Hoje dia 21 de abril, se comemora o dia da Polícia Militar e Civil, lembrando o nome de Tiradentes, o mártir de nossa independência. Hoje esta homenagem presta justiça a uma classe de trabalhadores que termina sendo hostilizada pelas incoerências de nossa sociedade. Não é que uma parte podre da corporação, como existe em toda instituição humana, deva demonizar todos os trabalhadores desse setor, como podemos ver neste poema e texto que circula na internet:
Enquanto todos dormem
Enquanto todos dormem, eu estou em lugares inimagináveis, matagais intransponíveis, bueiros fétidos, casas abandonadas, entre outros lugares que alguém normal se recusaria ir.
Enquanto todos dormem, eu estou em alerta máximo, tentando, não apenas defender pessoas que nunca vi, nem mesmo conheço, mas também tentando sobreviver.
Enquanto todos dormem, no aconchego de suas casas, debaixo dos cobertores, eu estou nas ruas debaixo da forte chuva, com frio e cansado madrugada a dentro.
Enquanto todos dormem, eu estou travestido de herói, e mesmo não tendo superpoderes estou pronto para enfrentar o perigo, para desafiar a morte e quiçá sobreviver.
Enquanto todos dormem, estou dividido entre o medo da morte e a árdua missão de fazer segurança pública.
Enquanto todos dormem, eu sonho acordado com um futuro melhor, com o devido respeito, com um salário justo, com dias de paz, mas, principalmente com o momento de voltar para casa e de olhar minha esposa e filhos e dizer-lhes que foi difícil sobreviver a noite anterior, que foi cansativo e até frustrante, mas que estou de volta, e que tenho por eles o maior amor do mundo.
Esse texto eu dedico a todos os policiais que como eu só desejam voltar para casa vivo. (Alex Suzarte)
O Policial Militar Alex Oliveira Suzarte, que foi morto durante uma perseguição a dois assaltantes na madrugada do último sábado (21), escreveu um poema poucos meses antes de morrer relatando a rotina de ser policial. Intitulado de “Enquanto todos dormem”, o poema descreve algumas dificuldades enfrentadas pela vítima a cada turno do trabalho.
Enéias Suzarte da Silva Nelo, pai de Alex, afirmou em entrevista ao G1 que desconhecia o hábito do filho de escrever cartas e poemas e que soube do conteúdo da carta apenas durante o velório. “A gente não sabia dessa carta com esse poema. Ele escreveu e pediu para a esposa guardar sob a condição de que caso acontecesse algo com ele, a carta deveria ser lida para todos”, declarou. O pai do policial afirmou também que com a morte do filho, outras cartas e poemas surgiram. “Só a esposa sabia. Eu acabei de ler uma carta que ele falava de anjos e que, no final, dedicou aos quatro anjos da vida dele, que eram a mãe e os três filhos”, contou emocionado.
De acordo com a família, o poema foi escrito por Suzarte cerca de três meses antes de morrer. Em determinado trecho do poema, o policial fala sobre a morte. “Enquanto todos dormem, estou dividido entre o medo da morte e a árdua missão de fazer segurança pública”.
Em outro momento, Alex fala do futuro e da vontade de voltar para a família. “Enquanto todos dormem, eu sonho acordado com um futuro melhor, com o devido respeito, com um salário justo, com dias de paz, mas principalmente com o momento de voltar para casa e de olhar minha esposa e filhos e dizer-lhes que foi difícil sobreviver à noite anterior, que foi cansativo e até frustrante, mas que estou de volta, e que tenho por eles o maior amor do mundo”, diz o poema.
Eis um termômetro importante para verificar a condição de sanidade de nossa sociedade: a segurança pública. Os sentimentos deste soldado, que defendia junto com os colegas a nossa integridade física e financeira, é uma “tapa de luva em nossa cara”, na cara da sociedade que somos parte.
Temos que fazer alguma coisa positiva e propositiva, administração pública, justiça, academia, clero... A nossa sociedade está se diluindo com lobos espalhados por todos os locais, inclusive dentro das instituições com a prática perversa da corrupção, com a legislação em causa própria, com a ameaça àqueles que querem corrigir a atual situação.
Estamos vendo assim um verdadeiro campo de batalha à nossa frente e estamos dentro dele. Somos as ovelhas pacatas e ociosas, esperando que a justiça divina seja operada, sem entender que nós é quem temos que operar essa justiça divina enquanto estivermos aqui encarnados neste corpo tão cheio de egoísmo.
Lembremos que as inteligências associadas ao mal conseguem hipnotizar grande parte da população para não verem os seus crimes e até defenderem os criminosos. Não podemos deixar que nossa consciência se acomode ou que também seja hipnotizada. O nosso Mestre Jesus é o nosso comandante nessa batalha e espera que cada um de nós cumpra o dever que lhe cabe, mesmo com o sacrifício da própria vida, como aconteceu com o valente soldado que tornou-se mais um mártir justificando Tiradentes.