Desde os estudos sistemáticos de Allan Kardec, uma corrente reflexiva da humanidade passou a fazer estudos de natureza científica, controlados, reproduzíveis, na dimensão espiritual. Mais uma vez o homem se depara com o enfrentamento da descoberta de uma nova realidade, como aconteceu com a descoberta no Novo Mundo, as américas, através dos navegadores europeus. Desta vez a perspicácia de um influente educador, autor e tradutor francês, Hippolyte Léon Denizard Rivail, nascido em Lyon, em 03-10-1804, conseguiu nos transmitir de forma lógica e compreensível, as primeiras informações do mundo espiritual longe dos dogmas religiosos e submetidos às descobertas da ciência, no que concerne a correção de erros de percepção ou de raciocínio. Utilizando as pessoas que possuem o dom de comunicação com esse mundo espiritual, os médiuns, Hippolyte, que passou a se chamar Allan Kardec, colheu as principais respostas dos espíritos e as publicou na forma de cinco livros: O Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo, O livro dos médiuns, A Gênese, e O Céu e o Inferno. Os três primeiros livros formam a base da Doutrina Espírita, com uma fase filosófica, religiosa e científica, respectivamente. Passou a ser considerado no contexto histórico como a Terceira Revelação, que se segue a primeira por Moisés, a segunda, pelo Cristo, e esta terceira pelo Consolador, o Espírito de Verdade.
O trabalho de Allan Kardec teve continuidade no Brasil com o trabalho mediúnico de Chico Xavier, que através de novos espíritos, principalmente Emmanuel e André Luiz, aprofundaram a compreensão do Evangelho do Cristo e da realidade do mundo Espiritual. Ficamos conhecendo a existência do Umbral e das Colônias Espirituais, de toda uma organização complexa e sofisticada que através do trabalho hierarquizado dos Espíritos Superiores administram o mundo material, todos sob a governança do Cristo, que representa para todos a vontade do Criador, do Pai.
Existe agora uma compreensão bem maior da composição das energias na formação desses mundos, material e espiritual, e que se interpenetram no mesmo espaço. Esta é a nossa disposição atual, de utilizar os nossos órgãos dos sentidos, nossos aparelhos tecnológicos, e principalmente, nosso racional, para entender como acontece essa interpenetração de mundos, essa comunicabilidade que existe, principalmente de lá do mundo espiritual para cá, o mundo material.
Percebemos que o principal instrumento de pesquisa e ao mesmo tempo o principal sujeito das experiências, somos nós, os seres humanos. Por esse motivo a pesquisa da nossa vida mental deve ser feita com prioridade, o autodescobrimento, para sabermos como a mente, nosso instrumento de trabalho e de evolução está construída.
Descobrimos que a estrutura mental está disposta em três espaços: o Consciente, com o qual atuamos na Natureza; o Subconsciente, no qual armazenamos nossas memórias da vida atual; e o Inconsciente, onde estão guardadas todas as memórias, conscientes ou inconscientes de nossa vida presente, que sofre influências tanto do consciente quanto do inconsciente.
Sabemos que no Inconsciente estão guardadas todas as informações de nossas inúmeras existências no processo evolutivo, desde a fase material, passando pela vegetal, animal, até chegar na fase atual, a humana, com o uso do potencial racional da mente. Agora já podemos distinguir que o projeto de vida prioritário que devemos investir, não é com o processo que acontece no mundo material, dominado pelo egoísmo, e sim no mundo espiritual, inspirado pelo altruísmo, solidariedade. Sabemos que nesse esforço evolutivo real, quanto mais avançamos, mais nos distanciamos da animalidade e nos aproximamos da angelitude.
A vinda de Jesus ao planeta na condição materializada, para nos ensinar sobre o Amor, nos ofereceu o caminho verdadeiro por onde nós podemos alcançar a vida real, a vida do Espírito sem a mácula material do egoísmo, um Espírito Puro.
É este o ponto atual dos nossos esforços, de pesquisa e de aprimoramento. Sabemos que a força do inconsciente, onde se encontra os atavismos do passado, nos empurra, como um imenso iceberg, na direção do egoísmo, enquanto a consciência, representada pela ponta desse iceberg, consegue perceber a Verdade das lições do Mestre, e procura se opor ao movimento comportamental do egoísmo e ir na direção do altruísmo, da compaixão, da fraternidade, da harmonia, da construção do que o Cristo chamou de Reino de Deus. Para isso acontecer devemos conhecer o Amor Incondicional, assim como Paulo explicou em Coríntios II, e aplica-lo em todos os nossos relacionamentos. Caso tenhamos dificuldade de saber o que fazer, basta seguir as duas principais leis que o Cristo nos ensinou: Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.
Com essa compreensão podemos olhar ao nosso redor, a família, o trabalho e as diversas manifestações culturais e de sociedades humanas, e ver o que podemos fazer para evoluir materialmente, mas sem prejudicar a evolução principal que é a espiritual, e pela qual devemos conduzir a nossa vida, obedecendo intuitivamente a vontade do Criador que existe dentro de nós, como centelha, e na consciência como lei.
Assim, passamos a ser a cobaia consciencial de nós mesmo: ser pesquisador, pesquisado e ao mesmo tempo o objeto da pesquisa.