Entre o lusco-fusco da consciência e o pleno acordar, passei por um tipo de sonho, com imagens e emoções, lógica e fé.
Sonhei que estava no campo, no trabalho reservado ao Pai, organizando comunidades, ajudando os necessitados, tolerando as ignorâncias tanto minhas quanto de meus irmãos.
Não consigo alcançar com nitidez tudo que se passou por meus pensamentos nesse momento. Lembro que estava em uma atividade dentro da comunidade, na porta do presidente da Associação, algo assim, quando chega um rapaz dizendo da necessidade de pagar uma conta de energia ou de água, não sei bem. Sei que era uma despesa que ele tinha necessidade e que a Associação através de mim pudesse lhe ajudar. Ele voltou para a casa que era próxima de onde eu estava para pegar esses documentos. Tinha uma senhora sentada numa cadeira na calçada que eu imaginava que era a sua mãe. O meu carro estava estacionado de forma atravessada na rua o que impedia passagem de outros veículos. Fui entrar no carro para estacionar melhor e aguardar o rapaz. Ao fazer isso ouvi à distância a mãe falar com outra pessoa sobre a minha bondade de querer ajudar. Reconheci nessa fala a minha identificação de estar situado no exército do bem, sobre a liderança do Cristo.
Ao fazer a manobra para estacionar mais próximo do meio-fio, tentando ver pelo retrovisor quem estava falando de mim, não sei por qual razão o carro se distanciou e eu já estava bem distante, sem conseguir mais ver a casa do rapaz. Teria que fazer manobra para voltar. Percebi a dificuldade de fazer isso, manobrar de ré, evitar acidente com outros carros... a angústia começava a tomar conta de mim ao perceber que talvez não fosse possível eu voltar, que seria mais conveniente desistir. As lágrimas queriam vir ao meu rosto, a dúvida, a frustração, eram fortes... foi aí que despertei e procurei registrar aqui essas impressões.
Compreendi que se passou na minha consciência um reflexo da batalha que acontece no mundo espiritual e material, entre o bem e o mal. Nós, que estamos intencionados de atuar no exército do bem, sob o comendo de Jesus, não podemos esmorecer ou deixar que o orgulho, vaidade ou preguiça tome conta de nossas ações.
Acredito que o fato de ter ouvido da suposta mãe da pessoa que eu iria ajudar que eu era uma pessoa do Bem, isso deve ter despertado algo de vaidade, ao procurar saber de onde partia a voz. Tirou o foco da minha atenção em praticar o Bem para alimentar a minha Vaidade em ser reconhecido como uma pessoa que ajuda aos outros. Foi esse o motivo do Mestre ter informado que o que uma mão fizer a outra não saber, pois o fato do reconhecimento público de ações positivas podem despertar sentimentos de vaidade e isso atrasar o desenvolvimento real do que podemos fazer.
Acredito que são esses pequenos detalhes, a artilharia do mal contra nós que estamos situados na fronteira do bem, para desviar nossa atenção do bem estar coletivo para o bem estar individual, do altruísmo para o egoísmo. Talvez o sonho tenha vindo como um recado dos meus superiores hierárquicos no exército do Bem, para que eu use o capacete da humildade e não deixar que essas balas perdidas me atinjam.