Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
03/09/2016 00h02
REFLETINDO A FAMÍLIA – SINODO 08

            08. São muitas as crianças que nascem fora do matrimônio, sobretudo nalguns países, e muitas as que depois, crescem só com um dos pais ou num contexto familiar alargado ou reconstituído. O número dos divórcio cresce e não é raro o caso de escolhas feitas unicamente por fatores de ordem econômica. As crianças são muitas vezes objeto de disputa entre os pais, e os filhos são as verdadeiras vítimas das lacerações familiares. Os pais estão muitas vezes ausentes, não só por razões econômicas, onde, ao invés, é sentida a necessidade que eles assumam mais claramente a responsabilidade dos filhos e da família. A dignidade da mulher precisa ainda ser defendida e promovida. De fato, hoje, em muitos contextos, o ser mulher é alvo de discriminação, e até o dom da maternidade é muitas vezes penalizado, em vez de ser apresentado como um valor. Não se devem esquecer também os crescentes fenômenos de violência, de que as mulheres são vítimas, muitas vezes e, infelizmente, também no seio das famílias, e a grave e difusa mutilação genital da mulher nalgumas culturas. A exploração sexual da infância constitui, outrossim, uma das realidades mais escandalosas e perversas da sociedade atual. Também as sociedades atravessadas pela violência resultante da guerra, do terrorismo ou da presença da criminalidade organizada, conhecem situações familiares deterioradas e, sobretudo nas grandes metrópoles e suas periferias, cresce o chamado fenômeno dos meninos da rua. E as migrações são outro sinal dos tempos, que se deve enfrentar e compreender, com todo o peso de consequências sobre a vida familiar.

            Todo esse contexto apresentado diz mais respeito a uma sociedade animalizada, sem o mínimo critério ético a disciplinar suas relações. A instituição casamento não consegue cobrir essas necessidade de justiça e solidariedade humana. Pelo contrário, pode até ser utilizado como forma de aprofundar esse abismo de ignorância e perversidade.

            O pensamento da família universal não consegue uma base para se sustentar dentro de tal cultura. É necessário que a cultura cristã possa se impor frente a essa barbárie para que possamos passar de uma família nuclear egoísta, para uma família universal, fraterna.

            Felizmente, eu vivo dentro de uma cultura onde o pensamento cristão prevalece e onde essas ações bárbaras são consideradas como crime, e não como um ritual de fortalecimento da figura do macho.

            Sei que existem sociedades como estas que são descritas no texto do Sínodo, talvez até em número maior de que as sociedades de natureza mais ética. Sei que a evangelização ainda é necessária em tais culturas, até mesmo com o sacrífico dos evangelizadores que aceitam tal missão. Talvez o meu trabalho aqui, numa terra já evangelizada, seja bem mais cômodo do que o trabalho que se faz necessário nessas regiões mais distantes fisicamente de nós. Mesmo que o texto cite as grandes metrópoles e suas periferias, como é o caso de Natal, onde podemos observar o fenômeno citado. Mas nada tão grave quanto a agressão física, como mutilação de genitália de crianças ou até de mulheres e que são aceitas como uma ação positiva para o poder masculino local.

            Mas, talvez a minha ação de defesa de uma sociedade baseada na família universal possa chegar até esses rincões de forma mais eficaz, do que até a gora a família nuclear não conseguiu fazer.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/09/2016 às 00h02