Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
02/06/2017 05h09
FALTA UMA ASSINATURA?

            A internet cada vez mais representa um forte apoio para a nossa opinião mútua, enquanto eu escrevo algo que sintoniza com o pensamento de várias pessoas, o oposto acontece, várias pessoas podem escrever e que podem sintonizar com o meu pensamento. Foi o que aconteceu com o texto feito por José Paulo Cavalcanti filho, classificado como um excelente texto, reflexão de um talento pernambucano, conforme está registrado numa mensagem que li pelo whatsapp e que agora reproduzo na íntegra:

            FALTA UMA ASSINATURA?

            Lula é réu, a partir desta segunda, pela sexta vez. Hexa não é mais luxo. Agora, por conta do Sítio de Atibaia. Sua defesa, como no caso do Triplex, é que os móveis não são dele. Nada assinou. Nenhuma promessa de compra e venda. Nenhuma escritura. Um argumento que faz lembrar David Irving, ao sustentar não haver provas da existência das câmaras de gás. Do próprio holocausto. E das responsabilidades de Hitler, nesses episódios. A historiadora americana Débora Lipstadt disse que o britânico usava dados falsos. Irving processou Lipstadt. E perdeu. Acaba de ser lançado em Paris, “Le Procès du Siècle”. Contando a história desse processo. Um filme de Mick Jackson, inspirado no livro de Lipstadt “My Day in Court with a Holocaust Denier”.

                Em essência, Irving como outros historiadores, sustenta não se poder provar seja Hitler responsável pelo que aconteceu aos judeus. Dado por não haver memorandos, nem testemunhas, confirmando isso. Sobretudo, porque jamais assinou qualquer papel com autorização para tantas mortes.

            Segundo ele, sem assinatura não há prova. Lá, como cá. Naquele tempo, como hoje. Principal operador nessa política de extermínio foi Adolf Eichmann. Na Gestapo, era diretor de “Assuntos referentes aos Judeus”.

            Segundo os defensores dessa tese, teria agido sem conhecimento do Fuhrer. Em livro autobiográfico (“Ich: Adolf Eichmann”). Eichmann confessa: me disseram, em conversa, que o Fuhrer (Hitler) havia ordenado a destruição física do oponente judeu. O escritor Willem Sassen confirma isso: Eichmann não pediu ordem escrita. O desejo de Hitler, expresso através de Himmler (“Comandante militar das SS”) e Heydrich (“Chefe do Gabinete Central de Segurança do Reich”), era bom o suficiente para ele. Mais tarde, quando a derrota lhe parecia inevitável, Hitler começou a eliminar provas, ou mesmo indícios, que o ligassem ao genocídio. Obstrução da Justiça, hoje se diria. Assim aconteceu quando os SS abandonaram Auschwitz-Birkenau. Destruindo não apenas documentos, como o próprio edifício em que funcionavam as câmaras de gás. Destruíram, igualmente, os campos de extermínio de Treblinka, Sobibor, Belzec e Chelmmo. Como, também, tentaram eliminar evidências físicas de seus crimes. Cem mil corpos foram retirados de valas comuns por tratores, após o que acabaram esmagados e queimados; sendo, já reduzidos a cinzas, devolvidos à terra em fazendas rurais.

            Resumindo: a pergunta é se a ausência de um documento, assinado por Hitler, seria suficiente para negar ter sido ele responsável pelo Holocausto. No fundo, ignorando o fato de que processos penais quase nunca exigem provas tão evidentes como fotos, vídeos, assinaturas. No caso dos campos de concentração, por sorte, alguns documentos surgiram depois. Mas, basicamente, temos depoimentos dos sobreviventes. Sem nada em comum, entre eles. Como nas delações premiadas de agora. O que nos leva a questão básica de saber se, ausente uma assinatura, depoimentos ou documentos assim valeriam, como prova, para condenar alguém.

            Seria cômodo, para Hitler, reduzir o problema a uma só questão de assinaturas. Problema, contra ele, é não ser crível que algo assim tão enorme pudesse ter ocorrido longe de seus olhos. Ou de seu comando. Sem conhecimento, e consentimento, da autoridade maior. Do chefe. Coincidências... Por isso, perante o julgamento da história, só resta negar. Por a culpa em outros, se possíveis mortos. E dizer não.

            Essa história de um passado recente, se parece muito com a nossa história atual.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/06/2017 às 05h09