Hoje é um dia marcado pela lembrança dos mortos. Quem conhece a Doutrina Espírita sabe que somos em essência Espíritos imortais, que usa um corpo quando está encarnado, cumprindo missão de aprendizado aqui na Terra, através de um perispírito, estrutura semi-material que une o corpo ao Espírito, e que através dele o Espírito deve administrar o corpo.
Quando a morte chega para o corpo físico, o nosso Espírito fica desligado e podemos continuar a nos manifestar pelo perispírito ou corpo astral, e que permanece com as emoções, inteligência, vontade e consciência.
Dessa forma, a morte como muita gente entende, como coisa definitiva, associada exclusivamente ao corpo físico, não existe, pois o Espírito sobrevive e pode continuar a se manifestar através do perispírito, com todos os recursos cognitivos, emocionais e virtuosos que ele haja alcançado através do seu comportamento.
Ninguém morre no sentido de acabar para sempre. A morte deve ser compreendida como uma passagem da alma do plano material para o plano espiritual. Esse pequeno intervalo que permanecemos encarnados serve para que possamos aprimorar nossas qualidades morais. É como um estudante que deve vestir sua farda para frequentar o grau escolar onde está matriculado.
Embora tenhamos um grande desenvolvimento intelectual, a morte continua sendo pouco entendida para a maioria, inclusive para os membros da academia, setor da sociedade que deve ir à frente dos conhecimentos de forma universal.
Por esse motivo, muitos de nós ao passarmos do mundo material para o espiritual devido o fenômeno da morte do corpo físico, mostram muitas dificuldades de se adaptarem as condições de vida no mundo espiritual. O condicionamento de suas mentes feitas no período da encarnação, induz para que este permaneça ao lado do corpo, mesmo que este não possa mais influenciá-lo e que ele esteja se deteriorando sob ação das bactérias da terra.
Esse apego que pode ser gerado pelo corpo, como se fosse nossa única alternativa de vida, gera forte desequilíbrio emocional no momento inevitável da separação, tanto para os que passam para o mundo espiritual, quanto para os que permanecem no mundo material.
Este é o principal motivo pelo qual no dia de hoje, dedicado aos finados, os cemitérios se encherem de pessoas em busca dos seus entes queridos que sofreram a fenômeno da morte física. Acreditam que eles estejam ali, naquela simples sepultura, preso a um corpo que se deteriora a cada dia, até restarem apenas a estrutura óssea, o arcabouço dentário, constituído de minerais.
Sei que os meus entes queridos que já voltaram para o mundo espiritual não se encontram ali onde os seus corpos se deterioram. Sei que eles estão habitando dimensões espirituais adequadas ao grau de evolução moral que eles conseguiram, que podem estar neste momento ao meu lado, me intuindo ou me agradecendo por meus pensamentos se voltarem para eles em forma de prece, de agradecimento, e de pedidos para a sua boa avaliação pelo bem que praticou na sua vida terrena, principalmente por aquilo que de positivo fez para minha própria evolução.
Não fui ao cemitério como tantos foram e isso tem um sentido positivo, de agradecimento e reconhecimento pelo bem que promoveram a quem aqui permanece. Eu não fui ao cemitério, acho mais importante fazer minhas preces e incluir o nome de todos que contribuíram para a minha atual estatura moral e espiritual, social e científica.
Irei fazer isso em nome de todos que a minha memória alcançar e também para aqueles que não lembrar e que eu não saiba que foi um dos meus benfeitores. Eu posso não saber, mais o Pai sabe de todos os detalhes de nossa existência, de quem ajudou e de quem atrapalhou. Não irei me preocupar por quem quis me atrapalhar de alguma forma ou por algum motivo, irei me preocupar em prestar a justa homenagem a quem me beneficiou, no silêncio do meu quarto, de forma silenciosa, mas de forma ensurdecedora aos ouvidos do Criador, pois é assim que Ele quer que procedamos, agir de forma caridosa, de forma silenciosa, humilde e fraterna.