. A autohemoterapia surge nesse contexto.
A – Ela vem de onde? Ela é alguma especialidade, algum tipo de tratamento oriundo da Ásia?
E – Não, ela é uma observação que foi feita de que a aplicação do sangue do próprio indivíduo, retirado da veia e colocado diretamente no músculo, serve para estimular a produção de macrófagos que são as células sanguíneas responsáveis por fazer a limpeza do organismo. Isso é fisiologicamente detectado e reconhecido pela ciência e por todos os colegas que trabalham em qualquer área da medicina. Isso aí, também é do meu conhecimento essa questão. Então, esse macrófago tem essa finalidade de proteção, de vigilância, de cuidado do organismo.
A – O macrófago é o que?
E – É uma célula sanguínea que está atuando nos tecidos corporais em torno de 5%, originados dos monócitos presentes na corrente sanguínea, e que é produzida por nosso organismo na medula óssea.
A – É o saneamento do sangue?
E – É o saneamento, os camburões de lixo juntando em peso; os soldados e o lixo, fazem a defesa e a limpeza do organismo. Então essas células são importantíssimas para o nosso funcionamento. Você vê, a AIDS, por exemplo, que é uma infecção muito problemática e difícil de cuidar. Ela é tão perigosa assim porque ela atinge as células de defesa do nosso organismo, como os macrófagos, os linfócitos; eles se alojam nessas células e dificultam o tratamento, pois estão agindo na área de defesa. Então, essa técnica da autohemoterapia, foi observado que quando se faz isso, se retira sangue da veia e aplica de imediato no músculo, essa técnica consegue elevar os macrófagos além do seu nível normal. Então isso significa que o paciente naquele momento, tem um suporte de proteção e de limpeza do organismo excepcional, isso sem nenhum custo extravagante.
A – Turbina a limpeza.
E – Sim, e isso vai atingir todas as áreas do organismo.
A – Isso é indicado como uma terapia preventiva ou ela é curativa?
E – É curativa e preventiva. Se o indivíduo já tem uma doença instalada, e muitas vezes acontece isso, a pessoa vai a diversos médicos, se submete a diversas técnicas, vários medicamentos e não conseguem boa recuperação. Fica com a doença crônica e progressiva, sem outra solução oficial. Muitas vezes essa técnica da autohemoterapia consegue dar uma solução a essa pessoa. E muita gente vendo e sabendo assim desse procedimento, dessa técnica, como é que isso funciona, como é a fisiopatologia da doença e o que acontece no organismo depois da técnica, então se ele usa mesmo estando saudável, se usa essa técnica para aumentar suas defesas, então ele está prevenindo a ocorrência de alguma doença que possa surgir. Então tem essas duas funções, preventiva e curativa.
A – Quais seriam as doenças que poderiam ser curadas ou que tem sido curadas com a autohemoterapia?
E – Tem muitas doenças que podem ser tratadas ou prevenidas, e quem tiver interesse e curiosidade pode entrar na internet, no Google, e ver lá as indicações, as doenças que podem ser curadas com a autohemoterapia, doenças degenerativas, infecciosas, as mais diversas, relacionadas com as ações dos macrófagos. Eu não estou definindo aqui uma panaceia para ser usada em tudo, ou descartar os procedimentos médicos, farmacológicos, que existem e estão à nossa disposição para aderir exclusivamente à autohemoterapia. Não é isso. Tudo tem o seu espaço e pode ser usado com parcimônia e com critérios com relação a essa questão. Isso porque as vezes nós não temos nenhuma outra alternativa par um paciente que está definhando, está morrendo como vítima da doença que o acomete. As vezes comento essa questão dentro de uma perspectiva pessoal, pois a minha mãe foi acometida por um câncer cerebral e foi feito todos os recursos, da cirurgia à quimioterapia e nada resolvia. O câncer sempre estava voltando até que a morte aconteceu. Eu ainda não conhecia a técnica da autohemoterapia, pois seria mais uma alternativa que eu iria usar, pois as células do câncer...
A – Se multiplicam rapidamente.
E – Sim, são células agora sem controle dentro do organismo, mas que o sistema de defesa e limpeza pode combate-las. Há muitos relatos na internet sobre essa questão. Por isso, se eu soubesse que essa técnica existia, não vacilaria um só instante, aplicaria em minha mãe, porque seria mais uma alternativa que eu iria usar para tentar salvar a vida dela.
A – Eu sei que algumas pessoas aqui em Natal, a partir do meu amigo e irmão Walter Medeiros, usam a autohemoterapia. Walter inclusive trava uma briga, uma guerra sem quartel em defesa da autohemoterapia. Eu sei que outras pessoas que não quero citar os nomes, pois nem todas concordariam com essa exposição.
E – Sim.
