Recebi a seguinte mensagem pelo Facebook: “O perdão não deve ser negado a ninguém, mas a confiança nunca se recupera.”
Como sempre faço, procuro aplicar a lição à minha vida, aos meus erros e pecados, aquilo que fiz a alguém e que mereço seu perdão, ou vice-versa.
Procurei na consciência onde eu pude prejudicar alguém, a quem eu fiz algo errado que mereço pedir o perdão e perdi a confiança para sempre? O fato mais marcante que encontrei fazendo essa investigação na memória, foi a mudança de paradigma que fiz acontecer na minha vida, e que isso afetou diretamente a minha esposa na época, e cometi o pecado de não a colocar conhecedora dessas alterações que estavam se processando no meu psiquismo desde o início. Porém, tenho um atenuante, no momento que ela perguntou sobre o meu comportamento, pensando que eu estava cumprindo os paradigmas que ela conhecia, não tive dúvida de falar tudo que aconteceu na minha mente, que mudou os meus paradigmas e que se refletiu na minha conduta. O choque dela foi grande por não esperar que isso podia acontecer.
Tenho culpa? Sim, acredito, eu deveria ter lhe colocado a par do que acontecia desde o início. Mas preferi enfrentar essa batalha cognitiva sozinho, esperava que não fosse acontecer a mudança que terminou acontecendo. Eu pensava que os princípios que eu adotava desde a juventude eram fortes os suficientes para resistir aos desejos da carne, do corpo. Não eram!
O ponto que eu quero discutir aqui é que, fiz algo que mereço perdão, trai a confiança da minha esposa que imaginava que eu seria fiel aos compromisso do casamento até o fim de nossas vidas. Mas, quanto a confiança, a coisa não é tão clara quanto o erro que cometi e que mereço o perdão. Eu não fiz algo com a intenção predeterminada de prejudicar minha companheira, foi uma ação que tive que fazer baseado em argumentos cognitivos que levavam em consideração o meu bem estar e que se eu não o fizesse iria deteriorar de forma definitiva o nosso relacionamento. É tanto que, quando eu resolvi sair para namorar com minha amiga, isso teve um resultado altamente positivo de voltar a me sentir bem com minha esposa. Isso não seria, então, motivo para ela perder a confiança em mim, pois o que eu fiz garantiu a minha presença junto dela de forma harmônica, como era o nosso compromisso original. Considero que por causa disso eu não tenha perdido a confiança da minha companheira para sempre.
Só em um aspecto acredito que possa se justificar a “perda da confiança”. É no aspecto que aquilo que nós prometemos em alguma ocasião pode haver transformação no futuro. Essa lição deve nos precaver para não causar outros erros da mesma forma. Para evitar isso, cada relacionamento que for construído daqui para frente, deve conter esta cláusula importante, que as mudanças de conjuntura e de perspectivas que a vida nos trouxer, podem ter a força de mudar em nosso psiquismo alguma promessa realizada. Isso tem a importância de não procurar manter o outro dentro de padrões rígidos, que o momento atual exija uma mudança de comportamento, e que devido a uma promessa feita no passado não possa ser realizada.