Ampliei o meu conceito de Deus ao ler o livro “Urântia” no item que fala em “conhecer Deus por três fenômenos experimentais: o primeiro é a capacidade intelectual para conhecer Deus – a consciência de Deus. Hoje vejo com certa perplexidade o fato de existir pessoas inteligentes, críticas, bondosas, e mesmo assim, não adquiriram essa consciência de Deus. Tenho um amigo, desde a infância, e que sempre fortalecemos nossa amizade, apesar do pouco tempo que passamos juntos. Este amigo não aceita a existência de Deus e se mostra tão perplexo por eu ser crente, quanto eu perplexo por ele ser ateu. Eu tenho a sensação de segurança, de ser orientado a cada momento de minha vida, por saber que o meu Pai cuida de mim e torce para que eu não cometa tantos erros na vida. Mas, e o meu amigo? Eu não vejo ele desesperado, é uma pessoa serena, fraterna e justa. Mas, é órfão do mesmo Pai que me protege. Além de amigo, eu o considero como um irmão. Ele é o meu amigo, tem um comportamento fraterno comigo, mas não aceita o mesmo Pai que nos criou. Que situação!
Fico às vezes pensando... se por acaso eu estivesse, quando criança, viajando com minha mãe num cruzeiro marítimo, se houvesse um naufrágio e somente eu e minha mãe conseguíssemos alcançar uma ilha deserta. Nesta situação nós iriamos lutar pela sobrevivência até o dia que nos resgatassem. Se essa situação perdurasse durante 10 anos, vamos imaginar, onde somente a minha mãe fosse responsável por minha educação. Ela teria condições de me ensinar, vamos supor, dos 5 aos 15 anos de idade. Conseguiu me alfabetizar e ensinar aquilo que ela sabia, uma educação à nível de segundo grau. Mas não procurou falar da minha origem biológica.
Depois de passados os 10 anos nós éramos resgatados e começaria a ser indagado sobre a existência do meu pai. Como eu não havia sido educado sobre isso, seria muito provável eu negar peremptoriamente, pois no meu mundo racional só existia a figura da minha mãe e todo o universo que ela conseguiu transmitir para mim. Como a experiência dela com o meu pai não estava boa no momento do acidente que nos deixou isolado do mundo, era como se essa figura não fosse necessária, um mito.
Dessa forma, eu não podia acreditar que cada uma daquelas pessoas que me interrogavam, que cada uma delas tinha um pai, uma figura de amparo, proteção e encaminhamento na vida. Eu não poderia acreditar que existisse um ser que fosse capaz de colocar sementes ne ventre de outra pessoa e que a partir disso um filho nascesse. E que esse semeador fosse capaz de me orientar nas diversas circunstancias que a cada dia a vida traz para cada um, e que devemos fazer a opção mais adequada possível.
Eu passei a reconhecer e efemeridade do tempo de minha vida e então achei mais coerente a existência de um mundo transcendental onde existe a matriz da vida que emerge quando necessária no mundo material, sobre a batuta do Pai universal.
Terminei acreditando com toda a convicção na existência deste Pai transcendental, que tudo criou, que tudo mantém, sustenta e organiza até os dias atuais, mesmo que meus sentidos orgânicos não consigam identificar a Sua presença, mas o meu racional consegue vê-Lo em todos os aspectos da Natureza que Ele criou e se confunde com Ele. Da mesma forma que, aquele jovem, que nunca foi educado sobre a existência de um pai biológico, termina por se convencer, ao ver tantos filhos com seus pais biológicos... e por que somente ele deveria ser diferente?