O amadurecimento psicológico reflete a conquista do Si, a harmonia do Eu profundo e a compreensão do divino e do humano. A falta do auto descobrimento gera estados de instabilidade, de desventura conduzindo a enfermidades emocionais que são projetadas, reaparecendo na área orgânica. Nas pessoas que já alcançaram o amadurecimento psicológico, a conduta permanece sem surpresas, porque há uma interação da sua vivência interior com a exterior.
O programa de conquistas que devemos empreender para amadurecer está associado com a inconsciência no sono, com a consciência no ego e com a lucidez do espírito. A lucidez espiritual é uma consequência necessária da autoridade moral e do equilíbrio. Só quem tem uma vida reta e um sentimento equilibrado é capaz de enxergar além da matéria e encontrar soluções adequadas para os problemas mais imprevistos. Com ela, conhecemos de fato quem o outro é, sabemos analisar suas tendências, perceber seus impulsos e sentimentos e dar a orientação certa no momento oportuno e de maneira adequada.
Os insucessos psicológicos levam a saudosismos com inquietações e incertezas. Precisa da adaptação do Ego e da readaptação do Espírito. O Ego diz: “uma vez que tudo esteja no seu devido lugar vou experimentar a paz”; o Espírito diz: “Uma vez que eu experimente a paz tudo vai estar em seu devido lugar”.
A pessoa imatura tem desconhecimento do seu potencial, não sabe que pode usá-lo para suas realizações e se tornam seres inábeis, imaturos. Entra em cena a luta do Ego para a compensação, na forma de paixões, vícios e imposições. Outras vezes a imaturidade psicológica reage pela forma de violência, de agressividade, decorrentes dos caprichos infantis que a vida, no relacionamento social, não pode atender.
Para a conquista do si, deve se construir empreendimentos significantes dentro dos condicionamentos, eliminar os ruins, manter os bons e assimilar os novos. Tem que se fazer esforço e decisão para saber o que se tem e alcançar o que se quer. Tudo que serve para corrigir, educar e construir nasce primeiramente no esforço da vontade unida à decisão.
Não devemos esquecer que a nossa herança atávica está na nossa história antropológica e nos instintos. É preciso quebrar nossas amarras ancestrais e libertar o Eu adormecido. É preciso fazer a análise e avaliação de conteúdos, escolher os imprescindíveis à vitória, evitar os aflitivos, disciplinar a mente e a vontade, marchar para a unidade físico-psíquico-social e cósmica. Nessa evolução o Si se desenvolve e o Ego se desagrega.
No centro da consciência está o “Eu” ou “Ego” organizam a mente por meio das percepções conscientes, pensamentos, sentimentos e recordações. Eles têm a função de vigiar a consciência, filtrando as experiências do dia-a-dia, selecionando quais se tornarão conscientes e eliminado a maior parte delas, o primeiro como expressão do espírito, e o segundo como expressão do corpo. Como consequência desta seleção e eliminação, que será comandada pela função psíquica dominante, o “Eu” ou “Ego” dão identidade e coerência à personalidade, mesmo que cada um tenham objetivos diferentes. O “Ego” contém tudo aquilo que o sujeito sabe de si mesmo nesta atual vivência, ou seja, todas as características do seu modo de ser que ele aceita, porque estão de acordo com os princípios, os ideais e os valores do contexto social que o próprio sujeito se reconhece. O “Eu” é entendido também como a função mediadora entre a consciência e o inconsciente e entre o individual e o coletivo, entre os interesses do “Ego” e as necessidades evolutivas do espírito.
O Ego como uma criação de Deus não deixa de tem suas finalidades e funções. Na primeira fase de vida, o Ego tem a obrigação de preserva a vida do indivíduo, de perceber a gratificação do prazer e o cumprimento das necessidades fisiológicas. Na segunda fase de vida é que mora o perigo, onde pode haver a fixação com comportamento egoísta prejudicando os terceiros, com constrição das ações do Eu, se tornando o algoz das pretensões espirituais.
Assim, o Ego se torna o responsável pela identidade egoísta, que, segundo Albert Einstein, era uma ilusão de ótica da consciência. No primeiro estágio durante a infância estaria identificada com os objetos. No segundo estágio, na fase de crescimento, há identificação com outros elementos e papéis como raça, religião, profissão, mãe, pai, marido, esposa, etc. O último estágio acontece a identificação com o pensamento, a ilusão de encontrar todas as respostas por meio do racional.
O campo de batalha dessas duas instâncias é a consciência com suas poucas virtudes e muitos vícios. Mas, felizmente, sabemos que podem haver as sucessivas batalhas até a vitória definitiva da virtudes e o alcance da pureza espiritual.
Na libertação do Eu espiritual das amarras do Ego corporal, há um desapego dos desejos e controle das paixões. Para fazer isso tem que eliminar todos os obstáculos à sua passagem, mesmo que se sinta em parte preso às amarras instintivas. Mas, a vida conquista nisso, um esforço no sentido da liberdade, das prisões que nos amarram com barras sólidas de prazer.