A – E usam autohemoterapia e até recomendam para outros amigos. Agora eu pergunto: quem pode aplicar a autohemoterapia, quais são as implicações legais e quais são as contraindicações da autohemoterapia?
E – Olhe, o técnico mais capacitado para aplicar a autohemoterapia é aquele que está capacitado para aplicar as injeções normais
A – Um enfermeiro.
E – Sim, ou um técnico de enfermagem.
A – Mas ele pode fazer sem prescrição médica?
E – Todo procedimento teria que ter uma indicação por médico, para não ser considerado automedicação.
A – Certo.
E – Seria o correto uma indicação médica, mas no Brasil existe a proibição...
A – Imposta pelo Conselho Regional de Medicina, ou Conselho Federal de Medicina.
E – Conselho Federal de Medicina. A partir de um parecer solicitado, inclusive a um colega do nosso departamento, e esse parecer foi desfavorável porque não havia comprovação científica para a aplicação da técnica e por isso poderia causar mal ao paciente. Agora, a minha questão lógica é essa: de onde viria esse mal? Do produto que está sendo injetado? Não pode ser, pois o produto...
A – Se é o próprio sangue.
E – Sim, é o próprio sangue.
A – Do paciente.
E – Do sangue não teria problema. Seria o problema da técnica de ser aplicada uma injeção no músculo? Sim existe um risco, mas as injeções são aplicadas rotineiramente em todos o sistema de saúde, com os cuidados necessários para evitar os problemas. Então isso não poderia justificar a proibição. Então, onde está esse risco que a visão científica teme acontecer? E mais ainda, tem a questão das evidências. Nós hoje estamos muito orientados pelas evidências. Tudo bem. Evidências científicas, ótimo! Nada contra isso, pelo contrário. As evidências científicas apontam que a autohemoterapia é uma técnica má? Que vai produzir mal aos pacientes? Não! Não tem evidência científica nenhuma contra a técnica da autohemoterapia. Não tem evidência científica a favor, esse foi o parecer do nosso colega. Mas tem outras evidências, são os testemunhos de quem está usando a técnica. Então, se você entrar na internet, vai ver milhares de depoimentos e sites favoráveis a técnica, de pessoas que mesmo fora da legalidade, usam a técnica. Fica a pergunta: por que não liberar a técnica ao bom senso do médico que assiste o paciente?
A – O senhor teria de memória algum endereço virtual para indicar aos telespectadores a fim de que eles procurem na internet?
E – Basta colocar o termo autohemoterapia no google, vai abrir um monte de sites entre eles o oficial que fala tudo sobre o assunto, com depoimentos de usuários e inclusive com um vídeo do Dr. Luiz Moura, divulgador da técnica no Brasil. Também tem muitos textos do principal defensor da técnica no Rio Grande do Norte, Walter Pereira
A – Walter Medeiros
E – Walter Medeiros, sim, que é realmente um grande defensor da técnica, por entender, como muita gente entende, inclusive eu, que é uma técnica benéfica para os pacientes que a procuram, tanto do ponto de vista fisiológico/terapêutico quanto do ponto de vista de acessibilidade/financeiro. Uma das técnicas mais baratas que encontramos na medicina, só vai custar o trabalho de um técnico, uma seringa simples para realizar o procedimento, e o produto que é o próprio sangue do paciente, e portanto, sem custos.
A – A matéria prima é o próprio corpo.
E – Sim.
A – Agora eu pergunto ao senhor o seguinte: o senhor conhece históricos de casos de pessoas que foram submetidas ao tratamento com a autohemoterapia, há histórico de insucesso ou de efeitos colaterais negativos?
E – Não. Até agora minha experiência, pouca experiência no caso, volto a enfatizar, não sou especialista da área, eu não trabalho cotidianamente com esses pacientes. Mas com a pouca experiência que tenho, das pessoas que usaram essa técnica, todas são positivas. E todas me perguntam até quando a Universidade, os laboratórios irão fazer pesquisas para confirmar ou não essa eficácia, mostrar cientificamente as evidências que a população está mostrando.
A – Quer dizer que o problema não é que os contrários tenham investido em pesquisas para mostrar que a autohemoterapia não é recomendada; é que eles nem sequer pesquisam.
E – Isso, nem sequer pesquisam! Não existe nenhuma pesquisa para afirmar o contrário, não é? A Universidade tem uma parcela de culpa que também é minha enquanto sou professor universitário. Nós da universidade devemos desenvolver pesquisas no interesse da coletividade.
A – A universidade devia ser a vanguarda.
E – Devia ser a vanguarda. Os laboratórios que produzem medicamentos não tem nenhum interesse nisso, pelo contrário.
A – Na hora que o próprio sangue do paciente substituir o comprimido, o remédio.
E – Exatamente.
A – Eles vão ter algum abalo financeiro.
