Texto do documento:
No mundo atual, não faltam tendência culturais que parecem impor uma afetividade sem limites, de que se querem explorar todos os meandros, mesmo os mais complexos. De facto, a questão da fragilidade afetiva é de grande atualidade: uma afetividade narcisista, instável e mutável, que nem sempre ajuda os sujeitos a alcançar uma maior maturidade. É preocupante uma certa difusão da pornografia e da comercialização do corpo, favorecida por um uso distorcido da internet, e há que denunciar a situação das pessoas que são obrigadas a praticar a prostituição. Neste contexto, os casais ficam, por vezes, incertos, hesitantes, e a custo encontram os modos para crescer. São muitos os que tendem a ficar nas fases primárias da vida emocional e sexual. A crise do casal desestabiliza a família e pode acarretar, através das separações e dos divórcios, sérias consequências para os adultos, os filhos e a sociedade, enfraquecendo o indivíduo e os laços sociais. Também a quebra demográfica, resultante de uma mentalidade antinatalista e promovida pelas políticas mundiais de saúde reprodutiva, não só determina uma situação, em que o revezar das gerações já não é assegurado, mas corre o risco de levar, com o tempo, a um empobrecimento econômico e a uma perda de esperança no futuro. O progresso das biotecnologias teve também ele um forte impacto sobre a natalidade.
As tendências culturais do mundo atual, como aconteceu em qualquer momento da nossa história, sempre teve como motivação o atavismo psicológico que armazenamos ao longo de nossas vivências na trajetória evolutiva que cada um teve oportunidade de se envolver. Isso justifica a falta de limites quando nos comportamos no sentido de obedecer a esse atavismo que é essencialmente egoísta. A afetividade assume características narcisísticas e mutáveis, sempre em busca do melhor para si, mesmo que isso cause prejuízos aos legítimos interesses do próximo. Isto fica bem claro na pornografia e na comercialização do corpo, mesmo que para alguns essa seja a alternativa mais prática para garantir a sobrevivência.
Os casais ficam expostos a tais pressões geradas pelo atavismo individual de cada um, focadas nas fases primárias da existência e com precárias condições de se voltar para as ações fraternas de ajuda ao próximo, sem quere com isso alcançar qualquer forma de benefícios individualistas e parasitários.
Este é o grande desafio que está colocado para nós, que consigamos alcançar o nível de relacionamentos caracterizados como a família universal que construirá o Reino de Deus.