O mundo pode se nos apresentar na forma real ou ilusória. Geralmente não percebemos de início a forma ilusória, pensamos ser real, daí a justificativa do termo ilusão: algo que parece ser real ao nossos sentidos.
Vejamos a questão da matéria. Parece incontestável que ela é um composto sólido, que pode ser apresentado nos três estágios clássicos da matéria: sólido, liquido e gasoso. Quando avaliamos com profundidade a questão do estado sólido, pensamos que isso é real, que não existe espaço vazio no corpo sólido. Mas quando investigamos mais a fundo, percebemos que o átomo que constitui a matéria, é formado por um núcleo maciço e envolvido por uma nuvem de elétrons que estão bem distantes. Existe um grande espaço vazio entre o núcleo e os elétrons. Esse espaço vazio, apesar de ser bem maior que o espaço ocupado pelo sólido núcleo, não conseguimos perceber. Daí, a percepção de que tudo é sólido ao nosso redor é o primeiro equívoco, a primeira ilusão.
A segunda ilusão se refere ao campo psicológico. Nós temos a máscara da personalidade que é dirigido na vigília pelo consciente. Mas se aprofundarmos o estudo, veremos que existe um inconsciente muito maior que o consciente e associados, e que representa a figura do iceberg, onde a ponta visível é a consciência e o grande bloco de gelo submerso, o inconsciente, cheio das memórias de vivências acontecidas nos reinos da natureza: mineral, vegetal, animal e humano.
Iremos verificar que nossa personalidade sofre alternância de expressões, de acordo com as circunstâncias e conforme os acontecimentos. Essa alternância de expressões vai penetrando na aparência do indivíduo, desvela a realidade, desperta o adormecido, amplia a manifestação do Eu e desvela o ser legítimo.
Essa alternância de expressões vai imprimindo características à expressão comportamental, onde o Espírito como aluno das forças da natureza material, funciona como uma luz, no início embaçada, mas à medida que evolui, que conhece o inconsciente, tem maior lucidez, provoca burilação dos defeitos encontrados, se tornam aptos a ultrapassagem para um nível vibracional melhor.
Na herança evolutiva devemos lembrar que todos os registros de nossas experiências estão armazenados no inconsciente que damos o nome de atavismo. Do descontrole desse atavismo surge surgem as perturbações psíquicas como transtornos psicológicos, angústia, inquietação, depressão e desordens mentais de todos os níveis. Devemos nutrir os valores legítimos de duração permanente, como solidariedade, justiça, fraternidade, bondade, etc. Existem também os valores secundários que servem como recurso pedagógico, como memória, inteligência, atenção, etc.
Surge no psiquismo o grande desafio, de vencer a hipocrisia, os preconceitos, a confusão dos códigos, os escapismos, as justificativas e até a consciência de culpa, para se fazer a seleção de valores, identificando nossas ações: dentro de um comportamento ético e moral? A ética está para a moral, assim como a musicologia está para a música. A ética é a ciência da cultura e a lei de ouro do ponto de vista passivo é: “Não faças ao outro o que não queres que o outro faça a ti”; e numa atitude proativa: “Faça ao outro o que queres que o outro faças a ti.”
As reflexões errôneas podem nos levar a ausência de padrões corretos em minha conduta, surgindo daí os desvarios, a agressividade, o pessimismo, a anarquia, a corrupção, etc.
Os valores éticos são bem identificáveis quando são saudáveis em todas as culturas, são aceitos e recomendáveis, e são classificados como expressão do bem. Podemos citar: gentileza, respeito, bondade, sinceridade, amizade, bom senso, honestidade, etc.
O princípio ético imbatível é a ação do bem dirigido primeiro para si, depois em favor do grupo social e da comunidade. Todos podem ser considerados como frutos do amor. Monicka Christi explicava que: Priorizando a ação no bem, diluímos nossos defeitos, acentuamos nossas virtudes e nos capacitamos para o aperfeiçoamento.
As atitudes perniciosas geralmente derivam do primarismo atávico, na forma das manifestações egoístas: perversidade, desamor, traição, ódio, ciúme, orgulho, inveja, maledicência, ira, etc. Se o Espirito não consegue dominar esse atavismo primário, ele vai encher o coração e daí se expressa nas palavras perniciosas, para si e os outros.
Observamos agora dois paradigmas bem distintos. O primeiro baseado na ilusão, que tem a matéria usando a máscara da solidez dentro de uma personalidade inconsciente; o segundo paradigma está baseado na realidade espiritual, do que existe de verdade, dentro de uma personalidade consciente.
Na seleção dos valores dentro do variado espectro de ações, iremos fazer o julgamento de qual conduta adotar frente a determinada circunstância. Deve existir o maior cuidado com o erro do prazer imediato, seja por drogas, por sexo, por alimento, que são as ações mais comuns. Esse prazer embriagador trazido pelo gozo e fascínio, logo gera a dependência. O gozo fugaz na mente do indivíduo vai levar ao tédio, a frustração que provoca a deterioração biológica começando pelas áreas mais frágeis.
Quando conseguimos a superação dos atavismos, veremos surgiu um novo patamar evolutivo, alcançamos novas conquistas, novos descortinos, e estaremos em marcha ascensional, em busca da realidade profunda, da vida plena.
A busca da felicidade implica no início pelos recursos para atender as necessidades fisiológicas e sociais. No início pode parecer um despertar deprimente, cansativo e sem significado real. Porém, quando nos engajamos na vida psicológica em busca da realidade, atingimos a conduta mental apropriada, uma vida sem conflitos e eu me torno responsável pelos meus atos.
O físico AE já dizia que: “Se quer viver uma vida feliz, amarre-se a uma meta, não as pessoas nem as coisas.”. Nesta aula percebemos a ilusão gráfica numa folha de papel, onde a ponte representa o atavismo animal e se contrapõe à caravela que cada vez mais que se aproxima da consciência se permite os detalhes que iriam fazer o papel.
Na próxima aula iremos abordar essa questão com o título “Força Criatura”.