Aos 20 dias de outubro de 1952 eu estava vindo à luz, às 6h da manhã. Foi um procedimento complicado. A minha mãe passava pela primeira vez por essa experiência, parir uma criança dentro de sua própria casa, assistida apenas por uma parteira. O canal do parto era estreito, eu estava em sérias dificuldades, minha mãe também. A parteira já cansada, fazia de tudo para que essa criança de cabeça tão grande viesse a respirar pela primeira vez o oxigênio com seus próprios pulmões. Já estava cansada de tanto esforço, colocara para fora toda a sua habilidade, nada. A criança continua retida naquela situação, minha mãe cansada de dores e sem forças para continuar o processo de expulsão. Minha cabeça já marcada pelos dedos da parteira que tanto tentava me puxar. Não restava mais outra alternativa, tinha que ser pedido o auxílio divino.
Alguém lembrou que estávamos no mês de outubro, o mês que sempre é festejado o santo de Assis, São Francisco, reconhecido mundialmente pelo seu amor à Deus através da Natureza e o amor à Jesus por sua capacidade de abnegação para nos tirar das trevas da ignorância para a luz da Verdade. Também tinha a capacidade de fazer milagres, os mais difíceis de acontecer. Foi prometido a ele que se eu conseguisse sair daquela situação, e que a vida da minha mãe também fosse poupada, que eu teria o seu nome e dedicação. O milagre aconteceu. Eu consegui vir à luz e recebi o nome de Francisco com o adjunto de “das Chagas”, talvez pela lembrança do grande sofrimento onde nós estávamos metidos.
Acontece que eu, na condição de primogênito de meus pais, já estava ofertado a Deus. Eles não tinham conhecimento disso, por isso fizeram o acordo com São Francisco sem constrangimento. Também Deus não irá fazer questão disso, pois o Santo de Assis cumpriu muito bem a vontade dEle e pode muito bem me auxiliar, quando o meu tempo for chegado, de fazer a Sua vontade.
O fato dessas circunstâncias do meu nascimento foi de certa forma esquecido, apenas alguns parentes comentavam aqui e acolá essas ocorrência, mas sem dar destaque no compromisso que foi firmado com os mentores espirituais.
Somente com a chegada da maturidade, do reconhecimento sem dúvidas do mundo espiritual, que temos como filhos de Deus uma missão a cumprir de acordo com Sua vontade, é que veio à minha consciência a importância daqueles fatos. É pena que a minha mãe já esteja falecida, pois eu teria muitas perguntas a fazer correspondentes ao que ela sentiu e prometeu ao Santo.
Mas isso não irá atrapalhar as minhas convicções. Estou certo da minha maior dedicação em fazer na prática a vontade de Deus e que São Francisco de Assis servirá de modelo de dedicação e abnegação para que eu cumpra o que a voz da minha consciência diz ser a vontade de Deus. Mesmo que eu tenha um outro perfil de ação, não irei me dedicar a senhora Pobreza como ele fez, irei me dedicar em construir o Reino de Deus como Jesus ensinou, usando todos os recursos da Natureza fora e dentro de mim, com as virtudes que o Pai me deu na produção dos frutos e assim começar a colocar os alicerces da família universal através da prática do Amor Incondicional.