A apatia é uma das características da depressão. A emoção da pessoa fica dominada pela indiferença do que está acontecendo, parece mais o funcionamento de um robô. As atividades habituais ficam impedidas, há perca dos objetivos da vida, a pessoa entra num tormento silencioso, isolado e termina alienado da vida que transcorre ao seu lado.
Isso corresponde a uma viciação mental, não há preocupação com as outras pessoas, não se preocupa com o lugar onde está. As causas para essa condição pode ser explicada por conflitos e decepções sobre uma estrutura psicológica frágil. Uma valorização do secundário ao invés do essencial, o próprio Eu. A pessoa deixa de cumprir o projeto evolutivo da sua própria vida, que implica em esforço para vencer os obstáculos, e faz o contrário, o uso egoísta da vida, usando-a para obter prazeres, mesmo que seja dentro da apatia, da viciação mental. Isso pode levar direta ou indiretamente ao desrespeito ao próximo ou a sociedade.
A atitude egocêntrica sempre tem início na infância e por esse motivo os pais tem a grande responsabilidade de ir aparando esses comportamentos à medida que eles surgem de forma incompatível com a boa convivência em sociedade. A pessoa pode crescer sem essa consciência dos limites que deve respeitar para não prejudicar ao próximo e pensa que o mundo deve girar ao redor dele. Essa imaturidade psicológica logo provoca sentimentos de desconsideração, desamparo e que não tem chances de triunfo, ao sentir o impacto da vida mostrando que o esforço pessoal deve ser utilizado para a conquista daquilo que é possível. A pessoa imatura pode se sentir cansada por tentar a auto afirmação, empreender e sempre perder. Não considera suas vitórias e supervaloriza as derrotas que são mais constantes. O desamor prevalece no campo mental pela aplicação errada do sentimento do amor, pela tentativas de trocas de interesses, e na vigência de uma paixão não exibe nenhum controle, se abandona dentro do fluxo emocional com um grande potencial de prejuízo para si e para quem está por perto. A indiferença passa a ser a sua máscara mais comum, uma postura fria de ser inimigo de todos, e não consegue lutar contra as causas desse mal, pois não as percebe.
A arrogância e o egocentrismo que podem ser gerados nesse contexto tem o poder de acabar com a fé. Os pais são os principais responsáveis para acabar com o egocentrismo dos seus filhos. O egoísmo não consiste em vivermos conforme os nossos desejos, mas sim em exigirmos que os outros vivam da mesma forma que nós gostaríamos. O altruísmo se caracteriza em deixarmos todo mundo viver do jeito que bem quer, desde que não traga prejuízos ao próximo ou à coletividade.
A indiferença dentro de personalidades egoístas pode levar a criação de verdadeiros monstros, alienados da condição humana, com os sentimentos mortificados, visão esquizofrênica do mundo, e caso assumam cargos de poder podem se tornar algozes da humanidade, com crimes hediondos como podemos observar na história recente. Hitler, que levou a morte cerca de 12.000.000 de pessoas, Stalin 23.000.000, e Mao Ze Dong 38.702.000.
A acomodação mental é o primeiro sinal que surge como mecanismo de defesa, para evitar trabalho e preocupação. É o famoso “deixa prá lá” e ficar dentro de casa na cama ou no sofá, acompanhando tudo pela televisão, podendo até reclamar, mas sem fazer nada para corrigir. Essas pessoas não compreendem que uma questão não resolvida sempre retorna com mais complicação, que a evolução não permite a indiferença, que a vida é movimento e que repouso é pobreza espiritual.
Tudo no universo está em movimento, mesmo que aparentemente tudo esteja parado. É como aquele discípulo que se aproxima do pastor após um culto, e admirando a beleza e o silêncio da noite comenta: “Nunca percebi tão grande e profundo silêncio”, ao passo que o pastor respondeu: “Nunca havia ouvido toda a música das galáxias no universo”. Isso mostra que o pastor tem a consciência que tudo está em movimento no universo, que as estrelas que piscam e o céu pontilhado é um retrato aparentemente estático do grande movimento que existe ao nosso redor.
Para corrigir a indiferença, é importante que seja mudado o centro do interesse emotivo. Ter a consciência de que se acostumar com a situação de apatia pode virar viciação mental com mais dificuldade de ser corrigida, pois tem um caráter anestesiante e se torna um tóxico com o tempo. É preciso que sejam despertadas outras áreas do sentimento que ainda estão adormecidas ou virgens. Lembrar que a mudança não é dolorosa, mas a resistência a mudança sim.
É importante que tenhamos a consciência do fluxo divino que permeia o universo, que a força da vida é incessante, e que a indiferença significa rebeldia a lei da vida, que causa a hipertrofia do ser e a paralisia da alma. O fracasso sempre vai acontecer em nossas ações, mas devemos tirar lições deles, levantar e tentar de novo. Fazer como Thomas Edson ao descobrir a lâmpada elétrica após diversas tentativas: “Eu não falhei! Eu apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionam.
O amor incondicional é o melhor antídoto para corrigir a síndrome da indiferença, a retribuição da afetividade mal direcionada. Para prevenir a síndrome é preciso que haja o amor sem procura de recompensa, e o bem sem espera da gratidão. O resultado positivo dessa atitude é que a pessoa consegue assim sair do gelo interior, sente os ardores da emotividade e da autorrealização.
Emanuel já falava: “Tua vida pode converter-se num manancial de bênçãos para os outros e para tua alma, se te aplicares, de verdade, ao Mestre do Amor. Lembra-te que não és tu quem espera pela Divina Luz. É a Divina Luz, força do Céu ao teu lado, que permanece esperando por ti”.
Finalmente, as recomendações importantes: não deixe que a indiferença se enraíze; se doe ao próximo, para quem deseja viver, quem busca alegria de companheiro, de afeto e paz; encontre consigo mesmo no próximo e recupere assim a razão e o objetivo de atividade realizadora.