O instinto sexual é uma força significativa presente nos seres humanos, principalmente nos homens, nos quais se mostra com uma maior amplitude, comparada à mulher que mostra maior profundidade. Isto é, o homem tem mais facilidade de se envolver com várias mulheres, enquanto a mulher tem mais facilidade em aprofundar o relacionamento com um só homem. Esse aspecto já é bem conhecido pela ciência, principalmente nos estudos da sociobiologia, quando foca o assunto no sucesso reprodutivo. O homem desenvolve a estratégia de quanto mais mulheres puder fertilizar ao longo de sua vida, com seus milhões de espermatozoides, melhor para a sua performance reprodutiva; a mulher deve ter o cuidado de escolher aquele companheiro que pode lhe ajudar todo o tempo na criação do filho gerado pelo seu único óvulo.
Essa situação gera um conflito, pois no encontro homem-mulher, apesar de no primeiro momento os interesses coincidirem, no desenvolver do relacionamento as estratégias inconscientes de cada um irão se chocar na consciência e no surgimento dos desejos: o homem irá perceber com mais clareza as diversas oportunidades femininas ao seu redor e a mulher irá fortalecer o seu lado de segurança para garantir a presença exclusiva do companheiro ao seu lado.
Para evitar um relacionamento injusto devido a força física do homem, o casamento se tornou uma instituição poderosa para conter esses poderosos instintos, principalmente do homem, que tenderia a desestruturar a família, com a geração de diversos filhos espalhados sem o devido apoio financeiro e emocional.
Poderíamos então, pensar que esse instinto é um mal incrustado dentro de nós? Não, pois ele serve à preservação de cada espécie animal, dentro dos quais nos incluímos. Ele não poderia ser criado de forma diferente? Acredito que não, pois quem assim fez foi o Criador, inteligência suprema dos Universos, não susceptível de erros, e que gera uma Natureza harmônica e progressiva.
Pois bem, se o instinto sexual não é um mal e sim um bem, como evitar que ele cause tanto estrago como o que vemos na sociedade? Inclusive com a destruição de tantos casamentos? Reconheço que ele é um importante instrumento de sobrevivência, mas por outro lado um importante instrumento de desagregação, de egoísmo, de manipulação.
A única solução que vejo para transformar o potencial periculoso do instinto sexual em ação benéfica nos relacionamento afetivos, é fazer a aplicação do Amor Incondicional e usar a bússola comportamental que o Cristo nos ensinou: “Fazer ao próximo o que desejaríamos que fosse feito a nós”.
Quando encontro uma mulher e sinto despertar dentro da mente o desejo sexual, tenho que observar as condições ao redor, verificar que tipo de dano vai existir se esse desejo se expressar: se é uma mulher casada e de boa convivência com sua família, se é uma jovem que sonha em ter um companheiro somente para ela, se é alguém que no momento precisa apenas da minha ajuda material e não afetiva... enfim, se uma ação de cortejo a essa pessoa irá causar mais constrangimento, ou até mesmo prejuízos que ela não pode perceber por imaturidade, mas eu sim; que eu não iria querer que isso fosse feito comigo ou com uma filha minha, então, com certeza, essa ação sexual jamais deverá se manifestar!
Mas não fica somente nesses cuidados. Para o instinto sexual se transmutar do mal para o bem, é necessário que eu não o repudie na sua força de aproximação com o outro. Aquele desejo de fazer o bem deve permanecer, não para ter uma recompensa sexual, mas porque o outro conseguiu despertar forças dentro de mim, de fazer bem ao próximo, e que posso até usar como modelo para ter o mesmo comportamento com pessoas que não despertam esse desejo sexual. O instinto se torna assim instrumento do Amor Incondicional.
Lembro de quando dava plantões médicos e era chamado para atender uma jovem cheia de vitalidade e atributos sensuais. Como eu era atencioso e procurava fazer tudo para ser simpático e solidário! Lembro que quando era chamado para atender uma idosa que perdera com o tempo esses atributos, ou mesmo um homem que não despertava em mim desejos sexuais, como ficava tentado a ficar abusado, crítico de comportamentos inadequados, mas a lembrança do comportamento que eu fizera alhures com aquela jovem, freava de imediato essas minhas reações hostis. Eu me aproximava do Amor Incondicional forçado pela coerência que devia ter, e devo isso a força que experimentara dentro de mim do instinto sexual, e agora, ao aplicar a bússola comportamental do Mestre, eu teria de ser da mesma forma, solidário e paciente.
Dessa forma concluo que, o instinto sexual é um importante instrumento para a harmonia dos relacionamentos, para o fortalecimento da família, principalmente a Família Universal, quando devidamente compreendido e aplicado dentro do critérios do Amor Incondicional, seguindo a bússola do Cristo.