Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
21/10/2016 14h03
CHICO E/OU KARDEC

            Existe no meio espírita uma dúvida sobre quem seria o espírito que animou o corpo de Chico Xavier, muitos acreditando que tenha sido o espírito de Allan Kardec.

            Essa possibilidade não é bem aceita pelo meu raciocínio e intuições, mesmo que seja defendido por pessoas da mais alta confiabilidade, mas que fazem questão de dizerem que são suas próprias conclusões e não uma informação definitiva.

            Não quero com esse texto fazer referências acadêmicas para o que vou defender, nem quero com isso abrir polêmica dentro do pensamento espírita. Quero apenas deixar também explícito o meu modo de pensar e que o tempo pode muito bem se encarregar de demonstrar onde estou errando, inclusive com a leitura caridosa de quem está agora me privilegiando.

            Firmei a compreensão que os espíritos que reencarnam trazem sempre dentro do seu pensamento e comportamento as características marcantes das personalidades materiais que lhes antecedeu, como Júlio César e Napoleão, Bartolomeu de Gusmão e Santos Dumont, João Evangelista e Francisco de Assis, Joana de Ângelis e Joana Angélica, Elias e João Batista, etc...

            Não vejo essa correspondência em Chico Xavier e Allan Kardec, apesar de ambos estarem profundamente envolvidos com a causa cristã dentro do movimento espírita.

            Allan Kardec era uma personalidade muito envolvida com a ciência, com as letras, com a procura da Verdade através da experimentação, do questionamento. Conseguiu codificar a Doutrina Espírita sem demonstrar em nenhum momento a mediunidade ostensiva que o Chico apresentava, sempre a sua base de trabalho foi meticulosa, no sentido de fazer perguntas inteligentes e apropriadas e aceitar aquelas que fossem mais coerentes. Fez a ampliação desse trabalho para além da França onde residia, para qualquer lugar do mundo, através da criação de um periódico mensal chamado “Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos”.

            Chico Xavier era uma personalidade muito envolvida com a caridade, com a humildade, com a obediência à disciplina. Reconheceu a existência do mundo espiritual logo cedo em sua vida e aceitou a instrução do mentor espiritual, Emanuel, sem tergiversações. Quando começou a receber as poesias para iniciar a construção dos seus livros psicografados, teve muita dificuldade na tradução mental dos versos de Augusto dos Anjos, que fez o mesmo reclamar da situação. Este fato não está de acordo com as características de Allan Kardec, que dominava as letras.

            São essas e outras características relativas as personalidades de ambos que acho difícil tratar-se do mesmo espírito. Mas, também coloco aqui neste espaço de reflexão, que esta é a minha opinião, e que pode estar mais afastada da verdade do que aqueles que defendem ser o mesmo espírito que animou os dois corpos.

            Continuarei a ler com atenção todos os argumentos que forem colocados nesta questão, sem uma opinião cristalizada, e sim sempre submetida aos argumentos que mostrem com coerência uma maior aproximação da Verdade, como deve ser e como a própria doutrina ensina.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/10/2016 às 14h03