Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
07/05/2017 01h13
DETERMINAÇÕES DE JESUS A SÃO LONGUINHO

            Após São Longuinho (Longinus) aceitar a indicação feita por Jesus, a pedido de Ismael, de administrar o Brasil no papel de Dom Pedro II, o segundo imperador do país, ouviu do Mestre as seguintes determinações:

            Essa missão se for bem cumprida por ti, constituirá a tua última romagem pelo planeta escuro da dor e do esquecimento. A tua tarefa será daquelas que requerem o máximo de renúncias e devotamentos. Serás imperador do Brasil, até que ele atinja a sua perfeita maioridade, como nação. Concentrarás o poder e a autoridade para beneficiar a todos os seus filhos. Não é preciso encarecer aos teus olhos a delicadeza e sublimidade desse mandato, porque os reis terrestres, quando bem compenetrados das suas elevadas obrigações diante das leis divinas, sentem nas suas efêmeras responsabilidades um peso maior que o das algemas dos prisioneiros. A autoridade, como a riqueza, é um patrimônio terrível para os espíritos dos seus grandes deveres. Dos teus esforços se exigirá de meio século de lutas e dedicações permanentes. Inspirarei as tuas atividades, mas, considera sempre a responsabilidade que permanecerá nas tuas mãos. Ampara os fracos e os desvalidos, corrige as leis despóticas e inaugura um novo período de progresso moral para o povo das terras do Cruzeiro. Institui por toda parte do continente, o regime do respeito e da paz, e lembra-te da prudência e da fraternidade que deverá manter o país nas suas relações com as nacionalidades vizinhas. Nas lutas internacionais, guarda a tua espada na bainha e espera o pronunciamento da minha justiça, que surgirá sempre, no momento oportuno. Fisicamente consideradas, todas as nações constituem o patrimônio comum da humanidade e, se algum dia for o Brasil menosprezado, saberei providenciar para que sejam devidamente restabelecidos os princípios da justiça e da fraternidade universal. Procura aliviar os padecimentos daqueles que sofrem nos martírios do cativeiro, cuja abolição se verificará nos últimos tempos do teu reinado. Tuas lides terminarão ao fim deste século (19), e não deves a gratidão dos teus contemporâneos; ao fim delas, serás alijado da tua posição por aqueles mesmos a quem proporcionares os elementos de cultura e liberdade. As mãos aduladoras, que buscarem a proteção das tuas, voltarão aos teus palácios transitórios, para assinar o decreto da tua expulsão do solo abençoado, onde semearás o respeito e a honra, o amor e o dever, com lágrimas redentoras dos teus sacrifícios. Contudo, amparar-te-ei o coração nos angustiosos transes do teu último resgate, no planeta das sombras. Nos dias da amargura final, minha luz descerá sobre os teus cabelos brancos, santificando a tua morte. Conserva as tuas esperanças na minha misericórdia, porque se observares as minhas recomendações, não cairá uma gota de sangue no instante amargo em que experimentares o teu coração igualmente trespassado pelo gládio da ingratidão. A posteridade, porém, saberá descobrir as marcas dos teus passos na Terra, para se firmar no roteiro da paz e da missão evangélica do Brasil.

            Longinus recebeu com humildade a designação de Jesus, implorando o socorro de suas inspirações divinas para a grande tarefa do trono.

            Ele nasceria no ramo enfermo da família dos Bragança. No dia 2 de dezembro de 1825, no Rio de Janeiro, nascia de Dona Leopoldina, esposa de D. Pedro, aquele que seria no Brasil o grande imperador e que, na expressão dos seus próprios adversários, seria “o maior de todos os republicanos de sua pátria.”

            No fim da sua vida, D. Pedro II, que já houvera perdido a esposa, que estava abandonado, esquecido, num modesto quarto de hotel, longe da pátria e dos amigos que foram protegidos pelo boníssimo monarca. Mas tudo isso não conseguia “turvar-lhe a majestática serenidade de ânimo” e apenas levou-o a mandar buscar do Brasil um caixotinho de terra, talvez da mesma terra da sua vivenda em Petrópolis. Só a uns dois ou três amigos íntimos revelou o motivo daquela encomenda, que era: repousar a cabeça depois de morto! Sendo este o conteúdo do seu belo e perfeito soneto:

 

TERRA DO BRASIL

Espavorida agita-se a criança,

De noturnos fantasmas com receio,

Mas se abrigo lhe dá materno seio,

Fecha os doridos olhos e descansa.

 

Perdida é para mim toda a esperança

De volver ao Brasil; de lá me veio

Um pugilo de terra; e nesse creio

Brando será meu sono e sem tardança

 

Qual o infante a dormir em peito amigo,

Tristes sombras varrendo da memória,

Ó doce Pátria, sonharei contigo!

 

E entre visões de paz, de luz, de glória,

Sereno aguardarei no meu jazigo

A justiça de Deus na voz da história!

 

            Assim cumpriu o nobre Imperador as determinações do Cristo. Apesar de pouquíssimos saberem dessa história, que deveria estar registrado no mármore de nossos corações, a verdade sempre um dia surgirá e a redenção dos nobres acontecerá e a punição dos falsos, hipócritas e egoístas ficará a cargo de Deus.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/05/2017 às 01h13