Existem dados que se articulam dentro de uma certa narrativa de forma muito racional, coerente. É o que encontramos na narrativa de que o Brasil está indicado para ser “o coração do mundo e a pátria do Evangelho”, de ter a missão ou vocação, o destino de ser um celeiro de ideias da espiritualidade maior. Como isso desperta a atenção aqui no mundo material, mas principalmente na dimensão espiritual, é coerente que os Principados e Potestades do mal, que ainda dominam numericamente a Terra, tenha interesse em anular esse propósito e deixe a Terra sem condições de candidatar-se a tão importante destino, como aconteceu na França, que antes era o país mais importante candidato. Por esse motivo o Brasil fica sob o ataque de forças espirituais da maldade.
Uma entrevista realizada por Ana Elizabeth para a revista digital “O Tempo”, aborda esse assunto com o médium Robson Pinheiro. Por ele ter lançado o livro “O Partido”, que trata do tema de que a obsessão vem atingindo o mais alto grau de requinte e crueldade no Brasil e quer acometer a sociedade inteira:
E – “O Partido” tem prefácio atribuído ao ex-presidente Tancredo Neves?
RP – Essa mensagem foi psicografada em 04-08-2015 e publicada nas redes sociais da editora Casa dos Espíritos dias depois. O espírito do ex-presidente eleito fala do momento grave pelo qual passa o Brasil, aborda a ausência de lideranças políticas à altura dos desafios que o país enfrenta, concita os cidadãos a tomar parte ao defender as conquistas de liberdade e democracia que foram duramente alcançadas ao longo da história brasileira. Já na mensagem ele também menciona a tese que, mais tarde, o espírito de Ângelo Inácio desenvolveria em “O Partido”: a de que o país está sob um grande ataque das sombras, das “forças espirituais da maldade” (Ef 6:12), para usar o termo de Paulo de Tarso, e padece de uma obsessão coletiva em larga escala.
E – No livro, o espírito de Ângelo Inácio sustenta que a atual situação política é fruto da atuação de magos negros e inteligência das trevas. Como isso acontece?
RP – O autor espiritual conta que, em meados do século XX, na baía de Guantánamo, na ilha de Cuba, ocorreu uma reunião entre magos negros e seus especialistas. Esse grupo, que forma uma liga de 21 inteligências sombrias do mais alto gabarito, os magos negros – espíritos que não reencarnam há séculos e milênios, grandes iniciados do passado remoto, nos templos da Pérsia, da Babilônia, do Egito, entre outros lugares devotados à pratica do mal e ao combate contra a política do Cordeiro -, estabelece um plano para dominar a América Latina e o Caribe. Objetivam em controlar esse território valendo-se, em síntese, de políticas populistas, portanto de grande apelo popular, e miram principalmente o maior país em população, força econômica e capacidade de influência na região, o Brasil. A motivação dos espíritos rebeldes também se deve à tese – difundida por outros médiuns, entre eles o próprio Chico Xavier, no livro “Brasil: Coração do Mundo e Pátria do Evangelho” – de que o Brasil tem uma espécie de missão ou vocação, o destino de ser um celeiro de ideias da espiritualidade, desempenhando um papel de destaque ao difundir ideais de fraternidade no cenário internacional. Embora essa obra do grande médium mineiro enfrente alguma controvérsia mesmo nas fileiras espíritas, a tese que exprime é tão consensual, mesmo entre espíritos opositores da política do Cordeiro, que eles resolvem, na reunião narrada já no capítulo 1 de “O Partido”, engendrar estratégias para frustrar tal futuro, comprometendo a ordem, a estabilidade econômica e a saúde espiritual da nação brasileira.
E – De que forma eles atuam?
RP – O livro narra as estratégias adotadas pelos espíritos das sombras. Primeiramente, recrutam espíritos ligados a graves conflitos do século XX, políticos e lideranças revolucionárias, como Rosa Luxemburgo e Lênin, ou tiranos, como Mussolini, entre outros, que, após suas mortes, foram transferidos do continente europeu para a América do Sul e reencarnaram muito brevemente após as existências em que provocaram grandes conflitos a que o mundo assistiu. Em segundo lugar, os magos aliam-se a cientistas das sombras e amplificam as ondas de seu pensamento hipnotizador por meio de equipamentos de tecnologia. Usam também recursos de marketing político e procuram vender um discurso, que se mostra falso, de valorização do pobre, algo extremamente daninho e autoritário, mas cujo verniz de bondade e altruísmo é capaz de seduzir muitos, sobretudo ingênuos e bem-intencionados, mesmo em meio a espiritualistas.
E – Enfim, corrupção, desvios de verba pública e todas as mazelas que estão vindo à tona têm um dedo das forças do mal?
RP – É sem dúvida que têm. Do contrário, teriam um impulso das forças do bem, por acaso? Das forças que querem ver o bem do povo brasileiro, o progresso da nação? A desonestidade, a desonra, a usurpação dos recursos públicos paras fins privados são práticas absolutamente antagônicas aos valores do Cristo, que prescreveu e exemplificou a generosidade, o serviço ao próximo, a lisura e a correção de princípios. Ele condenou os poderosos da época, denunciou sua hipocrisia, expôs seu mau-caratismo e falou como a justiça divina que os condenava (Mt 23).
E – Como as falanges do bem ancoradas pelo arcanjo Miguel têm atuado para mudar essa situação?
RP – Se não fosse pela atuação dos espíritos comprometidos com a ordem e a justiça – de fato, representantes de Miguel, o príncipe dos exércitos celestes (Dn 12:1) -, já há muito os destinos da nação e do continente teriam sido selados, aliás, o próprio Miguel intervém, a certa altura do livro, em cena passada na cidade de Curitiba. Em aliança com os exus, que são a força policial mais terra a terra, ligados às questões cotidianas e à ordem pública, os guardiões superiores zelam pelos movimentos de massas ocorridos nos últimos anos, interferem diretamente no Congresso Nacional. Também auxiliam espíritos comprometidos com a história e a política brasileira, almas do passado que, tendo ou não se equivocado na época, querem o bem do Brasil e são capazes de auxiliar por conhecerem a natureza dos desafios na arena política. Visconde de Mauá, Tancredo Neves e Juscelino Kubitschek são alguns dos espíritos personagens do livro.
E – Somos os artífices do nosso destino. O que cada cidadão pode fazer a fim de contribuir para o restabelecimento da ordem divina na Terra?
RP – Não há guia melhor do que seguir as recomendações e a conduta moral preconizada por Jesus no Evangelho. Não tanto o Cristo idealizado pelas religiões, mas Jesus, o homem de Nazaré. Em outras palavras, e como reiteram os guardiões ao longo da obra, sem o envolvimento dos cidadãos com a realidade do país ou do planeta, sem uma conduta que honre valores nobres e posturas éticas, os espíritos do bem encontram severas limitações; o futuro será o resultado da ação e das escolhas dos homens.
Estas são informações úteis para ampliar a nossa compreensão sobre o mundo espiritual e o quanto ele influencia em nossas ações na dimensão espiritual. Sei que muitos não acreditam nessas narrativas, inclusive a Federação Espírita onde não vejo nenhum dos livros desse autor. Mas vejo dentro deles uma boa coerência, tirando alguns aspectos que deixo sob condição de melhor análise em outro momento.