Os obstáculos que encontramos pelo caminho são motivos para o desequilíbrio de nossas emoções. O trabalho incessante na luta pela sobrevivência, a sede de conforto para o repouso do corpo, a ânsia de prazer para justificar a existência e a procura de metas injustificadas, como a fama e a fortuna, são todos exemplos desses obstáculos que emergem na consciência e por eles podemos ficar desequilibrados. São sintomas dos desequilíbrios emocionais, a ansiedade e perda da produtividade, a defensidade e busca de culpados para nossos erros, sentimento de menos valia e de impotência, emoções exageradas na alegria ou na dor, depressão e melancolia.
Podemos observar que a meta da grande maioria dos seres humanos é de viver bem, atendendo os desejos e apelos da moda; fazem concessões rápidas ao corpo, como o uso de drogas lícitas e ilícitas; e em função disso há todo um empenho na busca ávida do prazer. Temos como exemplo dessa situação tanto o alpinista que gasta muita energia para alcançar a fama de ter conquistado o topo da montanha, da mesma forma que o alpinista social que vai subindo na hierarquia pisando sobre qualquer pessoa que atravesse em seu caminho.
Essa situação egoísta é alimentada desde a escola, onde a educação é dirigida para o triunfo fácil, onde se pode antegozar o sabor da vitória em conluio social; a instrução é voltada exclusivamente para o vencer, sem qualquer tipo de escrúpulo nessa escalada, mesmo que na teoria possam ser veiculados através de temas éticos.
O espírito é considerado dentro da cultura atual apenas um enigma a mais, ninguém imagina que ele deveria ser o foco de uma educação salutar voltada para a evolução moral, com a máxima prioridade. Uma educação que deveria ser feita sem viés ideológico, dirigida para apresentar ao aluno o conhecimento da Verdade tal como ela é, e a partir daí a pessoa possa tirar suas conclusões; que possa estudar a essência da dor humana; que seja capaz de fazer a renovação do íntimo, retirando das entranhas as forças que estejam fora de sintonia com o Amor Incondicional; procurar sempre vencer a sombra da ignorância, mesmo que a Verdade esteja sendo veiculada por aqueles que considera adversários do seu pensamento; focar na vitória sobre si mesmo, e não na vitória sobre o adversário. Conseguindo seguir essas instruções, a pessoa vai construindo em torno de si a serenidade necessária para a paz do espírito.
A Serenidade está presente no espírito bem ordenado para o Bem, que desenvolveu uma tranquilidade interior. Tudo isso nasce de uma educação disciplinada, do exercício do dever, de uma instrução esclarecida, e de um conhecimento ampliado. Devemos lembrar as palavras de Marco Aurélio: “Sejamos como o penhasco contra o qual as ondas batem. Permaneça firme e domine a fúria da água ao redor.”
Existem crenças errôneas que dificultam o alcance da Serenidade, como entender que é necessário conforto, independência econômica, estabilidade conjugal, saúde, falta de problemas e silêncio. Tudo isso pode ser importante, mas não é suficiente por si só para sustentar um estado de Serenidade no âmago do ser. Emanuel ensinava que: “Irmão, tenha fé e perseverança que Deus te auxiliará e protegerá. Sintonize as forças positivas através da oração e do trabalho no Bem. Procure se melhorar a cada dia e, então, encontrarás a paz e a harmonia necessária ao teu bem estar moral. Com fé, paciência e coragem encontrarás o caminho da luz e da Serenidade.”
Ao nosso redor está toda a beleza de Deus, basta termos olhos de ver um simples raio de sol, uma estrela que brilha, o colorido das flores; ou ouvidos para ouvir o sorriso de uma criança, a chuva no telhado, o farfalhar das folhas. Tudo mostra o poder e a beleza do Pai e só depende de nossa disposição para usar os recursos biológicos e psicológicos que Ele nos deu.
No Evangelho escrito por Mateus temos uma lição dada por Jesus para nos trazer Serenidade. “Não vos afadigueis por possuir ouro ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos. Não prepareis saco para a viagem, nem calçados, nem cajados, porquanto aquele que trabalha merece ser sustentado. Ao entrardes em qualquer cidade ou aldeia, procurai saber quem é digno de vos hospedar e ficai na sua casa até que partais de novo. Entrando na casa saudai-a assim: que a paz esteja nesta casa. Se a casa for digna disso, a vossa paz virá sobre ela, se não o for, a vossa paz voltará para vós. Quando alguém não vos queira receber, nem escutar, sacudi, ao sairdes dessa casa ou cidade, a poeira dos vossos pés. Digo-vos em verdade, no dia do juízo, Sodoma e Gomorra serão tratadas menos rigorosamente do que essa cidade.”
Sei que é difícil aplicar essa lição, pois fomos acostumados desde a infância a cuidar dos nossos interesses imediatos, e não esperar a graça de Deus sobre o nosso trabalho edificante. Mas acredito que, à medida que formos evoluindo no estudo e aplicações das lições do Mestre, isso irá ficando mais natural dentro do nosso comportamento. Afinal o Reino de Deus é feito como se edifica um prédio, tijolo por tijolo com a argamassa do cimento. O Reino, iremos edificar coração por coração, com a argamassa dos relacionamentos afetivos.
Nos momentos de dificuldades, lembremos da Serenidade do Mestre Jesus, que cumpriu Sua missão sem companheiros que se identificassem com Sua mensagem de Amor, mas manteve sempre a Serenidade, abençoando os infelizes, amando os algozes. Demonstrou que a Serenidade com paz íntima é conquista do espírito, independente dos apelos do mundo.