O comportamento de armazenagem no ser humano é uma tendência inata, quase uma compulsão. A pessoa guarda para o futuro quaisquer objetos que considere importante: papeis, jornais, livros, revistas, CDs, DVDs, roupas, calçados, etc. chega a um ponto que se torna necessário tirar um dia ou vários para se fazer uma verdadeira faxina no ambiente doméstico ou profissional, com limpeza, arrumação, distribuição do interessante e reservando o prático. Isso constitui uma ação de libertação, de desapego das coisas materiais.
Da mesma forma que acontece no ambiente doméstico ou profissional com a armazenagem de objetos que se tornam desnecessários e muitas vezes incomodativos, também podemos observar no ambiente psíquico. Terminamos por jogar no subconsciente, o armazém de nossas memórias, vários fatos e circunstâncias que se tornam verdadeiros entulhos psíquicos. Essa situação causa sofrimento emocional e se faz necessária a retirada periódica desses entulhos, através de uma ação imperiosa e uma atitude enérgica. Assim se promove uma vida saudável, uma vez que o passado influencia o presente. Deve se ter uma boa conscientização da realidade presente, eliminar de forma coerente o passado que causa desarmonia no psiquismo e planificar o futuro com melhor esperança.
Existe a parábola do incêndio, quando um jovem chega perto do mestre e lamenta que teve a sua casa com tudo que havia dentro destruída pelo fogo. O mestre responde de forma jovial, que agora seria muito mais fácil ele encarar com naturalidade a morte, pelo imperativo severo do desapego que as labaredas causaram.
É dessa forma que devemos agir com nossos entulhos mentais, acender o fogo da lucidez e incendiar a casa das paixões, pois dessa forma iremos destruir os condicionamentos neuróticos, as fixações tormentosas, e abrir espaço para novos valores e conquistas.
É preciso que estejamos dispostos a fazer a penetração mental com o objetivo de avaliar as impressões infantis arquivadas, avaliar as pessoas-modelos gravadas, os choques não absorvidos, os fantasmas da imaginação, e os medos cultivados pela fantasia. Dessa forma podemos reavaliar os significados, selecionar os arquivos para se livrar dos entulhos afligentes, e preservar as impressões enriquecedoras.
Nessa penetração mental deve-se ter o cuidado de evitar a autocompaixão, autocrítica, autopunição e auto justificação. Deve ser feita sempre uma seleção do material encontrado, uma análise serena de tudo que ocorreu e está registrado, e partir para a renovação. É imprescindível ter a coragem para atingir uma meta segura, sem saudade tormentosa do que passou, quer seja uma dependência química ou emocional.
É importante lembrar que o que você crê, seu subconsciente realiza. Nosso subconsciente trabalha na materialização de nossas crenças. Ele não tem senso de humor. Faz sempre o que acreditamos. Não falha!
Para a reciclagem do subconsciente deve se liberar os substratos anestesiantes e perturbadores, preencher os espaços com novos elementos equilibrados e estimulantes, e avançar na conquista do ser profundo. Lembrar que, se você não controlar sua mente, termina por encontrar alguém que vai controlar por você.
A reciclagem do subconsciente vai depender da vontade, da disposição de investir nessa empreitada, com empenho e pensamento bem direcionado. Novos condicionamentos devem ser realizados, por exemplo, ao invés de ir a um barzinho ou boca de fumo, ir a uma igreja ou uma sala de aula. Dessa foram será criado novo banco de dados no subconsciente, com auto-sugestão, recursos mnemônicos, visualização e, principalmente, a prece.
Lembrar que temos o potencial humano de evoluir para o alto, pois somos a imagem do Criador, por possuir a mesma essência através da fagulha divina da composição do nosso espírito. Devemos simplesmente desenvolver e aprimorar esses dons e recursos que nos levarão à perfeição.
A renovação psíquica e emocional deve ser constante e natural. Da mesma forma que nossas necessidades fisiológicas como alimentação, repouso, higiene e reprodução, são atendidas de forma automática, devemos criar novos automatismos na área psicológica, que possa nos impulsionar para o alto até atingirmos a plenificação.