Podemos observar nos debates políticos, as diversas correntes usarem o nome do Cristo como se o seu partido fosse o máximo em conduta cristã, e, portanto, tem o direito de ser o juiz e o carrasco de quem não pensa igual.
O Evangelho não é de direita, centro ou esquerda. O Evangelho é de Cristo. É certo que na condição de cristãos, podemos votar, apoiar, protestar e nos envolver com os sistemas sociais que apresentem afinidades com os valores do Evangelho. Não para protegermos nossas posições em um movimento de corporativismo religioso, mas por entendermos que o Evangelho e seus valores promovem a Verdade, a Liberdade e a Justiça, visto que não cega, mas aguça a nossa cidadania
O Evangelho não se conforma a sistemas sociais, pois representa a “vontade de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê, confia e segue a Sua vontade. Tentativas de igualar os valores do Evangelho aos sistemas sociais culturais, científicos, políticos ou partidários, resultaram em frustrações e distorções, pois não se consegue confinar os claríssimos raios do sol em frágeis caixinhas de papelão.
No início do século III os cristãos se encantaram com o apoio e os favores do imperador Constantino, associando o Evangelho ao império romano. A partir daí, deixou de haver as cruentas perseguições aos cristãos, culminando com os seus sacrifícios. Nos dias atuais o Evangelho tem sido comumente associado a estruturas culturais, linhas de pesquisas científicas e posicionamentos sociopolíticos. Nos últimos meses, ouvimos amplas discussões norte-americanas sobre os valores democratas de republicanos e aquilo que mais se assemelha ao Evangelho. Frente a essas posições, devemos lembrar que o Evangelho não se conforma com o mundo, mas o confronta, expõe, redime e julga.
O Evangelho não é de direita, centro ou esquerda. Não é ptista, psdebista, republicano ou democrata, comunista ou capitalista. Não é da zona norte ou sul, dos países ricos ou pobres. Não segue a escola positivista de Comte ou interpretativa de Geertz. O Evangelho tem origem divina, é um tipo de manifesto de Deus, que orienta ao mundo e mostra que existe uma lei maior da qual nenhum delinquente consegue escapar.
Sistemas sociais colaboram para que o homem compreenda a si mesmo e possam conviver civilizadamente, desenvolvendo padrões saudáveis de vida e de relacionamento, mas não mostra ao homem o caminho para a divindade. Muitas vezes faz o contrário, incentiva o caminhar pelas estradas do materialismo, do egoísmo, da selvageria, do usar o suor alheio em benefício próprio sem o menor senso de honradez, quanto mais de princípios divinos.
Podemos perceber as tentativas de associar o Evangelho aos sistemas sociais, nas diversas esferas do saber ou fazer humano. Mas precisamos de discernimento suficiente para perceber quando as lições do Cristo estiverem sendo usadas em benefício pessoal ou de determinados grupos, pois nesse caso não podemos acatar como Evangelho.
Devemos apoiar o que for bom e justo em nossa sociedade, bem como repudiar, protestar e boicotar aquilo que for degradante, imoral e corrosivo, mesmo que sejam apresentadas sob uma falsa etiqueta de justiça e solidariedade. Devemos ser argutos e observar o que existe por trás, sermos simples como as pombas e vigilantes como as serpentes.