A visão mais significativa que tenho da Natureza é durante o amanhecer, naquele lusco-fusco que começa a jogar luz nas trevas da noite. Vejo nuvens escuras se afastando do foco da luz e àquelas nuvens mais cheias, frondosas, preguiçosas aguardam que a luz chegue e ilumine toda sua estrutura, interna e externa. Dessa forma, o sol ainda não surgiu, mas essas nuvens passam a ser os seus arautos, já começam a trazer a luz de forma indireta através dos mais belos formatos que elas assumem.
Faço de imediato a comparação do que acontece aqui no planeta Terra, com a nossa ainda egoísta humanidade, tão perdida nas trevas da ignorância. Vivemos uma noite longa, cheia de guerras, corrupções, fome, enriquecimento ilícito, misérias de todas as formas. Tivemos várias pessoas em todas as latitudes, falando e ensinando a ética e os bons costumes, inclusive o filho de Deus que veio nos ensinar sobre o Amor Incondicional. Suas lições são como os raios precoces do sol, capazes de afastar as sombras do mal e iluminar a todos.
Mas como fazer chegar a Luz aos corações que foram gerados nas trevas, educados e sobrevividos na Lei da Selva, da animalidade, da ignorância das Leis de Deus? Quando a pessoa é gerada e tem um mínimo de educação evangélica, torna-se mais fácil ser atingido o seu coração, mas quando é embrutecido pelas exigências da sobrevivência, torna-se bem mais difícil a tarefa de iluminação.
Nós somos como essas nuvens mais frondosas que já absorvemos a Luz que o Cristo nos trouxe da realidade do Sol de Deus. Mesmo tendo uma existência passageira aqui na Terra, podemos ter esse papel de intermediários da luminosidade maior do Sol que logo irá surgir.
Em qualquer canto que nos movimentemos temos a responsabilidade de portar a Luz conosco, numa posição especial que seja vista à distância.
Quando estamos em grupo, geralmente em festas, mesmo que estas tenham uma motivação cristã, observamos o predomínio das relações egoísticas, o orgulho, a vaidade, a prepotência, a intolerância... nós que portamos a Luz e queremos fazê-la brilhar, muitas vezes não conseguimos. Parece que as sombras tem o poder de ofuscar a Luz. Sei que isso não é possível, qualquer centelha de Luz é capaz de afastar um batalhão de sombras. O que pode estar acontecendo quando me vem a ideia de que a minha luz não consegue vencer as sombras, é que não consigo ainda fazer brilhar a verdadeira Luz que se origina do Criador, ainda estou contaminado pelo atavismo psicológico enraizado dentro do meu psiquismo, que contamina minhas relações interpessoais de quaisquer naturezas.
Devo estar consciente que a Luz sempre vence as trevas e que se existe uma maioria de sombras ao meu redor é porque algum nível de Luz existe entre elas, pois senão não fariam as sombras. Isso implica em dizer que a minha incapacidade de levar a Luz capaz de vencer as trevas, é porque possuo dentro de mim ainda existe muita sombra que a Luz divina projetou e que ainda não consegui me livrar delas. Não posso esquecer que ainda sou uma nuvem, por mais frondosa que seja, mas com regiões escuras, apesar de outras estarem mais luminosas. Continuo ainda sendo um intermediário da Luz do Criador, e muito longe das características apresentadas pelo Mestre Jesus quando estava entre nós.