Tem um ditado que diz, fulano de tal está com a “pá virada”, que segundo o nosso folclorista e principal estudioso potiguar, significa alguém que pode fazer alguma coisa, mas que está deitado ou mantido na ociosidade sem fazer o que seu instrumento carnal tem como missão. É como se fosse uma pá emborcada, virada, que não está em funcionamento. Eu não conhecia o sentido desse termo, e somente nesta semana, fazendo resgate dos documentários de Câmara Cascudo para comercializar na Loja Mãos de Arte, foi que prestei atenção, e vi que isso poderia também se aplicar a mim, pois tenho muita tarefa designada pelo Pai, mas não estou fazendo a contento. Sei que estou sendo rigoroso, pois muito já estou fazendo, mas a consciência continua acusando que mais poderia ser feito. E talvez esse ditado venha como um precursor de ordens severas do Pai, um pouco mais adiante.
Costumo dizer que quero ser um instrumento do Pai para fazer a Sua vontade, em detrimento da minha. Querer é uma coisa, ser é outra muito diferente. Raramente as coisas andam juntas. Sei que já iniciei muitas tarefas que são da vontade do Pai, que me sacrifico em algumas delas e isso é prova de que não é a minha vontade e sim a dEle.
Agora, se a minha ferramenta de servir a Deus está virada, e se isso atende aos desejos do meu corpo, e se meu corpo ainda exerce forte poder sobre o meu livre arbítrio, o meu comportamento, então a minha fala de querer servir a Deus começa a parecer hipocrisia.
Tenho que vigiar esse aspecto, pois se prometo ser ou fazer alguma coisa, sabendo de antemão que não poderei fazer, está caracterizada a hipocrisia. Como fazer para evitar isso? Reconhecer as dificuldades, os vícios e defeitos que todos nós possuímos. Ao reconhecer, não prometer ao Pai algo que não posso cumprir.
A tarefa que é posta à minha frente, neste momento, é desvirar minha ferramenta, adaptar o meu corpo ao trabalho extra, aquele que se torna necessário para que eu atinja o nível de cidadão do Reino de Deus.