Respeito muito o santo de Assis, São Francisco, fui a ele dedicado por minha família, devido a dificuldade do meu nascimento. Admiro a sua coragem e determinação em seguir literalmente o Evangelho, escolhendo a Sra. Pobreza como a dama com a qual deveria casar por toda a vida, segundo foi orientado pelos Evangelhos ao ser aberto por acaso. Adquiri também a firme intenção de fazer a vontade de Deus, conforme Ele colocou em minha consciência. Vejo que a minha missão é muito diferente daquela de Francisco e que até hoje inspira tanta gente. Poderia perguntar, se eu fui dedicado a ele, não seria lógico surgir na minha mente uma vocação parecida com a dele? E porque na minha mente é tão diferente os meus propósitos com respeito a vontade de Deus? Mas, na Bíblia Sagrada também está escrito que o primogênito, como eu, deve ser dedicado a Deus. Então, mesmo que eu tivesse passado por dificuldades ao nascer, que tivesse sido oferecido a São Francisco se escapasse da morte, esse contrato não pode ser superior aquele feito por Deus e registrado na Bíblia. Portanto, não é contra a lógica que Deus queira que eu faça algo diametralmente oposto o que São Francisco fazia. Ele evitava qualquer contato feminino e se abrigava na pobreza. Eu aceito qualquer contato feminino que o Pai viabiliza como forma de praticar o Amor Incondicional e a família ampliada que preconizará o Reino de Deus. Para tanto, não posso me dedicar à pobreza, pelo contrário, tenho que adquirir recursos matérias para mostrar que essa família universal deve funcionar, respeitando as leis da natureza na forma dos instintos e priorizando o trabalho como fonte dos recursos monetários que sustentará a família com dignidade, sem necessidade de pedir esmolas. A pobreza extrema de São Francisco, deve ceder lugar para a solidariedade e fraternidade com a força do trabalho justa que considere o esforço de cada um como diferencial para melhor condição de vida material e espiritual.
Mesmo assim, fiquei curioso e decidi fazer o teste que São Francisco fez para saber como agir dentro de sua missão: ele foi até o Evangelho e escolheu ao acaso um trecho que lhe desse essa indicação. Então, fui até o Novo Testamento e também pedi a Deus que orientasse a minha mão para a compreensão de qual caminho seguir com determinação e fidelidade para cumprir integralmente a sua vontade. Então, o trecho que foi por acaso escolhido estava em Lucas, 13:22-30.
Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava. Alguém lhe perguntou: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?”
Ele respondeu: “Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão. Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, ele responderá: digo-vos que não sei donde sois. Direis então: comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças. Ele, porém, vos dirá: não sei donde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora. Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus. Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos.
A mensagem fortalece a ideia de missão que tenho, segundo a vontade de Deus. Não fala da pobreza tão importante em Francisco. Fala do Reino de Deus, tão importante para mim. Fala dos ensinos de Jesus em aldeias e cidades; eu procuro ensinar nas comunidades e casas. Fala da porta estreita, e fiquei a imaginar... de que forma a porta estreita, que significa um caminho mais trabalhoso, espinhoso, em função de um ideal? Imagino que seja a decisão que tomei de falar sempre a Verdade, essa é a minha porta estreita. Isso implicou que o amor incondicional que eu estava começando a cumprir na aplicação do amor inclusivo, quando a Verdade chegasse a ouvidos, com pensamentos contrários, eu iria passar pela porta estreita do abandono pela minha família nuclear, o que acontece até hoje. Tenho que permanecer por esta porta estreita se quero participar do banquete do Reino de Deus, não posso fazer mal feito o Amor Incondicional, se eu já tenho consciência dele; seria considerado um malfeitor.
Não sei ainda se estou entre os primeiros ou últimos, isso somente o Mestre irá decidir no momento propício, se esse dia chegar. O que importa é a minha caminhada dentro desta trilha que já estou dentro dela, evitando os desvios que possam retardar a minha proximidade com o Pai.