Na reunião do último sábado foi abordada a questão da mudança de rumos. Foi lido um texto onde um capitão inexperiente estava navegando com a sua frota de navios, dirigindo a nau capitânia, aquela que vai na frente e direciona o caminho das demais naves. Como havia muita neblina no mar, dificultando a visibilidade de todos, logo se ouviu a voz do marinheiro do navio do capitão advertindo que estava vendo uma luz a piscar em sua frente. O capitão perguntou se essa luz estava se afastando ou se continuava na frente da sua rota, pois se acaso fosse assim, haveria um choque de navios, se alguém não mudasse a direção. O marinheiro confirmou a preocupação do capitão, de que a luz estava em sua direção sem nenhum afastamento. Estão o capitão ordenou que o marinheiro orientasse a embarcação estranha para mudar o curso em 20 graus, que era o suficiente para evitar o desastre. Mas do outro lado veio a informação que a nave do capitão é quem deveria mudar de rumo. O capitão ficou muito contrariado e acreditava que era aquele impertinente do outro lado que não sabia com quem estava falando. Disse então com toda arrogância no rádio de comunicação, que era o capitão daquele navio e exigia que ele mudasse o rumo em 20 graus de imediato. A voz voltou a se manifestar e disse que era o marinheiro que tomava conta do farol, e aconselhava ao capitão mudar de curso o mais rápido possível.
Foi então nesse momento que o capitão caiu em si, que ele é quem deveria mudar o rumo da sua nau, senão seu navio iria ser acidentado contra as rochas da ilha e todos os outros que o seguiam teriam o mesmo fim.
Ficou a lição de algo que é muito comum no comportamento humano, a mudança de rumo em nossas vidas, que acontece, quer seja previsto ou não. Geralmente acontece algo imprevisto para nos tirar de uma direção que aparentemente era a melhor que existia.
Durante a reflexão, todos tiveram oportunidade de dar exemplos de mudança de rumo e que terminou por ser uma ação benéfica. Eu poderia ter abordado a mudança de rumo que dei a minha vida de forma radical, quando passei a adotar o amor incondicional como bússola para a minha vida e transformei o meu casamento, de família nuclear para família ampliada. Mas esse evento foi de certa forma planejado ao longo de minhas reflexões sobre a aplicação da verdade em sua integridade e de viver em sintonia com o amor incondicional. Preferi falar então de um evento que não planejei e no entanto se mostrou melhor do que eu imaginava que podia acontecer.
Foi o tempo que eu passei na direção do Hospital Psiquiátrico e de um momento para outro, sem esperar, eu deixei o cargo por exigência dos acordos políticos. Fiquei um tanto contrariado com a situação, mas logo fui convidado para assumir o trabalho médico no Hospital psiquiátrico em Caicó, que estava sob intervenção do Estado. Percebi que essa situação era muito melhor do que aquela da direção do Hospital em Natal. Eu recebia um salário bem maior e que não tinha desconto do Imposto de Renda, além de que eu só usava dois dias na semana, comparado ao outro que eu tinha que estar os cinco dias da semana e ainda assumir todas as responsabilidades de uma instituição, inclusive pagar com o meu dinheiro o erro contábil que acontecia na tesouraria.
Ao ficar de longe e fazer uma comparação do antes com o atual, eu percebia que aquelas pessoas que exigiram o meu cargo à governadora, terminaram por me fazer um grande favor, mesmo que nenhum deles soubesse disso, e que não era essa a intenção de nenhum deles. Mas quem estava no comando dessas ações sempre foi Deus, que apresentava caminhos que melhor atendesse as intenções de quem queria fazer a Sua vontade. Esse trabalho extra que passei a ter em Caicó, deu condições para fortalecer a minha poupança e ficar com mais potencial de fazer o bem com esses recursos.
Até hoje isso ainda funciona dessa maneira, às vezes fico até admirado com o quanto eu ajudo as pessoas, parentes ou não, e os recursos parecem não se acabar. Sei que não posso ser descontrolado e dispersar os bens que o Pai me dá, tenho a consciência que devo preservar todos esses recursos com a máxima parcimônia, pois eles pertencem ao Pai. Eu sou apenas o administrador e que vou me guiando pela vida com o objetivo de cumprir a vontade do Pai, mas também estou ciente que a qualquer momento Ele pode me colocar em outra trilha, em outro rumo, e eu não posso insistir em ficar onde estou se sinto que a vontade do Pai é que eu faça a mudança de rumo. Mesmo porque essa mudança de rumo não é para trazer prazer pessoal para mim, e sim para melhor alcançar a vontade do Pai.