A festa natalina que promovemos no dia anterior, foi um exemplo da dificuldade que possuímos no exercício da nossa espiritualidade. Mesmo que as religiões em seus diversos templos e formatos tendem a nos ajudar a expressar essa espiritualidade, mesmo assim a nossa natureza animal ainda fortemente subjugada pelas motivações atávicas, nos deixa muito longe daquilo que o padre Pierre Teilhard de Chardin escreveu no seu texto comparativo da espiritualidade com a religião:
“A religião não é apenas uma, são centenas; a espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem; a espiritualidade é para os que estão despertos.
A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados; a espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas; a espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.
A religião ameaça e amedronta; a espiritualidade lhe dá paz interior.
A religião fala de pecado e de culpa; a espiritualidade lhe diz: “aprenda com o erro”...
A religião reprime tudo, te faz falso; a espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus; a espiritualidade é Tudo, portanto é Deus.
A religião inventa; a espiritualidade descobre.
A religião não indaga nem questiona; a espiritualidade questiona tudo.
A religião é humana, é uma organização com regras; a espiritualidade é divina, sem regras.
A religião é causa de divisões; a espiritualidade é causa de União.
A religião lhe busca para que acredite; a espiritualidade você tem que busca-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado; a espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.
A religião se alimenta do medo; a espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião vai viver no pensamento; a espiritualidade vai viver na Consciência.
A religião se ocupa com fazer; a espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego; a espiritualidade nos faz Transcender.
A religião nos faz renunciar ao mundo; a espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração; a espiritualidade é meditação.
A religião sonha com a glória e com o paraíso; a espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro; a espiritualidade vive no presente.
A religião enclausura nossa memória; a espiritualidade liberta nossa consciência.
A religião crê na vida eterna; a espiritualidade nos faz conscientes da vida eterna.
A religião promete para depois da morte; a espiritualidade é encontrar Deus em Nosso interior durante a vida.
Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual... Somos seres espirituais passando por uma experiência humana...”
Concordo com todos os itens elaborados pelo sábio padre, e poderia até enriquecer com mais um item que sinto que estou seguindo e que está muito mais ligado à espiritualidade do que à religião:
“A religião nos ensina a seguir um caminho estudado e predeterminado por outros; a espiritualidade nos ensina a seguir a voz da nossa Consciência onde se encontra instalada a Lei de Deus.”
Esta é bem parecida com o terceiro item do padre Teilhard de Chardin, mas tem um sentido mais pragmático.