Em continuação ao documento eclesiástico da Igreja Católica sobre a família, vamos avaliar hoje a 11ª parte.
Neste contexto, a Igreja sente a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperança. Há que partir da convicção de que o homem vem de Deus e que, portanto, uma reflexão capaz de repropor as grandes perguntas sobre o ser homens pode encontrar um terreno fértil nas expectativas mais profundas da humanidade. Os grandes valores do matrimônio e da família cristã correspondem à procura que atravessa a existência humana, mesmo num tempo marcado pelo individualismo e pelo hedonismo. Há que escolher as pessoas com a sua existência concreta, saber apoiar essa procura, encorajar o desejo de Deus e a vontade de sentir-se plenamente parte da Igreja, também em quem fez experiência do fracasso ou se encontra nas situações mais diversificadas. A mensagem cristã traz sempre em si a realidade e a dinâmica da misericórdia e da verdade, que em Cristo convergem.
Há um elogio direto aos “grandes valores do matrimônio e da família cristã”, mesmo num tempo marcado pelo individualismo e pelo hedonismo. Entendo que o matrimônio tenha sido uma forma de deter o poder do individualismo/hedonismo, como forma de proteção à companheira e aos filhos. É um passo importante na evolução moral da humanidade. Porém, não é o modelo definitivo para alcançar a condição de Família Universal, pois está alicerçado sobre o Amor Romântico e não sobre o Amor Incondicional.
Há de se encontrar a metodologia de colocar a mensagem cristã em prática, observando a realidade dos dias atuais, com a misericórdia com todos, miseráveis de todos os lados, inclusive nós que ainda sofremos importante miséria da ignorância da Lei de Deus e da responsabilidade de nossas missões.
A verdade é o fator libertador que o Cristo ensinou, porém os valores individualistas/hedônicos obnubilam a nossa visão e permanecemos a nos comportar dentro dos critérios do Amor Romântico com todo o graus de ciúme e exclusivismo que ele provoca.
A Igreja ao incentivar o matrimônio com vistas a reduzir o poder do individualismo/hedonismo presta um grande serviço à humanidade, mas não pode acreditar que isso é suficiente. Não pode ficar dentro do trabalho pastoral de defender esse padrão familiar que é o grande fator de individualismo, egoísmo parental. Parece um paradoxo, a Igreja tentar eliminar a força do individualismo/hedonismo e terminar por favorece-lo.
Não quero assim anular o que de positivo a Igreja fez até hoje, mas não posso deixar de criticar a miopia eclesiástica de ver que o Amor Romântico não pode continuar sendo a prioridade frente ao Amor Incondicional, de defender o Amor Incondicional na teoria e na prática prevalecer o Amor Romântico e suas consequencias.