A cada dia temos mais informações de assaltos, de agressividade no lar, nos campos de futebol... cada dia temos a impressão que estamos vivendo na selva, sendo espreitado a todos momento pelas feras que procuram nos atacar.
Por outro lado, vivemos também em sociedade onde construímos leis para garantir os direitos plenos da cidadania. Todos somos convocados a viver em harmonia e para ajudar nessa forma de comportamento, temos a lei do desarmamento para evitar que num impulso emocional cometamos alguma reação fatal.
Nesse contexto, vivemos em dois ambientes simultaneamente: na selva e na civilização. Isso termina sendo útil para as feras, pois agem como tal e se beneficiam das leis dirigidas aos cidadãos. A reclamação é geral, principalmente na área policial: “Nós prendemos os bandidos e no outro dia a justiça solta. O bandido volta para as ruas disposto a fazer o mesmo, roubar, até matar, pois sabe que volta logo para o crime. E somos os principais alvos, pois somos aqueles que o persegue e tentamos prendê-lo”.
Realmente, a voz da polícia está correta e é quase unanimidade. Eles são alvos por estarem no posto de vigilância contra as ações deles, mas nós, que vivemos desarmados dentro e fora de casa, somos presas fáceis, somos observados para em qualquer descuido que tivermos sermos atacados pela matilha. Não podemos recorrer da justiça, pois se reagimos em legítima defesa, logo a fera exige os direitos da cidadania e o pobre cidadão é quem vai pagar o direito de reação, vendo a justiça enquadrar a fera como um cidadão que foi atacado por outro.
Esse é o exemplo que estamos vendo ao nosso redor a cada instante. Eu nunca andei armado nem tenho armas dentro de casa. Votei sim na campanha do desarmamento, mas hoje faço uma revisão do meu pensamento e penso em adquirir uma arma para não ser morto como uma ovelha, mesmo dentro de casa, sem poder para defender a minha vida e a vida de quem estiver sobre a minha segurança.
Sou cristão, defendo o direito da vida, mas defendo também o direito da minha própria vida. Afinal Jesus, o meu Mestre, ensinou que devemos amar ao próximo como a si mesmo. Então a minha referência de amor para poder amar ao próximo, sou eu mesmo. O bandido que se torna o meu próximo a quem eu devo amar, mas não deve chegar ao cúmulo de entregar a minha vida a ele sem defesa. Seria não cumprir a lição de Jesus que eu devo amar como a mim mesmo.
Tenho o amor ao próximo e até a uma fera, mas desde que ela esteja domesticada e não queira tirar a minha vida. Não quero ficar como acontecia nos circos romanos, com os primeiros cristãos indefesos, simplesmente correndo das garras dos leões e sendo inevitavelmente estraçalhados por eles. Se é uma fera e quer me destruir, e eu tenho possibilidade de estar armado para me defender, então eu me armarei e me defenderei. Acredito que o meu Mestre não me reprovaria por isso, mesmo sabendo que aquela fera está revestida por uma pele humana.