Assisti o filme “Sangue Negro” ou “Haverá sangue” (There will be blood) e percebi como funciona o ataque das Trevas. De forma sutil, persistente, deteriorante e fatal. As melhores convicções podem se tornar trapos morais se a persistência no bem não for seguida com empenho. Qualquer vacilo pode prenunciar o início da derrocada daquele que pretende seguir a vontade do Senhor. E quanto mais aprendemos, quanto mais somos responsáveis pela nossa integridade junto a Deus. Ele sempre está sondando nosso coração e colocando à nossa frente caminhos que direcionam a nossa evolução, mensagens que devem ser compreendidas no contexto daquilo que construímos, para onde segue nossas convicções.
Ontem fiquei dentro de um teste confuso, não sei se segui bem a vontade de Deus, se fui permissivo nas minhas ações, se fui prepotente e arrogante... não sei bem...
O clima era de uma festa. Uma festa de 15 anos onde a minha compreensão dizia ser inadequada, pois os seus pais não podiam pagar pelos serviços necessários de uma festa estilizada, nos padrões da atualidade jovem. Nas leituras prévias do Evangelho e nas conversas entre os diversos parentes, todos eram unânimes em concordar da inconveniência do que os pais queriam fazer, pois certamente iriam precisar da ajuda financeira de todos. Mesmo assim os pais mantiveram esse desejo e foram até o fim, envolvendo cada vez mais os parentes e amigos.
Terminei dentro também dessas circunstâncias apesar de ser um ferrenho crítico da vaidade e egoísmo, como eu estava vendo ser conduzido. A minha postura é mais humilde, mais próxima do Mestre Jesus, que mesmo sendo o governador do nosso planeta, não se incomodou de ter nascido numa manjedoura, dentro de uma estrebaria, forrado de palha e cercado de animais. A minha vontade era de não ter ido, mas as exigências do bom relacionamento apontavam que eu devia ir. Onde estaria a vontade de Deus? Era que eu fosse ou não? Não consegui distinguir com clareza. A cada momento que a data se aproximava, eu procurava uma mensagem mais clara do Pai. Alguns fenômenos aconteceram no sentido contra a minha ida, mas não foram fortes o suficiente para minha decisão: aconteceu a necessidade de ser feita uma perícia no dia seguinte, que poderia funcionar como justificativa para não ir; choveu, em época não prevista, nos momentos que antecederam o evento, e que seria mais um motivo para eu não ir; até mesmo no momento da festa faltou energia elétrica por um bom tempo, que fez a minha reflexão se voltar para o fato de eu ter ido quando não devia. E até no final, uma tentativa de minha conduta ser comandada por outras opiniões, talvez um teste do Pai para ver se eu havia sido corrompido de forma grave. E, finalmente, o Pai coloca na minha frente esse filme para que eu assistisse na madrugada deste dia, para que eu pudesse fazer essas elucubrações, comparando com a deterioração do pastor que desde o início do filme fazia um trabalho voltado para a vontade de Deus, e terminou morto, brutalmente, pela essência do mal que ele não conseguiu combater eficazmente.
Não quero dizer com isso que estou cercado de pessoas más, que fazem coisas ruins com objetivo ostensivo de fazer mal ao próximo, não é isso. As pessoas do meu convívio são essencialmente boas, mas se deixam dominar pelas forças do egoísmo, facilitado pela ignorância da Lei do Amor, e se comportam com orgulho, vaidade, prepotência, ressentimentos, raiva e até ódio, mesmo estudando o Evangelho do Cristo e dizer que procuram fazer a Sua vontade. Eu, que conheço melhor essa Lei do Amor, tenho mais responsabilidade com minha conduta e não posso me envolver nas condutas erradas do próximo. Mas, vamos tentar esclarecer meus erros e acertos nesse teste que terminou sendo dirigido especialmente para mim, já que eu sou o mentor do trabalho espiritual que desenvolvo com os membros dessa família e que envolvo até onde posso os membros da minha própria família biológica.
O fato de eu ter ido a festa, contrária a minha consciência, foi em obediência ao politicamente correto, em atender os desejos de um pai que queria oferecer algo especial à filha, mesmo sem poder fazer isso sozinho. Fui convidado, mas não fui solicitado em ajudar em nada, em patrocinar qualquer item. Então, não podia me mostrar incomodado por esse comportamento de terceiros, e sim, que eu devia seguir as regras da boa educação e participar do evento.
Mas, caso eu resolvesse apesar de tudo isso, ter rejeitado ou mesmo justificado a minha ausência, sem mentir, colocando os motivos pelos quais eu não me sentiria bem neste evento, como não me senti, como eu iria me sentir hoje? Como eu teria feito e como me sentiria?
Diria que eu não iria, pois não estava achando justo e coerente com o que eu tentava ensinar através das lições do Cristo, sobre humildade, principalmente. Nenhuma das leituras evangélicas apontam para a adequação dessa festa. Já tivemos a oportunidade de estudar três parábolas: 1. O filho pródigo; 2. O bom samaritano; 3. O bom samaritano; e 4. Lázaro e o homem rico. Nenhuma dessas parábolas dá suporte a uma festa acontecer sem os patrocinadores terem o devido suporte. Lembro apenas de uma ocorrência nos Evangelhos do Cristo, que poderiam justificar. Foi o milagre da transmutação da água em vinho, nas bodas de caná. Os pais dos noivos também não se programaram para atender a demanda dos convidados, e faltou vinho. Jesus, à pedido da mãe, transformou a agua em vinho e evitou a vergonha dos pais nessa festa. Foi isso que teria acontecido, se nenhum parente tivesse ajudado, como eu defendia que isso fosse feito, para os pais passarem pelo constrangimento, para eles colherem o que plantaram. Mas o próprio Mestre não fez isso, evitou esse constrangimento naquela família.
Com essa compreensão, tenho a minha culpa atenuada. Não segui a vontade de Deus como está colocada em minha consciência, mas segui o exemplo do Mestre, o filho Divino que o próprio Pai enviou para nos ensinar.
Retomarei na próxima semana os estudos evangélicos e talvez nem volte a tocar nesse assunto, a não ser que o Pai indique para mim essa conduta.
Sei que o poder das trevas rondou a minha cabeça neste fim de semana, interpretada na ignorância da verdade, mas que, apesar das dúvidas, eu sinto que meu comportamento não foi totalmente condenado pelo Pai.