E – É um concorrente para suas atividades, não é? Então eles não tem interesse nenhum. Quem deve ter interesse é a universidade pública, que é paga com o dinheiro dos contribuintes e para os quais nós devemos dar uma resposta, e nós estamos aqui parados até agora. Vimos aqui a proibição de uma técnica usada com êxito pela população. A universidade devia mostrar: isso é verdade mesmo? Vamos em busca da verdade, fazer pesquisas para indicar isso. A população vai ser prejudicada se essa técnica for liberada? Mas essas pesquisas não estão acontecendo, então é falha nossa. E enquanto professor universitário faço aqui a “mea culpa”, apesar de meus interesses dentro da Universidade está dirigido a outro foco. Mas a universidade deve fazer isso, é sua responsabilidade, e por isso fica acuada nesse processo. A população está esperando dela uma resposta.
A – Certo, agora me diga uma coisa, se entre nossos telespectadores houver pessoas que depois de ouvi-lo com todas essas ponderações, manifestar interesse de recorrer à autohemoterapia, qual o caminho que se poderia informar para essas pessoas?
E – Aqui em Natal, eu sugiro que essas pessoas conversem com seus médicos: “olhe doutro fulano de tal. Eu sei que tem uma técnica que é muito boa, muito útil, porque faz o aumento das defesas do organismo e que eu poderia me beneficiar. O senhor poderia me indicar?” Se ele disser que não conhece, então você pede para ele se informar e verificar se é conveniente para o seu caso. Esse seria o primeiro passo, ter uma sintonia com o médico que acompanha esse paciente e evitar fazer a automedicação.
A – E se a medicina não aceitasse permanentemente experiências, nós não tínhamos chegado ao nível de cura que temos alcançado em vários seguimentos. E vou citar um caso: para algumas pessoas a cura do câncer foi possível nos anos noventa, final do século passado, através do uso de um remédio chamado Interferon. Teve um momento em que Interferon recebeu a mesma restrição das autoridades médicas no mundo dito desenvolvido, mas as empresas que fabricavam promoveram uma grande pesquisa, levando pessoas a se assumirem como cobaias e com isso obtiveram resultados que mostraram que o remédio era bom e convenceram os contrários a aceitarem o remédio. Foi institucionalizado. É preciso que haja com relação a um remédio tão barato quanto este, que é o próprio sangue da pessoa, uma compreensão da medicina convencional, que ela precisa sair dessa, desse seu espaço de conforto e aceitar o novo. É isso que eu imagino que o doutor Francisco vive dizendo aos seus colegas. Aí eu pergunto: o senhor não tem sofrido nenhuma admoestação dos conselhos federal, regional de medicina por conta dessa sua posição?
E – Felizmente até agora não. Mesmo porque sempre estou colocando esses argumentos dentro da lógica, sem agredir autoridade de ninguém, nem mesmo do colega do meu departamento que elaborou o parecer que deu origem à proibição.
A – Que deu o parecer contrário?
E – Sim, e que foi aceito pelo Conselho Federal de Medicina. Não chego até ele e faço qualquer admoestação. Respeito o seu posicionamento, mas também espero que o meu seja também respeitado. Temos que ter cuidado com os argumentos levantados pela ciência, nem sempre correspondem a verdade. Na minha área, por exemplo, eu uso um medicamento classificado como antidepressivo. Inicialmente a proposta científica é que ele iria aumentar o nível de neurotransmissor Serotonina que estava diminuído nas pessoas deprimidas. Acontece que logo após a ingestão, o aumento da Serotonina era alcançado, mas a melhora clínica não. Somente depois de 8 a 15 dias era que a melhora clínica acontecia. Então o fator que melhorava não era simplesmente o aumento dos receptores. A teoria mais aceita atualmente é da diminuição dos receptores, uma baixa regulação. Mas nada nos assegura que este ainda seja o verdadeiro motivo.
A – Era o que eu ia dizer agora. Mas, amigos, estamos pressionados pelo tempo, na hora de encerrar o programa e a nossa conversa como doutor Francisco Rodrigues, a quem eu convido aqui a retornar em outras ocasiões aos nossos estúdios e ao nosso Primeira Página para focalizarmos novamente este tema que é muitíssimo interessante. Doutor Francisco, muito obrigado, e a casa é sua, viu? Venha sempre.
E – Obrigado, e a todos os telespectadores.
Enfim, esta foi à entrevista. Não gostei da forma como informei o assunto. Fui muito prolixo, sem objetividade. Corrigi bastante com esse texto o que falei ao vivo na televisão. O leitor que tiver curiosidade de confrontar esse texto com a entrevista, vai concordar com minha opinião. A essência do que eu disse é a mesma, mas a forma aqui está bastante melhorada. Afinal, reconheço, sou muito melhor escrevendo do que falando. A emoção costuma obnubilar meu raciocínio.