Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/11/2016 00h33
BIG DATA

            Recebi um texto pela internet chamado “Big data: a nova religião da humanidade, de autoria de Yuval Noah Harari, que me trouxe novas reflexões. O texto na íntegra é o seguinte:

            Estamos diante de uma nova etapa da humanidade em que renunciamos à privacidade e até ao livre-arbítrio.

            Por milhares de anos, os humanos acreditaram que a autoridade vinha dos deuses. Então, durante a era moderna, com o humanismo, transferiu-se gradualmente a autoridade de divindades para as pessoas.

            Jean-Jacques Rousseau resumiu essa revolução no seu tratado sobre educação “Emile”, de 1762. Buscando pelas regras de como se conduzir na vida, Rousseau as encontrou “nas profundezas do meu coração, traçados pela natureza em caracteres que nada pode apagar. Eu preciso somente me perguntar sobre o que eu gostaria de fazer: o que eu sinto ser bom é bom, o que eu sinto ser ruim é ruim.”

            Pensadores humanistas, como Rousseau, nos convenceram de que nossos próprios sentimentos e desejo são a melhor fonte de significado, e que o nosso livre arbítrio é, portanto, a mais alta autoridade de todas.

            Neste momento, uma nova mudança está ocorrendo. Assim como a autoridade divina foi legitimada por mitologias religiosas e a autoridade humana foi legitimada por ideologias humanistas, do mesmo modo hoje gurus da alta tecnologia e profetas do Vale do Silício estão criando uma nova narrativa universal que legitima a autoridade de algoritmos e do Big Data (nota do tradutor: no sentido do texto, a expressão é utilizada para referir-se ao conjunto gigantesco de dados computacionais complexos existente no mundo).

            Essa crença pode ser chamada de “Dataísmo”. Em sua forma extrema, os proponentes da visão de mundo Dataísta percebem todo o universo como um fluxo de dados, veem os organismos como pouco mais do que algoritmos bioquímicos e acreditam que a vocação cósmica da humanidade é criar um sistema de processamento de dados abrangente – e então fundir-se a tudo isso.

            Nós já estamos nos tornando minúsculos chips dentro de um sistema gigante que ninguém realmente entende. Todo dia absorvo incontáveis bits de dados através de e-mails, telefonemas e mensagens de texto. Depois processo os dados e transmito novos bits através de e-mails, telefonemas e mensagens de texto.

            Eu realmente não sei onde me encaixo no grande esquema das coisas, e de que forma meus bits de dados se conectam com os bits produzidos por milhares de milhões de outros seres humanos e computadores. E eu não tenho tempo para descobrir, porque eu estou muito ocupado respondendo e-mails. Este fluxo de dados gera implacáveis faíscas e novas invenções e perturbações que ninguém planejava, consegue controlar ou compreender.  

            Mas ninguém precisa entender. Tudo que você precisa fazer é responder seus e-mails mais rápido. Assim como os capitalistas acreditam na mão invisível do mercado, do mesmo modo os Dataístas acreditam na mão invisível do fluxo de dados. Como o sistema de processamento de dados global se torna onisciente e todo-poderoso, então a conexão com o sistema torna-se a fonte de todo o significado.

            O novo lema diz: “Se você experimentar algo novo, registre a experiência. Se você registra alguma coisa, coloque-a na internet. Se você colocar alguma coisa na internet, compartilhe-a”.

            Não tinha tido conhecimento dessa ideia, de sermos considerados bits dentro da Natureza. Um papel secundário, sem nenhuma conexão com Deus. É positiva a perspectiva de que haverá um tipo de confraternização, onde todos estão interligados e se comunicando reciprocamente. Resta incluir nessa visão o propósito de conhecer e cumprir a vontade do Criador, pois é dEle que recebemos todos os fluxos que garantem a nossa vida com qualidade.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/11/2016 às 00h33