A Igreja Católica dedicou para a família um Sínodo extraordinário que se realizou de 5 a 19 de outubro de 2014, no Vaticano. Tratou dos “desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. A Igreja quis tratar das questões ligadas à família, sendo um apoio a ela neste tempo de tão grandes mudanças. Num Sínodo a Igreja é chamada a se envolver comunitariamente numa participação das Igrejas particulares das diversas partes do mundo. O episcopado é especialmente chamado a se fazer presente nas discussões, buscando aprofundar questões por vezes difíceis.
Esta trecho acima foi escrito por Frei Nilo Agostini e publicado no verso da pagela da folhinha Coração de Jesus, do dia 22-08. Quando retirei a folhinha do dia e li o texto no verso, entendi logo que era um recado do Pai para que eu procurasse aprofundar o conselho de família, e fui logo em busca desse documento, que vou procurar passar um pente fino a partir da introdução.
RELAÇÃO FINAL DO SÍNODO DOS BISPOS 2014
INTRODUÇÃO
- O Sínodo dos Bispos reunido com o Papa dirige o seu pensamento a todas as famílias do mundo com as suas alegrias, as suas canseiras, as suas esperanças. De modo especial, sente o dever de agradecer ao Senhor pela generosa fidelidade com que tantas famílias cristãs respondem à sua vocação e missão. E respondem com alegria e com fé, também quando o caminho familiar as põe diante de obstáculos, incompreensões e sofrimentos. A essas famílias vai o apreço, o agradecimento e o encorajamento de toda a igreja e deste Sínodo. Na vigília de oração celebrada na Praça de São Pedro, sábado, 4 de outubro de 2014, em preparação do Sínodo sobre a família, o Papa Francisco evocou de maneira simples e concreta a centralidade da experiência familiar na vida de todos, exprimindo-se assim: “Já desce a noite sobre a nossa assembleia. É a hora em que de bom grado se regressa a casa para se reunir à mesa na consistência dos afetos, do bem que se fez e se recebeu, dos encontros que aquecem o coração e o fazem dilatar, vinho bom que antecipa, nos dias do homem, a festa sem ocaso. Mas também é a hora mais pesada para quem se vê cara a cara com a própria solidão, no crepúsculo amargo de sonhos e projetos desfeitos. Quantas pessoas arrastam os seus dias no beco sem saída da resignação, do abandono, se não mesmo do rancor! Em quantas casas falta o vinho da alegria e, consequentemente, o sabor – a própria sabedoria – da vida! Nesta noite, com a nossa oração, fazemo-nos voz de uns e de outros: uma oração por todos”.
- Seio de alegrias e de provações, de afetos profundos e de relações por vezes feridas, a família é verdadeiramente “escola de humanidade”, de que se sente uma forte necessidade. Não obstante os muitos sinais de crise da instituição familiar nos vários contextos da “aldeia global”, o desejo de família continua vivo, sobretudo entre os jovens, e encoraja a igreja, perita em humanidade e fiel à sua missão, a anunciar sem cessar e com profunda convicção o “Evangelho da família” que lhe foi confiado com uma revelação do amor de Deus em Jesus Cristo e ininterruptamente ensinado pelos padres, os Mestres da espiritualidade e o Magistério da Igreja. A família tem para a Igreja uma importância muito especial e, quando todos os crentes são convidados a sair de si mesmos, é necessário que a família se redescubra como sujeito imprescindível para a evangelização. O pensamento vai para o testemunho missionário de tantas famílias.
- O Bispo de Roma convocou para refletir sobre a realidade da família, decisiva e preciosa, o Sínodo dos Bispos, na sua Assembleia Geral Extraordinária de outubro de 2014, reflexão a aprofundar, depois, na Assembleia Geral Ordinária, que terá lugar em outubro de 2015, bem como ao longo do ano inteiro que medeia os dois eventos sinodais. “Já o reunir ‘in unum’ à volta do Bispo de Roma é evento de graça, onde a colegialidade se manifesta num caminho de discernimento espiritual e pastoral”: foi como o Papa Francisco descreveu a experiência sinodal, indicando as suas tarefas na dúplice escuta dos sinais de Deus e da história dos homens e na dúplice e única fidelidade que daí deriva.
- À luz do mesmo discurso, recolhemos os resultados das nossas reflexões e dos nossos diálogos nas três partes seguintes: a escuta, para olhar para a realidade da família hoje, na complexidade das suas luzes e das suas sombras; o olhar fixo em Cristo, para repensar com renovada frescura e entusiasmo o que a revelação, transmitida na fé da Igreja, nos diz sobre a beleza, a função e a dignidade da família; o confronto à luz do Senhor Jesus, para discernir os caminhos com que renovar a Igreja e a sociedade no seu empenho no favor da família, fundada sobre o matrimônio entre homem e mulher.
Este foi o texto que introduz o documento. Coloquei em negrito as frases que remetem a uma reflexão considerando o paradigma que Deus permitiu que eu construísse em minha consciência e pautasse o meu comportamento em torno dele, na construção da família universal que se contrapõe a família nuclear, foco do Sínodo dos Bispos.
No item 01 fala do retorno ao lar, para se reunir à mesa na consistência dos afetos, nos encontros que dilatam o coração. Mas também é a hora mais pesada quando se está na solidão, sem sonhos, com projetos desfeitos, até mesmo com raiva. Onde estarei situado, no primeiro ou segundo caso? Na harmonia dos afetos ou no desespero da solidão? Acredito que não estou situado em qualquer um dos dois, e ao mesmo tempo tenho mais tendência ao primeiro caso e acredito que quando a família universal estiver estabelecida no Reino de Deus, o regresso ao lar ampliado terá uma dilatação do coração muito mais abrangente e o risco da solidão amargurada não mais existirá. Mesmo que alguém falte em algum lugar que um coração lhe espera, sempre haverá uma compensação à altura dos sentimentos.
No item 02 há o reconhecimento de que a família é escola de humanidade, mas não considera o egoísmo alojado na família nuclear e que promove tanta miséria no mundo. Diz que apesar das crises, provocadas pelo egoísmo, o desejo de família continua vivo, sobretudo entre os jovens. Sim, uma família baseada no amor incondicional, mas todas as ações ainda são voltadas para o amor romântico na formação da família, daí todo o esforço de fidelidade para uma relação de posse entre os cônjuges, ficando muito longe da inclusividade do amor incondicional.
No item 03 há referência da dúplice escuta dos sinais de Deus e da história dos homens, e da dúplice e única fidelidade que daí deriva. Também procuro ver e seguir os sinais de Deus, por isso é que estou aqui fazendo essas considerações. Imagino que a dúplice fidelidade se refere aos cônjuges, mas a minha interpretação é que a minha única e primordial fidelidade é com a vontade do Pai, mesmo que vá de encontro aos valores culturais da humanidade.
Finalmente, no item 04, aponta olhar a complexidade da família hoje, na luzes e nas sombras, discernir os caminhos para renovação da sociedade... parece que continuo indo no caminho certo, apesar dos dissabores e conflitos que surgem sempre ao redor. Afinal, nada diz que os caminhos certos são livres de espinhos e pedras.
Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/08/2016 às 20h07