Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
09/08/2016 00h01
VAIAS E APLAUSOS

            Vaias e aplausos, assim como o voto “secreto” deveriam surgir do coração (sentimento), ser avaliado pela mente (razão) e declarado, se conveniente, pelo ação (comportamento). Mas muitas vezes isso está muito distante de acontecer, outras vezes muito próximo. Vamos verificar o que está se passando no Brasil atual.

            A população, depois de perceber uma série de desmandos, corrupção, aparelhamento do estado com interesses subalternos de partido incoerente com o seu discurso, começa a se expressar seguindo essa dinâmica natural: o coração sente que algo está errado, a mente corrobora o sentimento e as ações de manifestam naturalmente nas ruas, nos estádios, onde há aglomerações públicas... Esse movimento natural tende a corrigir o mal que está sendo implementado e que, paradoxalmente, quer se mostrar como em defesa do mesmo povo que explora. Daí surgem as vaias e aplausos para as personalidades que se colocam no campo negativo e positivo, respectivamente. Muitas vezes as pessoas tiram do próprio bolso para viabilizarem esses momentos significativos para a opinião pública e direcionamento das ações políticas.

            Por outro lado, as pessoas que se beneficiam das ações nefastas que estavam sendo implementadas em “nome do povo”, sabem que essa opinião pública é importante e procuram fazer os mesmos atos, de vaias e aplausos para as personalidades que mantém ou não os seus interesses.

            Vimos no passado recente as ruas se encherem com milhares de pessoas, que espontaneamente procuravam expressar seu descontentamento com os rumos da política e o alto grau de corrupção em todos os níveis do governo. Até mesmo nos estádios de futebol podia-se observar essas manifestações espontâneas que criticavam e exigiam a mudança de governo com a punição dos corruptos, quem quer que sejam eles, até mesmo o dirigente máximo da nação.

            Para contrapor a esse movimento, as pessoas que se beneficiavam dos atos inconsequentes, fisiológicos e criminosos dos detentores do poder, procuravam encher também as ruas, mesmo com pessoas que nada sabiam do que estava se passando politicamente, mas sabiam que iam ganhar alguns trocados e um lanche.

            Hoje, a cabeça do poder está afastada e com isso ocorreu um breque na sangria que o país estava sofrendo. Acontece que as pessoas e instituições que se nutriam exageradamente com o sangue da nação não querem fazer a reflexão ética e procuram colocar palavras de ordem para escamotear o que de errado foi feito por seus “padrinhos” e atacar com veemência os pecados de quem tenta corrigir os desmandos. O que mais causa espanto às consciências livres e pensantes, é que pessoas bem instruídas, com uma base ideológica aparentemente ética e humanitária, como artistas e acadêmicos, não consideram o desastre que o país foi metido, apenas lembra com ressentimento dos benefícios que conquistaram e que agora não tem mais acesso. Até posso desculpar os sindicalistas, estudantes, pois esses defendem os seus interesses sem considerar o contraditório, mesmo que suas empresas tenham sido dilapidadas perversamente, como a Petrobrás, ou que os professores só ensinem um só lado da história, da sua ideologia. O que mais me causa espanto são os meus colegas da academia, pessoas que no passado lutavam com unhas e dentes por um país moralizado e competente, hoje não conseguem ver um criminoso de colarinho branco sentado ao seu lado, apesar de todo o esforço da Justiça em abrir os olhos da nação.

            Dizem que políticos pertencem a um mesmo saco, que todos veem apenas os seus próprios interesses... parece que eles querem provar que isso é verdade, pois se dentro de um partido surge de forma clara a corrupção, que seus tesoureiros são pegos e presos pela justiça, como é que um político que tem a índole de honestidade permanece filiado a esse mesmo partido? Infelizmente é isso que acontece, com poucas exceções.

            Vejo, até com tristeza e muita decepção, pessoas que há pouco eu respeitava e tinha como ídolo, levantar plaquinhas de revolta, frente a um grande público, contra as pessoas que tentam corrigir as engrenagens corruptas do país. Não se anime, meu caro ex-ídolo, pois o ensaio de vaias que ocorreu nesse contexto, não sintonizaram com o coração daqueles que querem ver um país decente. E fique certo, se o coração daquelas pessoas que ouviram calados aquelas vaias pudessem se expressar, o nome MORO ecoaria em todos os recantos daquele estádio e o medo da Justiça trazida pela Verdade iria, talvez, forçar uma reflexão.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 09/08/2016 às 00h01