Interessante... algumas vezes dirijo na direção do poente e logo em seguida em direção do nascente, oeste e leste, respectivamente. Essas duas situações, agregadas uma na outra, trouxe-me algumas reflexões.
Parece que isto obedece a lei dos opostos interligados, como parece ser uma característica da natureza. Bom e mau, triste e alegre, positivo e negativo, yang e yin, etc.
Então, quando dirijo para o oeste, para o poente, vejo a luz do sol se debruçar na linha do horizonte, por trás das arvores, montanhas e edifícios, e lentamente as sombras dominam o cenário. O céu neste momento parece se banhar de tons avermelhados como se uma batalha tivesse acontecido e o sangue passasse a pintar o azul celeste. Às vezes nuvens desenham um traçado de cores e sombras, dignas da mão do Criador.
A medida que a noite domina o cenário, é a luz incisiva do meu carro que abre um foco de claridade para que possa ser observado o trajeto da estrada. Agora não percebo nada ao redor, o verdor das plantas, o trinado dos pássaros, tudo fica esmaecido na linha do tempo até se perder totalmente. O que compensa tão grande transformação de claridade no negrume, é o brilho das estrelas, que talvez nem existam mais, algumas vezes auxiliadas pela lua, nas suas regulares quatro fases. Agora estou dentro da noite, as luzes artificiais são quem tentam afastar o escuro externo e uso a eletricidade para agir com minha luz interna. Procuro agir ao máximo com essa sintonia, apesar de saber que logo o cansaço também irá alcançar a minha mente e terei que adormecer. Irei sentir o apagar da mente e irei agir em outra dimensão que não posso lembrar quando acordar.
Logo em seguida o movimento contrário se processa. Estarei dirigindo em direção ao leste, ao nascente. Vejo as trevas se afastarem e grandes nuvens negras começam a adquirir cores, extasiadas pela luz do sol, que cada vez mais se impõe no firmamento. As estrelas se apagam, a lua fica opaca, pois o rei do firmamento local está atuando nos seus domínios. O meu adormecimento cada vez mais se afasta, o despertar se impõe, a consciência ativa procura mais uma vez fazer funcionar o comportamento associado à luz Divina. Quando eu comparo à luz de Deus que está presente dentro de mim, com a luz daquela estrela distante, parece a comparação do astro rei, sol, com essa minúscula estrela perdida nos confins do Universo.
Mas essa comparação também é interessante, pois sei que na evolução espiritual eu estou cada vez mais me aproximando da luz do Criador, a luz por natureza superior a todas as outras. Aquela minúscula estrela perdida no cosmo, também possui uma imensa energia, talvez muito maior do que esta que experimento do sol que me banha. Portanto, se eu caminho em direção a ela irei cada vez mais sentindo a dimensão do seu poder, da sua luz e termino por penetra-la com minha existência e tornar a minha essência comparável a essa tão grande luz, que passa a ser alimentada pelas inúmeras consciências que estão evoluindo, se aproximando e se misturando, tornando-se combustíveis para a estrela permanecer com o seu brilho superior.
Da mesma forma, esse processo da caminhada do ser humano em direção ao Criador pode ter esse significado. Nós vamos adquirindo cada vez mais a luz que emerge do Criador e ao mesmo tempo a nossa aproximação carregada de luz, irá interagir com a luz Divina, e, da mesma forma, sermos o combustível que o Criador utilizará para a criação e administração dos novos mundos.