Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
19/07/2016 22h37
O BEM E A BOLSA

            Quando iniciamos um trabalho evangélico, procurando seguir com firmeza e honestidade as lições do Mestre Jesus. Uma preocupação que sempre surge é com a utilidade do dinheiro, na sua arrecadação e aplicação. O próprio Jesus se preocupou com essa questão, e isso podemos avaliar no seguinte diálogo que se passou entre o Mestre e Judas, no início das pregações sobre o Reino de Deus:

            - Senhor – disse Judas – os vossos planos são justos e preciosos, entretanto, é razoável considerarmos que nada poderemos edificar sem a contribuição de algum dinheiro.

            Jesus contemplou-o serenamente e redarguiu:

            - Será que Deus precisou das riquezas precárias para construir as belezas do mundo? Em mãos que saibam dominá-lo, o dinheiro é um instrumento útil, mas nunca será tudo, porque, acima dos tesouros perecíveis, está o amor com os seus infinitos recursos.

            Em meio da surpresa geral, Jesus, depois de uma pausa, continuou:

            - No entanto, Judas, embora eu não tenha qualquer moeda do mundo, não posso desprezar o primeiro alvitre dos que contribuirão comigo para a edificação do Reino de meu Pai no espírito das criaturas. Põe em prática a tua lembrança, mas tem cuidado com a tentação das posses materiais. Organiza a tua bolsa de cooperação e guarda-a contigo; nunca, porém, procures o que ultrapasse o necessário.

            Ali mesmo, com o pretexto da necessidade de incentivar os movimentos iniciais da grande causa, o filho de Iscariotes fez a primeira coleta entre os discípulos. Todas as possibilidades eram mínimas, mas alguns pobres denários foram recolhidos com interesse. O Mestre observava a execução daquela primeira providência, com um sorriso cheio de apreensões, enquanto Judas guardava cuidadosamente o fruto modesto de sua lembrança material. Em seguida apresentando a Jesus a bolsa minúscula, que se perdia nas dobras da sua túnica, exclamou satisfeito:

            - Senhor, a bolsa é pequenina, mas constitui o primeiro passo para que se possa realizar alguma coisa...

            Jesus fitou-o serenamente e retrucou em tom profético:

            Sim, Judas, a bolsa é pequenina; contudo permita Deus que nunca sucumbas ao seu peso!  

            A preocupação de Jesus com o dinheiro é bastante válida até os nossos dias. Podemos testemunhar isso cotidianamente, pessoas que antes se mostravam de boa índole, que criticavam o mal, a ganância, a usura, quando ficam de posse de algum poder, mudam totalmente a sua forma de pensar e passam a agir criminosamente no intuito de armazenar cada vez mais bem materiais e se perpetuar no poder. Se Judas que estava sempre ao lado de Jesus, que não tinha acesso a grandes fortunas, não conseguiu escapar dessas tentações malévolas, quanto mais nós, pobres humanos modernos, sem uma direção espiritual firme, podendo ter acesso a milhões de dinheiros... estamos muito mais fragilizados que o próprio Judas, e por isso vemos pelo mundo afora a proliferação de tantos traidores das boas intenções.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/07/2016 às 22h37