Uma das lições mais importantes que o Mestre Jesus nos ofereceu foi que “A Verdade nos libertará”. Mas como encontrar essa Verdade no meio de tanta desfaçatez, tanta omissão, tanta mentira?... Acredito que devamos ter algumas características de personalidade e comportamento para irmos em busca dessa Verdade, pois muitas vezes ela pode ser contrária aos nossos interesses pessoais. Outro aspecto importante para os garimpeiros dessa Verdade, desde que sejam cristãos, que procurem seguir com honestidade e fidelidade os ensinamentos do Mestre Jesus, é o cuidado com o julgamento. O Mestre ensinou que o julgamento é tarefa do Pai e que a nossa tarefa essencial é amar incondicionalmente. Porém, como somos seres ainda muito frágeis no campo moral, que sofremos enorme influência das forças instintivas da matéria, de natureza egoísta, geralmente causamos relacionamentos fora da lei do Amor com prejuízos ao próximo, de forma direta ou indireta. É importante que consigamos identificar esses desníveis e procurar fazer a devida correção com mecanismos de prevenção para tal fato nocivo não voltar a acontecer. Por isso se torna necessário a criação de instituições de natureza policial e judicial para o bloqueio e a correção desses atos nocivos à saúde da coletividade. Nesse caso é importante que a função de julgar esteja presente, mesmo sabendo que essa é uma tarefa do Pai, e, por isso mesmo, os juízes devem estar cônscios da sua alta responsabilidade, pois estão bem próximos funcionalmente de Deus.
Agora, nós, simples cidadãos de uma determinada sociedade, como devemos nos comportar frente aos relacionamentos nocivos que trazem prejuízos a todos, de forma direta ou indireta? Já que não temos o dever de julgar e sim de amar... incondicionalmente? Este é o dilema que o cristão hoje enfrenta no atual contexto da sociedade brasileira. Relacionamentos nocivos foram praticados pela última administração do Estado brasileiro, a justiça já fez o devido julgamento de muitas dessas ações e já aplicou pena em muitos dos seus operadores. Essas informações são transmitidas para a opinião pública e ao lado delas os argumentos contraditórios de uma defesa que não conseguiu provar a inocência dos seus réus. Nós, cidadãos comuns, estamos dentro da opinião pública, e nos aliamos a uma dessas correntes. Como são posições contraditórias, iremos ver a sociedade dividida.
Nesse ponto, é importante que façamos uma reflexão. Porque a sociedade fica assim tão dividida? Por acaso as instituições que criamos não são competentes para julgar e punir? Se acontece o julgamento e punição, não devemos respeitar? Foi isso que observamos com comportamento acintosos de parlamentares que defendiam os réus condenados na Justiça pela prática criminosa do mensalão. Que pensar de uma pessoa dessas, que está cumprindo um mandato para defender os interesses do povo? Não vou dizer que é um criminoso igual aquele que foi condenando, porque eu iria assim estar julgando, que não é o meu papel. Por mais safado que uma pessoa dessas pareça ser, eu devo a amar... incondicionalmente, pois foi isso que o Mestre ensinou. Mas devo lembrar que o Mestre também ensinou que devemos amar ao pecador, mas não ao pecado. Os crimes que essas pessoas fazem ou apoiam não podem ser amados ou perdoados, como fazemos com os pecadores.
Este é o ponto crítico de nossa posição dentro de uma sociedade tomada pelo pecado da corrupção como acontece no Brasil. Não podemos fechar os olhos e dizer que este pecado não está acontecendo. Por mais que os criminosos tentem com benesses comprar as nossas consciências, o cristão não pode deixar isso acontecer, pois todo benefício recebido à custa do suor ou do sangue dos inocentes, cairá sobre a nossa consciência como a espada de Dâmocles que está hoje sobre a cabeça dos políticos e demais pessoas corruptas.