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30/08/2016 19h25
REFLETINDO A FAMÍLIA – SÍNODO 07

            07 - Há contextos culturais e religiosos que lançam particulares desafios. Nalguma sociedades, ainda está em vigor a prática da poligamia e, nalguns contextos tradicionais, o costume do “matrimônio por etapas”. Noutros contextos, mantém-se a prática dos matrimônios combinados. Nos países onde a presença da Igreja Católica é minoritária, são numerosos os matrimônios mistos e com disparidade de culto, com todas as dificuldades que comportam, em termos de configuração jurídica, de batismo e de educação dos filhos e no recíproco respeito do ponto de vista da diversidade da fé. Nestes matrimônios, pode correr-se o perigo do relativismo ou da indiferença, mas também pode existir a possibilidade de favorecer o espírito ecumênico e o diálogo inter-religioso, numa harmoniosa convivência de comunidades que vivem no mesmo lugar. Em muitos contextos, não só ocidentais, vai-se difundindo amplamente a prática da convivência antes do matrimônio ou mesmo de convivências não orientadas para assumir a forma de um vínculo institucional. A isso junta-se frequentemente uma legislação civil que compromete o matrimônio e a família. Devido a secularização, em muitas partes do mundo a referência a Deus enfraqueceu enormemente e a fé deixou de ser socialmente partilhada.

A poligamia é a união conjugal de uma pessoa com várias outras, geralmente de um homem com várias mulheres. Esta é a tendência preponderante no reino animal, o macho acasalar ou manter diversas fêmeas. É a engenharia de construção da vida promovida pelo criador entre os animais e nos quais estamos incluímos. Será que Deus errou ao deixar nós, humanos, com essa tendência instintiva e por isso é tão forte entre os homens o desejo por outras mulheres? Resisto em acreditar que Deus tenha errado nos seus propósitos. Sou mais propenso a acreditar que Ele deixou também esquematizado em nosso perfil evolutivo, o momento que o cérebro se desenvolve a tal ponto que torna permissível um processamento de informações mais elaborado e surge em função disso as condições de avaliação das condições morais.

O matrimônio por etapas considera cinco momentos: o primeiro considera a transição e adaptação que compreende os três primeiros anos; o segundo compreende a chegada dos filhos; o terceiro compreende o tempo de dez a vinte anos, onde os filhos se tornam adolescentes; a quarta etapa é a estabilização do relacionamento, quando os filhos começam a sair de casa, a síndrome do ninho vazio; e o quinto e último período é o momento de envelhecimento juntos.

O casamento pode ser considerado uma invenção cristã, tornando uma união indissolúvel, celebrada por um sacramento, substituiu antigos costumes de poligamia, provocando grande mudança nos hábitos europeus. Em 392, o cristianismo foi proclamado religião oficial. Entre 965 e 1008 eram batizados os reis da Dinamarca, Polônia, Hungria, Noruega e Suécia. Desses dois fatos resultou o formato do casamento, em princípios do ano 1000, com uma face totalmente nova. Durante o Sacro Império Germânico, que sucedeu ao Império Romano, dirigido por Oto III de 998 a 1002, houve uma fabulosa transformação das sociedades urbanas romanas e das sociedades rurais germânicas e eslavas. As uniões entre homens e mulheres eram, então, o resultado complexo de renitências pagãs, de interesses políticos e de uma poderosa evangelização.

Podemos ver assim, um esforço do cristianismo em trazer justiça à relação homem-mulher, evitando que a força física ou econômica do homem prejudicasse a mulher e seus filhos. O Estado se associa à Igreja e a partir daí o casamento civil é observado junto com o casamento religioso. Uma espécie de algema que une os nubentes, inicialmente em nome do amor, mas com o decorrer do relacionamento observamos vários desvios da meta original, do envelhecer juntos e harmônicos. Geralmente o interesse masculino diverge do feminino e os princípios de amor exclusivo que está na base dos compromissos, tanto jurídicos quanto eclesiásticos, formam o estopim para conflitos de potenciais letais.

Acredito que essa instituição, casamento, seja ainda necessária para conter os impulsos egoístas de nossa natureza animal, mas à medida que evoluirmos, que a nossa razão consiga controlar os ímpetos dos instintos, então as relações entre homem e mulher poderão ser feitas com base no amor incondicional e a família universal poderá ser assim construída.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 30/08/2016 às 19h25