A vida em família universal continua sofrendo muito obstáculo da família nuclear. A família nuclear desenvolvida a partir do amor romântico, que tem a meta da reprodução e portanto da transmissão dos gens dos amantes envolvidos, vai ser facilmente envolvida pelos mecanismos egoístas que preservam a individualidade, a melhor oportunidade de preservar e reproduzir os próprios gens. Este é um mecanismo atávico, associado a sobrevivência biológica e que gera energias representadas na mente como desejos e repulsas. Desejo pelas pessoas que podem possibilitar a melhor condição de reproduzir e preservar os seus gens; repulsa pelas pessoas adversárias que podem ser obstáculos, que podem desviar as pessoas companheiras que facilitariam o seu desempenho biológico. Este é o jogo que prevalece na cultura, na vida social, em todos os segmentos. Isso gera um clima de hostilidades, de conflitos, de prepotência, orgulho de vaidade, que tende a se disseminar no espaço e no tempo, que gera ódios e guerras.
Por outro lado, a família universal, formada pela aplicação do amor incondicional, tem como meta a harmonização da sociedade, com solidariedade e justiça social. Essa energia mental do amor incondicional carregado da inclusividade, deve ser forte o suficiente para suplantar a energia do amor romântico com sua carga de exclusividade. Os desejos e repulsas que chegam em nossa mente, não conseguimos evitar, pois tem origem no atavismo formado ao longo dos milênios de nossa formação e evolução biológica e espiritual. No começo a evolução espiritual esta à reboque da evolução biológica, e por esse motivo na herança atávica só iremos observar a força do amor condicionado a algum benefício para a sobrevivência individual. Mas, no momento que nossa consciência atinge o estágio de entender e desenvolver os conceitos morais, iremos perceber que o egoísmo tende a destruir a evolução harmônica em direção à perfeição de uma coletividade divina, o Reino de Deus.
O amor incondicional deverá dirigir as ações do indivíduo para a vida se processar dentro da família universal. A fidelidade entre os casais que pretendem desenvolver um companheirismo não pode ser na base do exclusivismo, e sim da inclusividade. Em qualquer momento o companheiro ou companheira pode desviar sua atenção para outro setor espacial, para outra pessoa compatível no sentido de reforçar a ampliação dos sentimentos que é um dos pré-requisitos para se conceituar a família universal. As forças dos desejos e repulsões podem estar presente no psiquismo do amante incondicional, mas ele não deixará que elas prevaleçam sobre o comportamento de inclusão, solidariedade, fraternidade e justiça social.
A fidelidade nesse contexto não quer dizer: “jamais se envolver intimamente com outra pessoa”, e sim, que as forças egóicas do atavismo animal não irá impedir o comportamento do companheiro(a) no relacionamento pertinente ao amor incondicional com outras pessoas, mesmo que na aparência exista o formato do amor romântico, mas o compromisso de fidelidade é com o amor incondicional.
Somente dessa forma a vida familiar universal pode ser realizada, mesmo que nos estágios iniciais exista grande sofrimento, pelo não vencimento ou convencimento do amor condicional, romântico e exclusivo.